Ainda que assuste, a palometa ou piranha-vermelha (Serrasalmus Maculatus) não apresenta riscos para o ser humano, mesmo que tenha se tornado um problema para o ecossistema de água doce da região dos vales do Taquari e Rio Pardo. Recentemente, a espécie foi encontrado em Linha Taquari Mirim e, também, em Linha Cerro dos Bois, no interior de Venâncio Aires. No ano passado, houve relatos no rio Taquari, em Vila Mariante.
A palometa é um peixe típico da bacia do rio Uruguai, que atravessou o Rio Grande do Sul, atingiu o Guaíba, Jacuí e, agora, chegou ao rio Taquari e arroios menores. Segundo biólogo e professor do Departamento de Ciências da Vida da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Andreas Köhler, há cinco anos a espécie foi inserida acidentalmente no rio Jacuí, quando houve uma transferência da água do rio Uruguai para plantações.
“Elas estão se espalhando pelos córregos de água. A palometa é avaliada como uma espécie exótica e tem um impacto no ecossistema. Essa espécie rouba o espaço de outros peixes e, com certeza, algumas espécies vão desaparecer. Não serão extintas, mas reduzirão. Os lambaris podem ser usados como exemplo”, explicou o professor, durante participação no programa Terra em Uma Hora, da Rádio Terra FM 105.1.
Segundo ele, essa é a maior preocupação com relação ao ecossistema de água doce da região dos Vales. Ele afirmou que a palometa pertence ao grupo das piranhas, se alimenta de outros animais e, por conta disso, já há espécies virando presas desses animais. “O impacto é forte no ambiente. Não tem muito o que fazer, elas assumem o espaço, é impossível retirar todas as palometas de um ambiente”, disse. Ele ainda destacou que é possível a inserção de um predador natural da palometa, como o dourado, nesses espaços para limitar a disseminação.
Fique por dentro
• De acordo com o professor Andreas Köhler, as características da espécie são parecidas com as piranhas de água salgada, mas a principal diferença é a cabeça, que é mais triangular na palometa. Contudo, ele afirmou que, se as palometas têm comida no habitat, não há risco para os seres humanos. “Elas não atacam os humanos, a não ser que não encontrem alimento”, explicou. O maior foco da espécie são outros peixes, principalmente aqueles capturados em redes.
• Morador de Linha Taquari Mirim, no interior de Venâncio Aires, Batista Schroeder capturou uma palometa quando pescava no arroio de sua propriedade, próximo à divisa com o município de Vale Verde, no fim de outubro. “Estava pescando de caniço quando peguei ela”, explicou. Ele também já ouviu relatos de pescadores de Linha Cerro dos Bois em relação às palometas. “É uma surpresa, este arroio não pega dejetos de cidade, então chama a atenção da gente”, enfatizou.
“A nossa preocupação é muito grande. Este é o maior problema do ecossistema de água doce da nossa região. As palometas chegaram para ficar e é natural que se fixem no ambiente.”
ANDREAS KÖHLER
Biólogo e professor da Unisc
No link, confira mais reportagens que a Folha do Mate já veiculou sobre o aparecimento de palometas na região.