A incidência da falta de água e falhas de abastecimento são bem comuns no verão, principalmente para os moradores da região periférica de Venâncio Aires. O baixo índice de chuvas reduz o nível do arroio Castelhano, onde é captada a água que abastece a cidade, causa preocupação e transtornos para quem convive todos os anos com esta situação. Para se precaver do problema de abastecimento, grande parte dos venâncio-airenses sai à procura de caixas d’água, uma das orientações da Companhia Riograndense e de Saneamento (Corsan) para evitar possíveis interrupções no abastecimento.
Desde o início de dezembro, a procura por este item aumentou nos estabelecimentos comercias da cidade. De acordo com a auxiliar administrativo da Redemac Adams, Caroline Reis, percebe-se um crescimento de 70% nas vendas, na temporada de verão deste ano. “A maioria das pessoas que fazem o investimento são da região alta da cidade, as mais prejudicadas com a falta de água”, observa Caroline, salientando que a caixa d’água mais procurada é a de fibra, de 500 litros, que custa em torno de R$ 260.
Em razão do aumento da procura, as empresas estão passando por dificuldades com o prazo de entrega dos fornecedores. “Estávamos recebendo os pedidos em atraso, mas, neste último mês, a tendência é normalizar as entregas”, afirma. Além das caixas d’água, a assistente administrativo também percebeu um aumento na procura por cisternas.
A dificuldade de cumprir o prazo de entrega também é uma preocupação para o diretor da Pithan Materiais de Construção, Lucas Pithan, que não dispõe de muitas opções de produtos no estoque. “Muitas empresas fazem recesso no fim de ano, e isso prejudica o nosso prazo de entrega. Atendemos muitos pedidos de caixas d’água neste período, geralmente para os moradores do interior do município, que optam pelos tamanhos maiores, acima de 1 mil litros”, comenta.
As caixas de água variam de tamanho e materiais. Os modelos são fabricados em polietileno e fibra. Já os tamanhos podem variar de 100 litros a 20 mil litros. Pithan explica que as mais vendidas são de fibra, pois possuem uma maior durabilidade, podendo ser consertadas em caso de danos. Já os modelos em polietileno são mais frágeis e, quando estragam, devem ser descartadas. Os valores dos modelos em fibra, os mais vendidos, podem variar de R$ 300 a R$ 10 mil.
Moradores do bairro Leopoldina investem em caixas d’ água
Para evitar o problema de desabastecimento, a moradora do bairro Leopoldina, Adriana Gertrudes Walter, 52 anos, fez questão de investir em uma caixa d’água. Desde que a casa foi construída, há aproximadamente 30 anos, já contava com uma de Brasilit. Em decorrência do temporal, registrado em dezembro do ano passado, ela e o marido Izair decidiram comprar duas caixas de fibra, uma de 300 litros e a outra de 500 litros.
Segundo ela, nos últimos anos, ocorria com frequência falhas no abastecimento, principalmente à tardinha. Contudo, como sempre foi precavida, nunca ficou sem água. “Eu não fico sem caixa d’água, pois tenho uma opção a mais e não dependo exclusivamente da água da rua (fornecida pela Corsan). É uma mão na roda, principalmente para as coisas mais essenciais, por exemplo, banheiro e cozinha”, argumenta a moradora, que mora no bairro com o marido e o filho Augusto, de 22 anos.
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Economia e sustentabilidade
Pensando no meio ambiente e em atitudes de sustentabilidade, o morador do bairro Leopoldina, Laércio Joel Bohn, 41 anos, desenvolveu um projeto para evitar o desperdício de água. Na semana passada, ele adquiriu uma caixa de água e duas cisternas para reaproveitar e abastecer a água da piscina.
Para manter a piscina limpa é preciso aspirar o pó acumulado no fundo e limpar o filtro, pelo menos, uma vez por semana. Durante esse processo, Bohn percebeu um gasto muito alto de água. Por isso, instalou uma caixa d’água, de 500 litros. “Pesquisei na internet e adaptei o projeto aqui em casa. A água que seria desperdiçada vai para a caixa, permanece por 24 horas e a sujeira decanta no fundo. Quando é acionada a torneira de saída, instalada na caixa, a água limpa que ficou acumulada na superfície da caixa retorna para a piscina, enquanto que, a água suja, que ficou no fundo da caixa, é reutilizada para regar as plantas”, explica.
Além do reaproveitamento, Laércio também adotou uma iniciativa sustentável para reabastecer a piscina. A evaporação reduz o nível da água da piscina, que deveria ser reabastecida periodicamente. Para economizar água, Bohn instalou uma cisterna com dois galões de água de 240 litros cada, para coletar a água da chuva e reabastecer a piscina. “Quando não é preciso fazer esta reposição, utilizo a água da cisterna para lavar a roupa, o chão e regar as plantas. Tudo isso foi desenvolvido pensando na sustentabilidade, meio ambiente e na economia”, salienta o servidor público, que já percebeu falhas de abastecimento, no ano passado.
As propriedades que contam com o financiamento habitacional da Caixa Econômica Federal devem contar, no mínimo, com uma caixa d’água de 500 litros, para estar de acordo com a exigências.
Sobre a água
- Ao escovar os dentes com a torneira aberta por 5 minutos, gasta-se 12 litros de água, quantidade que uma pessoa poderia beber por 6 dias.
- Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), cada pessoa consome de 110 a 220 litros de água por dia, dependendo do consumo e da conscientização.
- A água armazenada na pia também pode ser reutilizada para lavar materiais recicláveis que serão descartados no lixo, por exemplo, sacos plásticos, potes de margarina, entre outros.
- Consumir produtos orgânicos e sem agrotóxicos é uma forma de cuidar da água. Na produção convencional, com o uso de agrotóxicos, os compostos químicos penetram no solo e chegam às bacias dos rios, poluindo a água.
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