Rafael Henn: “A contínua atualização é uma condição de sobrevivência profissional”

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A pandemia de coronavírus acelerou o uso da tecnologia em empresas de diferentes setores. O professor Rafael Frederico Henn, vice-reitor da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), observa que a tecnologia da informação, através da internet, vem aproximando as pessoas e facilitando a comunicação há anos e se intensificou durante a pandemia.

Ele comenta que, como em toda crise, há aprendizados e oportunidades. “Empresas que não vendiam pela internet, por necessidade, passaram a operar no e-commerce. Funcionários passaram a trabalhar em home office. Familiares passaram a se reunir por videochamadas. Enfim, a tecnologia foi fundamental em todos esses processos de comunicação”, analisa mestre em Administração e Negócios, que tem atuação profissional e acadêmica voltada às áreas de engenharia da produção, gestão da qualidade, logística e planejamento estratégico, entre outras.

Em entrevista à Folha do Mate, ele aborda tendências e necessidades nas empresas e no perfil profissional. “O importante é não ficar na zona de conforto e estar continuamente buscando novos conhecimentos e habilidades”, indica.

O uso de softwares está presente em diferentes segmentos. Como essa modificação no mercado de trabalho reflete no perfil profissional?
Não há dúvidas que os profissionais, em todas as áreas, deverão se adaptar às novas tecnologias. A contínua atualização é uma condição de sobrevivência profissional. Novos conhecimentos e habilidades estão sendo exigidas. Isso será um grande desafio para os profissionais e para os gestores públicos, pois sabemos que a educação no Brasil não tem recebido a devida atenção nos últimos anos.

O que esse novo mercado de trabalho exige dos trabalhadores, em termos de qualificação?
As tecnologias que vêm sendo utilizadas nas empresas variam conforme o segmento, no entanto, algumas tecnologias estão se destacando, como a Inteligência Artificial, Internet das Coisas, Robótica, Big Data, uso de aplicativos de smartphones, etc. Cada profissional precisa avaliar como o seu posto de trabalho pode ser alterado ou até desaparecer, nos próximos anos. Por exemplo, um trabalho manual em uma indústria poderá ser substituído por um equipamento automático, mas alguém deverá fazer a programação desta máquina. Um professor universitário, acostumado com aulas presenciais, precisará se capacitar com as metodologias e tecnologias para as aulas remotas.
Enfim, o importante é não ficar na zona de conforto e estar continuamente buscando novos conhecimentos e habilidades.

Com a adoção de softwares e aplicativos para as mais diferentes atividades, também se reforça uma demanda de produção desses sistemas. Quais as áreas mais promissoras?
A área de Tecnologia da Informação (TI) vem crescendo muito no Brasil e no mundo. Hoje, as empresas que atuam nesta área não estão conseguindo completar seus quadros de pessoal por falta de profissionais qualificados. Segundo uma pesquisa da GeekHunter, especializada em recrutamento de profissionais de TIs, em 2020, houve um aumento de 310% nas vagas de tecnologia. Com a pandemia, estima-se um aumento de demanda para 500 mil profissionais para os próximos dois anos, no Brasil. Nos Estados Unidos, esta demanda está na casa de 1,8 milhão de profissionais. Os alunos que ingressam nos cursos da área de Tecnologia da Informação da Unisc, por exemplo, conseguem um emprego já no segundo semestre, demonstrando a carência de profissionais neste segmento.

Apesar da tecnologia e da possibilidade de home office, os momentos de contato pessoal seguem sendo priorizados por muitas empresas. Por que isso é necessário?
Nada substitui o contato humano nas relações de trabalho. Com a pandemia, muitas pessoas passaram a trabalhar em home office e essa tendência deve permanecer em várias empresas. No entanto, de tempos em tempos, os profissionais deverão ir até a empresa para se sentirem pertencentes, vivenciarem os compromissos e propósitos da organização, conversarem com os seus chefes. A tendência é que o trabalho seja híbrido, ou seja, que alguns dias a pessoa trabalhe em casa e em outros vá à empresa.
Particularmente, prefiro reuniões presenciais quando são de planejamento ou de negociações. Eu gosto de olhar nos olhos, observar as expressões do rosto e do corpo. Nem sempre as pessoas falam o que querem e isso pode gerar dificuldades nas relações.

“A contínua atualização é uma condição de sobrevivência profissional. Novos conhecimentos e habilidades estão sendo exigidas. Isso será um grande desafio para os profissionais e para os gestores públicos.”
RAFAEL FREDERICO HENN – Mestre em Administração e Negócios

Qual será o futuro do trabalho?

As modificações por conta da internet têm transformado as formas e as relações de trabalho, nos últimos. Ao analisar essas mudanças e o impacto delas na história do trabalho, o vice-reitor da Unisc, Rafael Henn, observa que, há anos, vem ocorrendo uma migração da mão de obra da indústria para a área de serviços. O professor cita algumas tendências apresentadas no último relatório ‘O futuro do trabalho’, publicado em outubro de 2020, pelo Fórum Econômico Mundial.

– A força de trabalho está sendo automatizada mais rapidamente do que o esperado. Com isso, se prevê o deslocamento de 85 milhões de empregos nos próximos cinco anos.
– A revolução dos robôs deve criar 97 milhões de novos empregos.
– Em 2025, o pensamento analítico, a criatividade e flexibilidade estarão entre as habilidades necessárias.
– Com dados e inteligência artificial, a criação de conteúdo e a computação em nuvem estarão entre as profissões emergentes.
– As empresas mais competitivas serão aquelas que optarem por requalificar e aprimorar os funcionários atuais.

Fonte: Relatório ‘O futuro do trabalho’



Juliana Bencke

Juliana Bencke

Editora de Cadernos, responsável pela coordenação de cadernos especiais, revistas e demais conteúdos publicitários da Folha do Mate

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