Sessenta caixas-iscas serão instaladas em diferentes pontos de Venâncio Aires, nesta semana, com o objetivo de oferecer alojamento para abelhas. A ação, realizada em parceria pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Corpo de Bombeiros e Associação dos Apicultores de Venâncio Aires (AVA), busca reduzir o número de enxames em residências, locais com circulação de pessoas e estabelecimentos comerciais, sem que haja extermínio dos insetos, que têm um papel importante no equilíbrio ambiental e na produção de alimentos.
Desde o início do ano, em torno de 70 ocorrências de enxames de abelhas ou marimbondos foram recebidas pelo Corpo de Bombeiros. Destas, cerca de 38 foram atendidas pela guarnição, que prioriza casos de difícil acesso e situações mais graves, quando os insetos estão atacando ou oferecem risco à população.
Em geral, entretanto, a retirada é realizada por apicultores. “Neste ano, percebemos que não houve queda no número de ocorrências. Geralmente dava uma parada entre maio e agosto, mas neste ano foi contínuo”, comenta o sargento Luimar Flores Braveiro, do Corpo de Bombeiros.
Com a chegada da primavera, a tendência é de que sejam ainda mais frequente os enxames voando pela cidade. “Até março, ocorre o período de perpetuação da espécie. A rainha velha sai e a nova fica, e os enxames se dividem e procuram espaço para se alojar”, comenta o presidente da AVA, Luciano Quintana Carvalho.
Adquiridas pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente, as caixas-iscas devem garantir opções de alojamento às abelhas que procuram uma nova ‘casa’. Elas serão periodicamente retiradas por apicultores e levadas para suas propriedades. “As caixas funcionarão como iscas para as abelhas, para impedir que se instalem em outros locais. É uma forma de facilitar o trabalho de retirada e proteger as abelhas”, afirma a fiscal do Meio Ambiente Carin Gomes.
O sargento Luimar Flores Braveiro reitera que a ideia é, cada vez mais, trabalhar de forma preventiva. “Não podemos exterminar as abelhas, pois se trata de um crime ambiental”, esclarece. Para além da produção de mel, as abelhas têm papel fundamental para a polinização das plantas.
A bióloga Daiane Padilha Oliveira Haas, da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, explica que, ao irem até uma flor coletar o néctar, elas acabam levando consigo o pólen, que fica junto ao corpo. “Quando visitam outra flor, levam junto esse pólen e fecundam a flor, o que dá origem ao fruto e à semente. As abelhas fazem o cruzamento de muitas espécies de plantas”, destaca.
Como proceder
– Em casos de enxames de abelhas ou marimbondos em uma residência ou estabelecimento, a orientação é acionar o Corpo de Bombeiros. Conforme a situação, a retirada será repassada aos apicultores.
– Em situações de risco, os bombeiros realizam o isolamento da área, para a retirada do enxame, geralmente feito à tardinha.
– Independentemente do caso, a orientação é para que não se mexa no enxame, para não provocar as abelhas.
– Segundo o sargento Luimar Flores Braveiro, em geral, as abelhas não atacam se não forem atacadas.
Engajamento coletivo
A implantação de caixas-iscas foi definida a partir de reuniões de representantes do Corpo de Bombeiros e integrantes da AVA, e levada à Secretaria de Meio Ambiente. O assunto também foi abordado em reunião do Conselho Municipal de Meio Ambiente, que autorizou a compra das caixas-iscas.
Para a presidente do conselho, Norma Barden, paralalemente à ação, é importante sensibilizar a população sobre o papel das abelhas, para que elas não sejam exterminadas. “Se temos abelhas no município, esse é um bom sinal, mostra que teremos produção de alimentos por muito tempo. É um risco muito grande não ter abelhas. Há países, inclusive, que já não tem e precisam importá-las”, observa.