Desde janeiro, o eletrotécnico Vinícius Krusma, 41 anos, morador do Centro de Venâncio Aires, tem encontrado barbeiros no jardim de casa com frequência. Ele mora em condomínio residencial, na avenida Ruperti Filho, e afirma estar preocupado com a situação. “Tenho encontrado muitos barbeiros no meu jardim nos últimos dias”, reforça. O inseto que apareceu no jardim de Krusma tem a cor marrom e detalhes em listras nas laterais.
De acordo com o biólogo e doutor em Tecnologia Ambiental, Nilmar Azevedo de Melo, pelas características da espécie, o inseto pode ser o Triatoma brasiliensis (Reduviidae: Triatominae: Triatomini), um dos principais transmissores da doença de Chagas na região. “Estes insetos devem ser capturados vivos e encaminhados dentro de um frasco para a Vigilância Sanitária, para serem levados ao Laboratório Central de Saúde Pública do Rio Grande do Sul, o Lacen, para confirmação da espécie”, orienta.
Segundo ele, os barbeiros abrigam-se em locais muito próximos à fonte de alimento e podem ser encontrados na mata, escondidos em ninhos de pássaros, toca de animais, casca de tronco de árvore, montes de lenha e embaixo de pedras. “Nas casas escondem-se nas frestas, buracos das paredes, nas camas, colchões e baús, além de serem encontrados em galinheiro, chiqueiro, paiol, curral e depósitos”, afirma.
Como evitar
Para evitar a presença do inseto, algumas medidas devem ser tomadas, como melhorar a habitação, através de reboco e tamponamento de rachaduras e frestas; usar telas em portas e janelas; evitar montes de lenhas, telhas ou outros entulhos no interior e arredores da casa; construir galinheiro, paiol, tulha, chiqueiro, depósitos, afastados das casas e mantê-los limpos; retirar ninhos de pássaros dos beirais das casas; manter limpeza periódica nas casas e em seus arredores.
Doença de Chagas
• A doença de Chagas é transmitida por um protozoário parasita do barbeiro, o Trypanossoma cruzi. Este organismo adentra no corpo humano, principalmente pelas fezes que o barbeiro deposita sobre a pele da pessoa, enquanto suga o sangue. Geralmente, a picada provoca coceira e o ato de coçar facilita a penetração do tripanossomo pelo local da picada.
• O Trypanossoma cruzi, contido nas fezes do barbeiro, pode penetrar no organismo humano também pela mucosa dos olhos, nariz e boca ou através de feridas ou cortes recentes existentes na pele. A transmissão também pode ser através de transfusão de sangue, caso o doador seja portador da doença; transmissão congênita da mãe chagásica, para o filho via placenta; ingestão de alimentos contaminados (exemplo: carne de caça e caldo de cana) e acidentalmente em laboratórios.
• Na fase aguda da doença de chagas, o paciente pode apresentar poucos ou nenhum sintoma. Uma vez que esses sintomas sejam ignorados e a doença siga sem tratamento, ela pode evoluir para a fase crônica, afetando o coração e o sistema gastrointestinal. De modo geral, os sintomas da doença de chagas incluem febre, mal-estar, inchaço no local da picada do barbeiro, inchaço em nos olhos, dor no corpo, dor de cabeça, cansaço e prostração, náusea e vômitos, diarreia, inflamação e dor nos gânglios, nódulos espalhados pelo corpo e vermelhidão pelo corpo.
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