Diz o dicionário que uma exceção se trata de um ‘desvio de uma regra ou de um padrão convencionalmente aceito’. Quando o conceito vai além da teoria e se aplica na prática, podemos encontrar exceções em algumas situações do dia a dia, em atitudes que fazem a diferença e que chamam atenção.
Atitudes como a que teve um senhor de 71 anos, que ‘apenas’ por ser honesto, é também uma exceção em um mundo carente de bons exemplos. Na última matéria da série ‘2020 para sempre’, a Folha do Mate conta o caso do Osvino e do Cássio, onde até quem perdeu, saiu ganhando.
A mais ‘graúda’
Foi na manhã de 21 de novembro, um sábado, que Cássio Fernando Treib, 37 anos, buscou um produto em uma eletrônica na rua General Osório, bem no centro de Venâncio Aires. Ao entrar no carro, tinha certeza de que a carteira estava no bolso. Mas, pouco depois, quando precisou ir no mercado, cadê?
Naquele momento, o empresário se deu conta que tinha perdido a carteira com todos os documentos e quase R$ 3 mil. A elevada quantia seria usada para pagar fornecedores da metalúrgica e fábrica de móveis de Treib.
Para quem é daqui, sabe que as rádios locais funcionam como uma espécie de ‘achados e perdidos’, pela facilidade de transmitir rapidamente serviços de utilidade pública. Pensando nisso, o empresário conta que sua mãe foi até a Rádio Venâncio Aires, na segunda-feira, 23. Palpite certeiro: a carteira estava lá, intacta, com tudo dentro. Uma funcionária da emissora, que recebeu o objeto, teve o cuidado de anotar o nome e o telefone de quem deixou a carteira lá.
Foi assim que Treib chegou a Osvino Schweikart, 71 anos. Foi o agricultor, morador de Linha Arroio Grande, que naquela manhã de sábado, fez sua boa ação.
“Eu e a mulher [Amália] fomos buscar uns chás na Milita Silberschlag. Aí quando fui embarcar no carro, vi aquela coisa na calçada. Era uma carteira e pensei, vou levar na rádio, para ficar lá, até aparecer o dono”, lembra Schweikart.
O agricultor conta que abriu a carteira para ver se conhecia a pessoa nas fotos dos documentos, mas era um total estranho. Ele também se surpreendeu com a quantia. “Já tinha encontrado outras carteiras, mas não tão graúda”, destaca, entre risos, se referindo aos quase R$ 3 mil.
Questionado do porquê de entregar como estava, sendo que muitas vezes, dos que recuperam uma carteira perdida, só têm de volta os documentos, Schweikart é categórico. “O que não é da gente, a gente não toca.”
Surpresa
Feliz a grato por ter a carteira de volta, Cássio Fernando Treib entrou em contato com seu ‘benfeitor’ e lhe ofereceu uma recompensa. “Fiquei surpreso, porque a gente sabe que isso não é comum, mas eu faria o mesmo. Agradeci muito a ele pela honestidade.”
Já Osvino Schweikart também disse que ficou surpreso. “Vi que o rapaz ficou muito contente, porque fui honesto. Mas acho que tudo mundo deveria ser, né, daí isso nem virava notícia.”
“Isso nos faz acreditar que sim, que vale a pena ainda pensarmos em um mundo melhor, pois existem muitas pessoas boas por aí.”
CÁSSIO FERNANDO TREIB – Empresário