Centro Dia: espaço de convivência e aprendizado coletivo para idosos em Venâncio

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Já se passou mais de um mês desde a inauguração do Centro Dia Inácio José Assmann, localizado no bairro Cidade Alta. A reportagem da Folha do Mate foi até o local conferir como é a rotina dos idosos atendidos no espaço e os profissionais que lá atuam. O Centro Dia é uma unidade de atendimento da Política de Assistência Social que executa serviços de proteção social, especialmente para pessoas idosas.

Com capacidade para 20 idosos, sendo 10 mulheres e 10 homens, atualmente sete são atendidos de forma regular no novo espaço (um homem e seis mulheres). Entre os critérios para ser atendido no Centro Dia é estar em situação de vulnerabilidade social, como situação de risco ou violação de direitos, por exemplo. No entanto, segundo a psicóloga Mircéia Rosecler Schmitt, atualmente alguns idosos frequentam o local para não ficarem sozinhos em suas residências, devido os filhos e outros familiares saírem para trabalhar. Para participar do espaço, é indispensável que a família seja de baixa renda.

A lista de idosos que tem direito ao serviço é definida pelo Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas). Mircéia é quem realiza as visitas após indicação da equipe e mantém contato com as famílias de cada idoso. Para frequentar o local, um motorista da Prefeitura, da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, é responsável por fazer os roteiros da manhã e à tardinha, para levar os idosos até o Centro Dia e depois de volta até suas casas. O roteiro é organizado pela equipe do Centro Dia e uma cuidadora social sempre acompanha as viagens de deslocamento. “Todos os dias conversamos com os familiares na entrega dos idosos em suas casas, para informar sobre como foi a alimentação, medicação, se dormiu durante o dia e indicar caso seja observada uma situação diferente, como por exemplo, a necessidade de uma consulta médica”, ressalta a cuidadora social Claudete Maria Leismann Fonseca.

Na rotina dos atendimentos, que ocorrem pela manhã e tarde, os idosos recebem alimentação (café da manhã, lanches e almoço) e participam de atividades que promovem a autonomia e a distração, como crochê, pintura de desenhos, costura, assistir televisão, leituras, brincadeiras, caminhadas ou sentar no sol. “É preciso ver de acordo com a necessidade, interesse e limitação de cada idoso”, afirma Claudete. O atendimento aos usuários é prestado por três cuidadoras sociais, cada uma com carga horária de 40 horas por semana. Além disso, é papel das profissionais estimular o contato e atendimento das famílias visando garantir a dignidade e a cidadania dos usuários. “Depois que iniciam os atendimentos aqui, as visitas com as famílias continuam, é preciso torná-los participativos, a intenção é promover o fortalecimento do vínculo e não o abandono”, explica Mircéia.

  • O Centro Dia funciona e segunda a sexta, das 7h30min às 17h30min e a assistente social Daiane Führ é a coordenadora do local.
Construção está localizada no bairro Cidade Alta. (Foto: Juan Grings)

“A intenção é fazer os idosos gostarem de estar aqui nesse espaço, propomos atividades, estamos construindo tudo juntos, para nós tudo também é uma novidade e estamos ainda em fase de adaptação.”
CLAUDETE MARIA LEISMANN FONSECA
Cuidadora social

Custos mensais

• Despesas com pessoal: R$ 20.114,86
• Despesas de manutenção: R$ 2.987,70

Momento de fala e escuta

Claudete destaca que é gratificante ouvir sobre as histórias de vida de cada um. “Falam das famílias, da vida, do trabalho que tiveram, e nós estamos aqui dispostas a escutá-los, conversar e ter a paciência que merecem.” Entre as atividades que mais gostam de fazer, segundo a cuidadora social, está conversar entre eles e assistir as notícias na televisão. Depois do almoço, o Centro Dia tem dormitórios para mulheres e homens a disposição, onde cada um pode descansar.

Espaço tem dormitórios separados para homens e mulheres. (Foto: Luana Schweikart)

Mircéia afirma que na rotina também são inclusas consultas com ela, para desabafos e momentos de fala e escuta com a profissional psicóloga que tem carga horária de 20 horas semanais no local. Entre os objetivos próximos, a ideia é oferecer palestras e conversas sobre envelhecimento saudável e fazer atividades especiais com os aniversariantes do mês e em datas especiais como o Dia dos Avós, por exemplo. “São personalidades diferentes, questões individuais que precisam ser adaptadas para viver no coletivo, e nós também nos adaptamos para acolher cada um”, afirma Claudete, que divide a função de cuidadora social com as colegas Ornélia Jacobi e Antônia Rossi.

Cuidadoras organizam itens individuais, como copos. (Foto: Luana Schweikart)

Passatempo

Entre os idosos que estavam no Centro dia na terça-feira, 30, pela manhã, estava Eraci Raenck, 66 anos, moradora do bairro Gressler. Ela conta que vem ao espaço desde o primeiro dia de funcionamento e que gosta bastante. “É um passatempo, é bom vir aqui”, afirma. Ela comenta que foi convidada pela psicóloga do Centro de Referência de Assistência Social (Cras) para frequentar o espaço. Entre as atividades preferidas da idosa, esta a leitura e a pintura de desenhos.

Eraci aproveita para colocar as leituras em dia. (Foto: Luana Schweikart)

Cassilda Otilia Silveira, 83 anos, também faz parte da turma do centro Dia. Ela é de Vila Mariante, no entanto, após as enchentes está morando com familiares no bairro Coronel Brito. Ela frequenta o Centro Dia há duas semanas. Outra idosa que vem do bairro Coronel Brito é Ilda Soeli Pereira, 71 anos.

Nas agulhas de crochê, Angélica Wattes Mattos, 75 anos, confecciona panos de prato personalizados com bico de crochê. Ela é moradora do bairro Macedo. “Gosto de conversar, é muito bom ficar aqui.” Além das mulheres, Maurício Pereira Pacheco, 82 anos, também frequenta o Centro Dia.

Angélica está aprendendo o crochê. (Foto: Luana Schweikart)

Atividades com o Sesc

No mês de setembro estão sendo organizadas atividades com a equipe do Sesc. Do dia 2 ao dia 19 devem acontecer oficinas de memória, confecção de vasos, mementos de relaxamento, plantio de mudas, alongamentos, jogos, coral e dança e roda de chimarrão com teatro.



Luana Schweikart

Luana Schweikart

Jornalista formada pela Unisc - Universidade de Santa Cruz do Sul. Repórter do Jornal Folha do Mate e da Rádio Terra FM

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