Um levantamento feito pela reportagem da Folha do Mate em 15 postos de combustíveis da Capital Nacional do Chimarrão aponta que o preço médio do litro da gasolina na cidade é de R$ 3,92, mais caro que o praticado em Lajeado e Santa Cruz do Sul, dois municípios-polo dos vales do Rio Pardo e Taquari que têm preço médio do combustível em R$ 3,89 e R$ 3,88, respectivamente, conforme a Agência Nacional do Petróleo (ANP), que semanalmente divulga dados de pesquisas realizadas em 40 municípios gaúchos. Venâncio não está na lista de cidades visitadas pela ANP para levantamento de preços, relação estabelecida a partir de critérios econômicos, em função de variáveis como renda e emprego, população, número de postos revendedores de combustíveis e, ainda, a frota de veículos de cada município.
De acordo com as informações obtidas pela Folha do Mate junto aos postos, é R$ 3,86 o preço mais em conta pelo litro da gasolina comum, à vista, com pagamento em dinheiro. Já o litro mais caro do combustível chega a R$ 3,99. Em Lajeado, é possível abastecer por R$ 3,84 (preço mínimo), mas o valor máximo do litro é idêntico ao de Venâncio Aires: R$ 3,99. Já em Santa Cruz, a gasolina pode ser encontrada a R$ 3,73 o litro no estabelecimento comercial que pratica o valor mais baixo. E vai a R$ 3,89 o preço mais ‘salgado’ do combustível na Terra da Oktoberfest. Para encher um tanque de 40 litros, por exemplo, em Venâncio será necessário desembolsar R$ 154,40 (mínimo) e R$ 159,60 (máximo). Em Lajeado, os mesmos 40 litros saem, no mínimo, por R$ 153,60. O preço máximo é o mesmo da Capital do Chimarrão. Em Santa Cruz do Sul o tanque enche com R$ 149,20 (mínimo) e R$ 155,60 (máximo).
Fernando Knies, proprietário do Posto Shell localizado na esquina da Avenida Osvaldo Aranha com a Rua 15 de Novembro, esclarece que o preço médio da gasolina comum em Venâncio Aires é mais elevado em virtude do menor volume de venda de combustível em comparação com outras cidades da região. Segundo o empresário, enquanto na Capital do Chimarrão os postos comercializam entre 80 e 100 mil litros do produto por mês, em Lajeado e Santa Cruz a venda por estabelecimento pode chegar a 130 mil litros. “é uma margem que precisamos ter para viabilizar o negócio”, comenta ele. Knies lembra ainda o fato de que “está praticamente institucionalizada a lavagem a preço bem mais acessível nos postos de Venâncio”, o que, conforme ele, gera mais custos aos proprietários. “Para a lavagem precisamos de quatro a cinco funcionários, e cobramos muito abaixo do valor praticado em outros locais. é uma forma de fidelizar a clientela e um pouco se reflete no preço da gasolina”, diz o proprietário do posto.
PREçO – O valor médio do litro da gasolina comum (R$ 3,92), à vista, com pagamento em dinheiro, de Venâncio Aires, é mais elevado do que o registrado em Bento Gonçalves (R$ 3,89), Cachoeira do Sul (R$ 3,79), Cachoeirinha (R$ 3,86), Canoas (R$ 3,78), Cruz Alta (R$ 3,87), Esteio (R$ 3,76), Gravataí (R$ 3,84), Guaíba (R$ 3,85), Lajeado (R$ 3,89), Novo Hamburgo (R$ 3,72), Osório (R$ 3,79), Palmeira das Missões (R$ 3,88), Santa Cruz do Sul (R$ 3,88), São Leopoldo (R$ 3,77), Sapiranga (R$ 3,56) e Sapucaia do Sul (R$ 3,75). Estas 16 cidades estão na lista de levantamento de preços da ANP.
IMPORTANTE – A Folha do Mate também procurou o Sindicato Intermunicipal do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes do Rio Grande do Sul (Sulpetro) em busca de informações que pudessem justificar o valor mais elevado da gasolina em Venâncio Aires. Por meio de sua assessoria de imprensa, o Sulpetro declarou que, em relação a preços de combustíveis, não pode se manifestar, sob pena de ser acusado de tentar formar preço no mercado ou estimular cartel (quando as empresas se unem para determinar preços e condições de mercado) pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
PARA SABER MAIS
A Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis) divulgou recentemente um comunicado no qual esclarece os motivos dos significativos aumentos do preço da gasolina. De acordo com a entidade, os postos, que são o último e mais frágil elo da cadeia comercial, não devem ser responsabilizados pelos constantes reajustes.
Conforme a Fecombustíveis, são vários os motivos que contribuíram para o cenário atual. A começar pela implementação do ajuste fiscal pelo governo federal, que reajustou as alíquotas de PIS/Cofins e trouxe a volta das Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) para a gasolina e o diesel. Outro fator de influência é a mudança do Preço Médio Ponderado ao Consumidor Final (PMPF), base de cálculo do ICMS, que passa por majorações quase todos os meses.
O preço final dos combustíveis também reflete o aumento de preços pelas usinas produtoras de etanol anidro e a elevação dos preços do biodiesel das usinas pela mistura na gasolina e diesel, respectivamente, tudo conforme dados públicos disponibilizados pela Agência Nacional do Petróleo, Biocombustíveis e Gás Natural (ANP).
Ainda segundo a federação, deve-se observar que os custos com energia elétrica, mão de obra, licenças ambientais, custos sociais do trabalho e uma série de novas exigências estabelecidas pelos órgãos públicos, têm aumentado, consideravelmente, os custos de operação dos postos, além do drástico aumento da carga tributária.
A Fecombustíveis ressalta que o mercado é livre e competitivo em todos os segmentos, cabendo a cada posto revendedor decidir se irá repassar ou não os aumentos ao consumidor, bem como em qual percentual, de acordo com suas estruturas de custo.
