Alambique Seibert: de avô para neto, uma história centenária segue preservada em Vale Verde

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Na Estrada dos Alambiques, está o empreendimento mais antigo de Vale Verde, ainda na ativa: o Alambique Seibert. Em 1909, Emílio Seibert deu início à produção de cachaça, no local, atividade que foi continuada pelo filho Arnaldo e segue, atualmente, com o neto Germano Seibert.

Prestes a completar 77 anos, seu Germano faz questão de manter a produção, com a ajuda dos filhos e netos. Ele já não participa da colheita da cana-de-açúcar, na roça, mas ainda acompanha de perto o trabalho de moagem da cana, a etapa da fermentação da garapa e a colocação da bebida nos barris – alguns, confeccionados pelo próprio avô.

“Desde que meu vô começou, nunca paramos a produção. Até porque, se parar e os barris secarem, perdemos os barris, a madeira estraga. A produção de cachaça é uma tradição da nossa família e sempre tive muito amor por isso”, explica.

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Germano Seibert segue com a produção iniciada pelo avô, Emílio, em 1909. Alguns barris utilizados são da época do avô (Foto: Juliana Bencke/Folha do Mate)

O alambique, que chegou a produzir até oito mil litros de cachaça por safra e comercializava para diversos estabelecimentos comerciais da região, hoje tem uma produção mais restrita, focada na venda ao consumidor final. Muitos visitam a propriedade, que virou atração turística. “Antigamente fazíamos todo dia, mas hoje apenas duas vezes por semana”, explica o vale-verdense, que também realiza serviços de marcenaria.

Atualmente, são produzidos de 80 a 90 litros de cachaça por semana – o equivalente a 160 garrafas -, que permanecem envelhecendo no barril por, no mínimo cinco meses. “Quando mais tempo, melhor fica. Ainda tenho cachaça com mais de 40 anos, que meu pai fez”, ressalta Germano Seibert.

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Produção da cachaça é tradição na família Seibert (Foto: Juliana Bencke/Folha do Mate)

Casa Centenária

Além da tradição da produção de cachaça cultivada há gerações, a propriedade dos Seibert guarda outra relíquia: a casa centenária construída pelo avô de Germano, Emílio Seibert, em 1918, onde morou com a esposa Sofia e os filhos. A residência de pedra ainda tem quase toda a estrutura original, além de diversos móveis e utensílios antigos.

A exemplo do trabalho no alambique, a preservação da casa atravessa gerações da família e despertou no neto de Germano, Arnaldo Seibert Toillier, 23 anos, a vontade de revitalizar o casarão. A ideia é, futuramente, transformá-lo em um museu. “Meu neto me pediu se podia ficar com a casa e eu achei muito bom, alguém precisa mantê-la”, afirma seu Germano.

Arnaldo é estudante de História (Foto: Arquivo pessoal)

Estudante de História, Arnaldo sempre se interessou pelas coisas antigas na casa dos avós. “Entrei no curso pensando em continuar, em perpetuar essa tradição, preservar a história e a memória da família. É a casa antiga mais bem preservada de Vale Verde”, salienta.

A experiência trabalhando com restauração de fotos e documentos no Centro de Documentação da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) também contribuiu para esse olhar e a ideia de restaurar o espaço. “Tem muitos utensílios, fotos, objetos que, para meus avós, são coisas normais, não recebem tanta atenção no dia a dia, mas que têm um valor histórico muito grande. A casa traz um imaginário que remete à colonização alemã.”

“A ideia é preservar algo que tem muito valor, mas hoje não é tão valorizado. A história está muito ofuscada. Precisamos despertar o interesse pela história nas crianças.”
ARNALDO SEIBERT TOILLIER
Neto de Germano Seibert e estudante de História

O próprio Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Arnaldo, que será realizado no próximo ano, tem relação com a história da casa construída pelo trisavô. “A pesquisa será sobre a colonização alemã em Vale Verde, relacionada à Igreja Evangélica, pois fazer parte da igreja era uma forma de se integrar à comunidade”, adianta Arnaldo.

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Juliana Bencke

Juliana Bencke

Editora de Cadernos, responsável pela coordenação de cadernos especiais, revistas e demais conteúdos publicitários da Folha do Mate

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