Neli Henn Wagner, 73 anos, mantém um dos passatempos mais tradicionais entre senhoras venâncio-airenses: os jogos de loto. De segunda a segunda, casas e comunidades enchem de pessoas ao redor das mesas para preencher cartelas com grãos de milho e, se a sorte estiver ao lado, completar os números e escolher um prêmio, geralmente alimentos e produtos de limpeza.
É assim que Neli gosta de se divertir, frequentando os jogos no bairro Gressler, onde mora. Mas na tarde da última quarta-feira, 24, o loto (ou bingo) aconteceu em um lugar inusitado, mas muito especial: a escola onde estuda o neto Érick Schmitz, 6 anos.
Foi na Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Arco-Íris, no bairro Aviação, que a aposentada participou da atividade promovida em homenagem ao Dia dos Avós, comemorado hoje, dia 26. A ideia, segundo a diretora Fátima Nicolay, era promover uma integração entre as crianças e os mais velhos, em que estes puderam mostrar brinquedos ‘da época deles’. À tarde, foi realizado o bingo para avós de crianças que estudam na Emei, além de uma merenda comunitária.
“Achei muito bonito isso, fazer essa brincadeira. Pra gente é muito bom, para estar sempre com a cabeça trabalhando e não ficar caduca”, afirmou Neli, entre risos. A aposentada disse ainda que gosta muito de estar com os netos e que assim também pode voltar a ser um pouco criança.

BENEFÍCIOS
Essa ‘troca’ de experiências é apontada por muitos especialistas como algo benéfico para ambos os lados. Mas para quem tem ou teve seus ‘vôs’ e suas ‘vós’, não é necessário uma explicação científica para confirmar o quanto esse convívio é bom, independente da sua idade. Mais do que carinho, proteção e mimos, também tem o aprendizado.
No caso dos avós, o se diz é que o convívio faz bem para a saúde e o bem-estar. Marli Almeida Vidal, 57 anos, e José Alvari Gomes Vidal, 61 anos, atestam isso. Na quarta-feira, o casal veio especialmente de Santa Cruz do Sul para prestigiar a atividade na escola do neto Pietro Goulart Vidal, de 2 anos. Inclusive, se arriscaram no bingo. “Nunca jogamos, mas é divertido. Só que ainda não ganhei nada”, lamentou Vidal, entre risos.
Embora o autônomo não mantenha o mesmo passatempo de muitos venâncio-airenses, destacou que realiza outras atividades para manter a cabeça evoluindo constantemente: acampamentos para o lazer, pescarias, leitura e jogos de xadrez. E se puder fazer tudo isso com os netos, melhor ainda. “Vou ensinar meus netos a jogar xadrez e já estou programando de levar o Pietro numa pescaria. Vai ser bom pra ele, mas pra mim mais ainda.”

CONVIVÊNCIA*
- Um estudo feito pelo Boston College, nos Estados Unidos, durante 19 anos, tinha como objetivo entender a influência da convivência, tanto na vida das crianças, como na dos idosos. Os resultados revelam que os dois lados se beneficiam desse relacionamento.
- Para os avós, a conexão permite contato com uma geração mais nova e, consequentemente, uma abertura a novas ideias. Para os netos, os idosos oferecem a sabedoria adquirida durante a vida e esse conhecimento acaba sendo incorporado pelas crianças quando elas se tornam adultas.
- Os avós também costumam passar às novas gerações histórias sobre o passado, o que é enriquecedor para qualquer criança. Além de tudo isso, os pesquisadores também concluíram que a relação avós-netos pode ajudar a diminuir sintomas depressivos para ambas as partes.
*Com informações da Revista Crescer.