O Departamento de Trânsito do Rio Grande do Sul (Detran-RS) apresentou estatísticas da frota de veículos no estado em 2021. Segundo os dados, em Venâncio Aires houve crescimento de 35% na última década. Entre 2012 e 2021, foram mais de 13 mil automóveis que entraram em circulação – alcançando a marca de 50.382 no ano passado.
De acordo com Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população estimada da cidade em 2021 foi de 72.373, um aumento de 6.427 pessoas em relação ao Censo Demográfico de 2010. Dessa forma, o município conta com um incremento da frota em relação à população: há um veículo a cada 1,43 habitante em Venâncio Aires.
Segundo o sargento Jair Garcia, coordenador do Departamento Municipal de Trânsito, a questão é complexa. “Se colocar o número de veículos por habitantes e retirar as pessoas idosas que não dirigem, além daquelas que ainda não têm idade para tirar a habilitação, acaba sendo quase um veículo por habitante. Temos o desconto dos proprietários que moram no interior ou registraram os veículos em Venâncio e residem em cidades vizinhas”, destaca.
Para o economista Carlos Giasson, o aumento está acima da realidade nacional. “Me soa estranho. Se olharmos a indústria automobilística nos últimos tempos, o que observamos é uma queda na produção, por diversos fatores. Tivemos, por exemplo, a questão da falta de chips semicondutores para a produção de veículos. Desde 2020, a indústria vem sofrendo com falta de matéria-prima para determinadas peças”, pontua.
As estatísticas podem ter várias explicações, avalia Giasson. “O aumento pode estar calcado no comércio de veículos seminovos, o aumento da população do município, migração de pessoas ou ampliação nas ofertas de trabalho. Varia de uma cidade para outra”, diz.
Impacto na circulação
Jair Garcia ressalta que houve um impacto na circulação nas vias, tanto para veículos, quanto para pedestres e ciclistas, pois o trafego é constante em determinados horários, pela peculiaridade dos bairros da cidade, o que acaba deixando o trânsito centralizado. “Principalmente no Santa Tecla, na General Osório, a Armando Ruschel com o Bela Vista, o Acesso Grão-Pará, entre outros. Os pontos conflitantes são todos juntos. As mudanças que iniciamos foram as melhorias nas pinturas, a troca de sinalização, que já está aprovada. Também adquirimos placas essenciais”, informa.
Em relação a mudanças, o coordenador aponta algumas necessidades. “Estão em estudo alterações na rua 15 de novembro e nos seus acessos. Para evitar o fluxo, principalmente em relação ao Distrito Industrial”, enfatiza.
Garcia complementa que a cidade foi planejada há anos e não houve alteração desde então, principalmente com relação ao tamanho das ruas, ao contrário dos bairros, que tiveram um planejamento mais preparado para o futuro, com avenidas mais largas e sinalização bem organizada.
Educação no trânsito
O sargento Garcia lembra a importância de educar os condutores de veículos, os pedestres e os ciclistas. “Procuramos sempre realizar as fiscalizações, as famosas blitze de trânsito, com foco em reeducar o condutor, alertar sobre as infrações e os riscos. É um fator determinante. As autuações acabam sendo naturais”, acrescenta.
De acordo com ele, a relação do aumento da frota com a quantidade de acidentes não chega a ser surpreendente. “O número de acidentes é insignificante em relação à quantidade de veículos na cidade. Foram 284 acidentes em 2021, com danos materiais, que são os que cabem ao Departamento de Trânsito atender. Os demais acidentes cabem à Brigada Militar”.
Realidade nacional
- Os dados divulgados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) mostram que, apesar da crise global de semicondutores, a indústria automobilística brasileira conseguiu fechar o ano de 2021 com uma pequena recuperação em relação ao ano de 2020.
- O acumulado para 2021 ficou em 2,12 milhões de unidades vendidas, uma alta de apenas 3% em relação ao ano de 2020. Para 2022, a Anfavea projeta uma alta de 8,5% em relação a 2021.
- No entanto, a taxa Selic (Sistema Especial de Liquidação de Custódia) alcançou 10,75% no mês de fevereiro deste ano, enquanto chegou à sua baixa histórica no início de 2021, com 2%.
- “O maior incentivo para a compra de veículos é a taxa de juros básica, que vem subindo, e a de financiamento também. Sendo assim, não faz sentido a maior procura pela compra nesse momento. Os dados na cidade podem ser um efeito de anos anteriores, onde a taxa Selic estava bem baixa”, destaca o economista Carlos Giasson.
Frota na década
- 2012: 37.195
- 2013: 39.390
- 2014: 41.287
- 2015: 42.509
- 2016: 43.695
- 2017: 44.895
- 2018: 46.456
- 2019: 47.887
- 2020: 49.288
- 2021: 50.382
Divisão por categoria em 2021
- Automóveis: 27.184
- Motocicletas, motonetas, ciclomotores: 13.076
- Caminhões e caminhões tratores: 1.758
- Reboques: 2.263
- Ônibus e micro-ônibus: 335
- Tratores: 80
- Utilitários, caminhonetes e camionetas: 5.616
- Outros: 70