Muitos jovens vão ter a experiência de votar, pela primeira vez, nas eleições municipais de 15 de novembro. Grande parte, inclusive, de forma voluntária, sem a obrigatoriedade de votar, pois é menor de 18 anos. Outros, ainda não completaram a idade mínima para participar do pleito, mas não é por isso que não se interessam pelo assunto. Afinal, todo cidadão pode e deve apresentar suas demandas, acompanhar as propostas e fiscalizar as ações do Poder Público. Isto é democracia.
No domingo, 27, começou oficialmente a campanha eleitoral. Dentro do plano de cobertura ‘Seu Voto, Sua Voz’, desenvolvido pela Folha do Mate e a Rádio Terra FM, o Na Pilha! aproveita esta primeira semana em que o ‘clima eleitoral’ toma conta do município, para dar voz aos jovens de Venâncio Aires, com depoimentos de um jovem representante de cada distrito. Confira as prioridades de investimento indicadas por eles, referente às localidades onde residem, e se inspire nos exemplos de quem, desde já, quer participar ativamente da democracia. Boa leitura e um voto consciente!
Eleitores jovens em Venâncio
Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Venâncio Aires conta, atualmente, com 6.017 eleitores de 16 a 24 anos. São 19 jovens de 16 anos que têm título de eleitor, 103 de 17 anos, 2.010 eleitores de 18 a 20 anos e 3.885 de 21 a 24 anos.
Centro: Leonardo Vinícius Schwember, 17 anos
Leonardo vai votar pela primeira vez neste ano. Ele comenta que é muito importante a inserção do jovem na política, tanto como eleitor, quanto como candidato. “Dessa forma, o jovem participa desde cedo, ajuda na escolha do futuro da nossa cidade.” Para ele, as principais demandas que os candidatos devem focar estão voltadas à recuperação econômica e financeira da cidade, em função da pandemia, que, na avaliação de Leonardo, elevou os níveis de desemprego e, por isso, muitas pessoas estão vivendo à margem de recursos proporcionados pelo Governo.
Vila Mariante: Milena Rosa Schwingel, 17 anos
Para Milena, que vai votar pela primeira vez, o voto é muito importante. “Ele não é somente uma obrigação, mas sim um direito conquistado, o qual nos permite exercer a cidadania.” Na opinião da moradora de Linha Taquari Mirim, as principais demandas do distrito de Vila Mariante são a assistência às estradas e o auxílio na área da saúde. “Os governantes devem ter como prioridade o bem-estar e desenvolvimento da população, por isso, cabe investir em melhorias na infraestrutura, no suporte médico e na área da educação.”
Vila Deodoro: Kamile Daiana Schubert, 18 anos
Além de votar pela primeira vez neste ano, Kamile foi convocada para auxiliar nas eleições. Ela considera importante as pessoas votarem, “porque é o momento que a população pode escolher quem estará nos representado no plenário e pelo município.” A estudante também diz que é essencial analisar as iniciativas dos candidatos, já pensando em ações futuras que beneficiem a população. Para ela, uma demanda fundamental do Terceiro Distrito é a segurança. “Faz anos que o posto da Brigada Militar está sem representantes.”
Vila Santa Emília: Bianca Iasmin Arenhardt Wickert, 13 anos
Bianca ainda não vota devido à idade, porém, planeja ser eleitora a partir dos 16 anos, porque considera importante ajudar a escolher o futuro do país, estado e município. “Acho que as pessoas precisam avaliar melhor os candidatos e votar pelo caráter dele”, observa. Ela também acredita que, neste ano, a população vai pesquisar mais antes de votar, porque está com mais tempo. “Vai ser uma campanha diferente, mas talvez as pessoas analisem mais”, acredita. No distrito de Santa Emília, a adolescente frisa que é necessário ter mais investimento na saúde e nas estradas. “Os governantes também precisam incentivar mais a agricultura e pecuária”, conclui.
Centro Linha Brasil: Caroline Beatriz Simon, 14 anos
A moradora de Linha Marechal Floriano pretende fazer o título de eleitor quando completar 16 anos e participar da próxima eleição. Caroline ressalta que as campanhas devem ser feitas com mais honestidade, sem se preocupar com o que os outros candidatos estão fazendo ou não, e se dedicar mais a sua campanha. “Em minha localidade, percebo que as estradas precisam de melhorias”, comenta a estudante.
Vila Palanque: Isabel Santos Fagundes, 15 anos
Embora ainda não seja eleitora, Isabel acredita que é importante votar desde cedo, para ajudar a escolher os gestores do município. Em 2019, ela participou do projeto Prefeitura Mirim, quando vivenciou durante uma semana como é ser prefeita. “Aprendi que ser governante não é tarefa simples”, destaca. Em Vila Palanque, Isabel comenta que o asfalto precisa de melhorias. “As estradas de chão também precisam receber mais manutenção”, defende.
Vila Arlindo: Lisandro Gabriel Wessling, 15 anos
O morador de Linha Sapé ainda não vota, mas, quando fizer 16 anos, Lisandro pretende fazer o título de eleitor o quanto antes. Para ele, os eleitores deveriam analisar discursos, o que os candidatos prometem e pesquisar o histórico das pessoas. “As demandas do meu distrito são melhorias nas áreas da saúde, educação, lazer, saneamento, iluminação pública e estradas”, cita.
Vale do Sampaio: Greici Cristina Posselt, 16 anos
A estudante Greici ainda não vota, contudo, considera a participação na eleição importante. Para ela, os candidatos deveriam ser analisados pelas suas propostas e ações. No 8º distrito, ela reforça que a população precisa de mais médicos no posto de saúde, melhorias no sinal de telefone celular e estradas em boas condições.
Estância Nova: Jardel Natan Royer, 16 anos
Jardel vai votar pela primeira vez neste ano. Para ele, esse voto vai contribuir para eleger algum representante do município e vai escolher o candidato conforme suas propostas e histórico na política. No 9º Distrito, onde reside, Jardel diz que é necessário investimento no tratamento de esgoto, que corre a céu aberto perto da Penitenciária Estadual de Venâncio Aires (Peva). “Também seria importante melhorar o sinal de rede de telefone e ter um redutor de velocidade na RSC-287”, indica.
A voz do jovem nas decisões políticas
De acordo com o sociólogo César Goes, a juventude é marcada por mudanças, transformações, rupturas e exercícios de liberdade. O professor da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) afirma que os jovens têm possibilidade de ação, mas nem sempre sabem em quem apostar, principalmente quando são alvos de promessas políticas e não de ações propriamente ditas, por parte dos representantes políticos.
Ele argumenta que alguns dos ‘novos’ eleitores não têm maturidade e acesso a instituições para aprender a fazer este discernimento. “Muitos ainda não têm consciência crítica para tomar decisões conscientes em assuntos relacionados à política. Quando optam pelo caminho mais fácil e na rapidez de informações, muitas vezes, são alimentados por promessas vazias”, observa.
Apesar disso, o sociólogo explica que o jovem tem ideias transformadoras, força e questionamentos que vão além da política em si, mas na defesa de causas importantes para a sociedade, como o meio ambiente, questões de gênero e luta pela pobreza, por exemplo. “Todas as lutas não são imediatas. Quando os jovens encaram as causas com mais profundidade, os resultados são ainda melhores”, afirma.