É difícil passar pela estrada geral que liga Vila Santo Antônio a Arroio Bonito, no interior de Mato Leitão, sem avistar uma árvore majestosa, na beira da estrada. Se, em determinada época do ano, são as flores cor-de-rosa que chamam a atenção, em outros períodos, a atração é o ‘algodão’ que se desprende dos galhos e se espalha pela estrada e os terrenos vizinhos. Isso, sem falar do tronco robusto, da altura e dos galhos extensos. Para abraçá-la, é preciso de sete a oito pessoas.
A árvore, localizada na propriedade de José Ernesto Bogorny, 86 anos, e Lúcia Bogorny, 82 anos, é uma paineira. Pelas lembranças da família Bogorny, ela tem, pelo menos, 110 anos. “Em 1910, meu avô, Antônio Bogorny, comprou esta morada. Pelo que o avô contava, ela já era uma árvore adulta”, conta seu Ernesto.

Em 1938, o pai de Ernesto, Artur Bogorny, comprou a casa. Ernesto, que na época da mudança tinha 4 anos, se criou na casa, ao lado dos pais e dos quatro irmãos. Desde o casamento, a esposa também passou a residir na propriedade.
“Muita gente passa e fica admirando a árvore, porque é muito linda. Várias pessoas param o carro para ver a árvore de perto e tirar fotos.”
LÚCIA BOGORNY – Aposentada
Além de parte da construção original estar mantida, a árvore segue como uma herança familiar. “Na época que o sogro era proprietário da casa, um senhor fez uma proposta para cortar a árvore, para fazer tamancos, mas ele não aceitou”, lembra Lúcia.
A aposentada se enche de orgulho ao falar da árvore. “Muitos passarinhos fazem ninho nela e os beija-flores estão sempre em volta. É uma cantoria”, destaca. Segundo ela, quando a árvore está florida, chama ainda mais atenção. “As pessoas chegam a parar o carro e tirar foto, quando tem flor. É uma coisa muito bonita de ver.

Curiosidade sobre a paineira
O biólogo Rudinei Pinheiro Medeiros, extensionista do escritório municipal da Emater/RS-Ascar, explica que a paineira é uma árvore nativa do Rio Grande do Sul e tem vida longa, a exemplo da árvore centenária na propriedade dos Bogorny.
O nome científico da espécie da paineira é Ceiba speciosa e ela pertence à família Malvaceae.
O ‘algodão’ da árvore é, na verdade, a paina – uma fibra vegetal que fica dentro do fruto depois de ele ser fecundado por insetos.
“Esse algodão envolve, protege as sementes. Quando o fruto está fecundado, se racha e faz com que o algodão vá flutuando pelo ar e dispersando as sementes. O vento é o meio de transporte das sementes”, explica o biólogo.
De acordo com Medeiros, antigamente, a paina (o algodão) era usada em peças de artesanato e também para encher colchões e travesseiros.
Pauta do leitor
- A matéria sobre a paineira de Vila Santo Antônio foi produzida a partir de uma sugestão de pauta da leitora Leni Frohbose Tonezer, moradora da localidade. Se você tiver alguma indicação de matéria ou sugestão de assunto que pode ser abordado na Folha de Mato Leitão, pode entrar em contato pelo WhatsApp da Folha do Mate: (51) 98943-4110.