
Na manhã de hoje, 8, na Universidade do Vale do Taquari (Univates), em Lajeado, a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul (ALRS) realizou o seminário regional do Fórum Democrático na Região Funcional 2, que engloba os Vales do Rio Pardo e Taquari, para pautar o lema ‘Pacto RS 25 – O crescimento sustentável é agora’. O proponente é o presidente da ALRS neste ano, deputado estadual Pepe Vargas (PT).
O objetivo, segundo o parlamentar, é pautar a temática observando as realidades regionais, que são distintas dentro do estado: “Precisamos voltar a ter um crescimento mais robusto. Porém, isso tem que ser feito de forma sustentável. Precisamos crescer fazendo transição energética, com transição nos sistemas produtivos, para que sejam mais sustentáveis. E tem que ser feito da forma que se pode aplicar em cada região. É esse o objetivo.”
Segundo dados informados na apresentação, logo na abertura do debate, o Rio Grande do Sul perdeu participação relativa no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Há duas décadas, o estado chegou a corresponder a 7% da economia nacional, enquanto hoje a média fica em torno de 6%. “Somos um estado que tem problemas sociais e temos desigualdades regionais significativas, regiões mais desenvolvidas, outras menos desenvolvidas. Todas elas têm as suas demandas na infraestrutura, nas questões sociais, nas questões econômicas”, ressaltou.

Para estabelecer o diálogo regional, são convidados a participar de forma mais ativa, especialmente, os Conselhos de Desenvolvimento Regional (Coredes), que, neste caso, são o do Vale do Rio Pardo e o Conselho de Desenvolvimento do Vale do Taquari (Codevat). O presidente do Corede VRP, Heitor Petry, reconheceu a importância de debater crescimento sustentável de uma forma regionalizada. “Precisamos estar muito sintonizados com aquilo que a sociedade sente, enxerga e propõe. Então, daqui hoje devem emanar essas propostas e projetos que orientem também as nossas ações no dia a dia. A nossa região ainda sofre as consequências das fortes enchentes que tivemos aqui nos dois vales, atingindo muito a nossa economia. E isso se remete às questões climáticas e nós podemos pensar neste tema e em ações que possam mitigar futuros eventos”, explicou.
Já a presidente do Codevat, Cíntia Agostini, destacou que o crescimento sustentável não se refere exclusivamente ao meio ambiente, mas também como um processo de avanços econômicos da comunidade como um todo: “A gente só tem desenvolvimento sustentável se a gente falar de equilíbrio entre o econômico, o social e o ambiental, senão isso não acontece. Se não houver isso de forma equilibrada, nós não vamos ter esse resultado. E é por isso que nós temos que trabalhar nesse sentido.”
Painelistas
Além da exposição do presidente do Parlamento gaúcho, o evento contou com a realização de dois painéis que ajudaram a aprofundar o tema. O primeiro, ‘Transição Ecológica e um Novo Pacto Produtivo’, reuniu os professores da Univates, Odorico Konrad, e da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Markus Erwin Brose. Ambos pesquisadores disseram que a região é composta por muitos agricultores familiares e que uma transição ecológica precisa levar este aspecto em consideração.
Além disso, foi evidenciado o potencial dos Vales para se tornarem referência nacional no assunto, uma vez que têm condições geográficas e econômicas para alcançar o objetivo. Foram apresentadas também empresas com boas práticas sustentáveis e citado o Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), que é política pública em Vera Cruz.
Em outro momento, o mercado de trabalho entrou em debate, com o painel ‘Crescimento Sustentável e Reinvenção do Trabalho’, com o diretor da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) e presidente da Dália Alimentos, Gilberto Piccinini, e o presidente do Sindicato dos Comerciários de Lajeado, Marco Rockenbach.
Piccinini apontou, com dados, a mudança no perfil dos trabalhadores, em especial os mais jovens, que não têm procurado oportunidades tradicionais, como era o objetivo de gerações anteriores. Ele também argumentou que a ‘plataformização’ do trabalho – ou seja, pessoas que deixam empregos de carteira assinada e passam a atuar de maneira informal, vinculadas a aplicativos, por exemplo – é uma dificultadora para a escassez de mão de obra.
Por outro lado, Rockenbach trouxe o ponto de vista do funcionário e disse que a evasão também se deve às más condições de emprego observadas em alguns espaços, além de salários baixos e chefes que não entendem os desejos dos profissionais que têm chegado ao mercado. Para ele, uma alternativa importante seria disponibilizar escalas de trabalho com, pelo menos, duas folgas semanais.