Desde o início do ano, as ações voltadas à saúde mental em Venâncio Aires receberam reforço com a criação de uma coordenação municipal para essa área. O setor tem como titular a enfermeira Priscila Graziele Reginatto e busca, principalmente, fazer a articulação entre os serviços e profissionais da atenção especializada, ou seja, com os três Centros de Atenção Psicossocial que atendem no município – Caps II, Álcool e outras Drogas (AD) e Infantil.
O objetivo dessa integração é manter o padrão de atendimento entre os três e aperfeiçoar a comunicação entre eles e os serviços de assistência social e educação, uma vez que muitos pacientes são atendidos por esses setores também. Outra meta da coordenação de saúde mental é incentivar e motivar as equipes, para que haja o fortalecimento dos profissionais.
“A saúde mental não trabalha apenas com a Secretaria de Saúde. A gente faz ligação com a assistência e a educação e, às vezes, com a segurança pública. Então, fazemos todas essas articulações”, explica Priscila. A enfermeira também ressalta a importância de os serviços estarem articulados e lembra que os maiores beneficiários disso são os pacientes. “Se a rede não funciona, se os serviços não se falam, não tem como trabalhar no SUS, porque um profissional depende do outro”, destaca.
Nesse sentido e atenta ao aumento da demanda relacionada à saúde mental por causa da pandemia da Covid-19, a Secretaria de Saúde retomou em maio a realização dos matriciamentos nas unidades de saúde da Capital Nacional do Chimarrão. Durante essas atividades, de um a dois profissionais de cada Caps vão até os postos de saúde para capacitar as equipes.
O intuito é que eles possam manejar o máximo de pacientes antes de eles chagarem aos serviços especializados. Outro plano da coordenadora de saúde mental é expandir essas capacitações para empresas instaladas no município, com o objetivo de sensibilizá-las a ver esses colaboradores com outro olhar, para conseguir tratar o paciente como um todo.
Acolhimento
Outro serviço implementado neste ano com a criação da coordenação de saúde mental foi o acolhimento dos pacientes. Priscila compartilha que antes dessa mudança só era possível conseguir atendimento nos serviços especializados caso tivesse sido encaminhado por uma unidade de saúde. “Tinha que passar na atenção básica primeiro, ou seja, no posto de saúde mais próximo da casa onde mora, tentar o tratamento ali e, posteriormente, se não tivesse sucesso lá, a atenção básica encaminhava para os serviços especializados, que são os Caps”, relata.
Como Venâncio não tem 100% de cobertura de Estratégia Saúde da Família (ESF), hoje os Caps, principalmente o II (que atende todos os transtornos mentais acima de 18 anos) e o Infantil, também fazem o acolhimento e a escuta da demanda espontânea. “Avaliamos e realizamos o direcionamento correto. Entendemos que quando a pessoa chega a pedir ajuda em um serviço especializado, provavelmente é porque ela precisa realmente”, destaca.
Além disso, há cerca de um mês, o Caps Infantil iniciou um matriciamento com os orientadores escolares de instituições de ensino das redes estadual e municipal para dar suporte a eles em relação ao direcionamento dos estudantes que precisam de atendimento de saúde mental. Durante essas atividades, eles estão explicando sobre os serviços e grupos oferecidos no centro, que é destinado a crianças e adolescentes.
Outra iniciativa que deve começar a ser colocada em prática em breve pela Secretaria de Educação e a psicóloga Zamara Amorim Silveira também envolve as orientadoras escolares. De acordo com Priscila, será feito um treinamento para que essas profissionais saibam como preencher notificações de qualquer tipo de violência percebidas nos alunos.
“Estamos aqui para ajudar e sensibilizar as pessoas no sentido de que, se precisarem, podem nos procurar. Com esse trabalho que estamos realizando desde o início do ano, já melhorou bastante e tem mais a melhorar para o ano que vem, que vamos conseguir suprir mais demandas de contratação de profissionais. Pretendemos melhorar ainda mais o atendimento da população”, projeta Priscila, ao enfatizar que a Administração tem como objetivo contratar mais profissionais para atenderem nos Caps.
“Sempre temos que pensar que o paciente é da rede, temos que olhar ele como um todo. Essa visão multiprofissional é essencial no SUS. Cada profissional tem a sua visão e o seu saber dentro da sua formação. Quanto mais profissionais olhando para um ser, a gente consegue fazer um trabalho muito melhor e muito mais efetivo”
PRISCILA GRAZIELE REGINATTO
Coordenadora municipal de saúde mental
Trabalho no Caps
- O Centro de Atendimento Psicossocial (Caps) trata transtornos mentais graves como, por exemplo, depressão profunda, bipolaridade, ansiedade, esquizofrenia e transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), quando a rede básica, que são os postos de saúde, esgotaram as possibilidades de tratamento.
- Hoje, as equipes dos três Caps de Venâncio são formadas por quatro psiquiatras, seis psicólogas, três enfermeiras, dois técnicos em enfermagem, cinco assistentes sociais, um terapeuta ocupacional, recepcionistas, auxiliares de limpeza, seguranças, estagiários, auxiliares administrativos, professor de Educação Física e de música e contador de história.
- O Caps II está localizado na rua Visconde do Rio Brando, 517, ao lado do posto de saúde Central; o Caps Infantil funciona na esquina da avenida Ruperti Filho com a rua Sete de Setembro, 983; e o Caps AD está localizado na rua Visconde do Rio Branco, 1495.
Outras atividades da coordenação
• Aproximação entre os serviços de saúde mental e o Hospital São Sebastião Mártir (HSSM) e a Unidade de Pronto Atendimento (UPA); aproximação com a 13ª Coordenadoria Regional de Saúde; participação ativa em todas as reuniões e fóruns de saúde mental; agilizar internações hospitalares, dar suporte a toda a demanda de saúde mental; e participação ativa no Comitê de Prevenção dos Suicídios de Venâncio Aires.
Município não tem mais espera para atendimento com psicólogo
A coordenadora do Comitê Municipal de Prevenção dos Suicídios, Patrícia Antoni, explica que, desde o início do ano, não existe mais lista de espera para atendimento com psicólogo em Venâncio Aires. Isso foi possível porque há sete profissionais da área que trabalham na rede particular que são conveniadas com a Prefeitura para prestar atendimento.
Segundo a enfermeira, até o fim de 2020, quando o médico da atenção básica solicitava acompanhamento psicológico, o pedido era encaminhado para a Secretaria de Saúde e o paciente aguardava em uma lista de espera, independente da gravidade do caso, por ordem de inscrição. Com isso, se criou uma grande demanda represada.
No início do ano existia uma lista de espera de aproximadamente 450 pessoas. “Em maio resolvemos passar um pente fino nessa lista, rever todos os casos e, a partir daí, começamos a não ter mais uma fila enorme”, salienta a coordenadora municipal de saúde mental, Priscila Reginatto. Agora, além da lista de espera ter sido extinta, também se ampliou o número de psicólogas credenciadas para prestar o atendimento.
Assim, depois da consulta nos postos de saúde e do preenchimento do documento de referência pelo médico, o paciente o entrega no Centro de Atenção Psicossocial (Caps) II. Nesse local, ele é acolhido pela equipe e passa por uma avaliação. Se o caso for considerado grave, ele permanece em atendimento no Caps II. Já os demais pacientes são encaminhados para consulta com os psicólogos credenciados e realizam uma psicoterapia breve (10 sessões). Caso não haja necessidade de atendimento especializado, ele retorna para a atenção básica.
- CONSULTAS
Conforme Priscila, o Município disponibiliza 350 consultas mensais de psicologia. “Geralmente, cada pessoa ganha quatro consultas por mês. Então, o tratamento é de em média dois meses e meio ou três. As pessoas que estão indo para a psicologia terceirizada são casos leves. Os casos graves, que precisam de acompanhamento mais de perto, permanecem nos Caps”, esclarece a enfermeira. Hoje, o tempo de espera varia entre 15 e 20 dias para conseguir o atendimento.
Segundo Patrícia, hoje, ainda há cerca de 15 pessoas na antiga lista de espera, porque a Secretaria de Saúde não consegue contato com elas. Nesse sentido, a enfermeira ressalta a necessidade de os usuários dos serviços manterem atualizados os dados do Cartão SUS, o telefone e o endereço.
Leia mais:
Consepro comemora 38 anos e apresenta projetos em prol da segurança