Cigarros eletrônicos: cadeia produtiva vai defender dispositivos que usam tabaco

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Lideranças da cadeia produtiva do tabaco se mobilizam para participar, na próxima semana, de audiência pública sobre os dispositivos eletrônicos para fumar (DEF), popularmente chamados de cigarros eletrônicos. No encontro, setor produtivo e entidades que representam os municípios e produtores de tabaco irão defender que o Brasil regulamente produtos que utilizem tabaco em sua fabricação, garantindo a continuidade da produção que emprega e gera renda para milhares de famílias.

A reunião, agendada para a próxima quinta-feira, 8, em Brasília, é o primeiro passo de discussão sobre a regulamentação destes produtos, que são proibidos de serem comercializados, fabricados e importados no país desde 2009. O objetivo da audiência, promovida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), é debater e coletar subsídios científicos e atualizados sobre os potenciais riscos e benefícios desse tipo de dispositivo.

Presidente da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Benício Werner marcará presença na audiência para defender a liberação dos produtos que utilizam tabaco, e não os eletrônicos que usam nicotina líquida. Tratam-se de cigarros de tabaco aquecido que já são fabricados por gigantes do setor, como iqos, ploom e glo. “A Afubra vai defender os produtos que aquecem, mas não queimam. Somos contrários aos produtos que usam nicotina líquida. Temos e vamos defender a continuidade da produção de tabaco”, frisa.

MENOS TABACO?
Uma das preocupações da Afubra está relacionada à redução do uso de tabaco na fabricação destes novos dispositivos. Segundo Werner, a entidade está atenta ao novo cenário mundial para melhor orientar os produtores, porém, confirma que ainda existem dúvidas de qual é o percentual de tabaco utilizado nestes produtos em comparação ao cigarro tradicional. “Sabe-se que se usa menos tabaco e temos que questionar as fabricantes. Já tivemos a informação, mas não é oficial, de que esse percentual chega a 30%”, observa.

A queda no consumo de cigarro tradicional e o avanço dos cigarros aquecidos será tema de uma reunião da Associação Internacional dos Produtores de Tabaco (ITGA, sigla em inglês), ainda neste mês, quando entidades da região das Américas vão se reunir nos Estados Unidos.

REGULARIZAR A PRÁTICA
O presidente da Câmara Setorial do Tabaco, Romeu Schneider, entende que a regulamentação do que ele chamou de ‘cigarros modernos’ vai seguir todo o setor de tabaco, que já é devidamente regularizado. Além disso, reforçou a opinião da Afubra. “Se houver a liberação da comercialização, que seja dos que ‘aquecem, mas não queimam’ e que levem tabaco. Sabemos que a quantidade inserida é menor, mas o que não queremos é que sejam os cigarros à base de nicotina líquida. Isso não.”

Segundo Schneider, o consumo dos que ‘não queimam’ iria ao encontro das alegações em torno da saúde. “Com esses, não existe o fator do fumante passivo. A fumaça é substituída por vapor e será menos prejudicial à saúde.”

Ainda para o presidente da Câmara Setorial do Tabaco, a liberação dos dispositivos simplesmente irá regulamentar o que já acontece na prática. “No Brasil se consegue comprar cigarro eletrônico em qualquer lugar, mesmo que não seja legalizado. “Então há um consenso de que será regularizado o que já vem sendo feito.”

EQUILÍBRIO
Para o prefeito de Venâncio Aires e secretário da Associação dos Municípios Produtores de Tabaco (Amprotabaco), Giovane Wickert, que também acompanhará a audiência, a regulamentação pode trazer um equilíbrio entre economia e a saúde. “A regulamentação é importante para que novos mercados se abram e se evite o contrabando, além de garantir a produtividade. Tudo é uma questão de equilíbrio, até porque tem menos quantidade, mas o fato de ser aquecido, faz com que os danos à saúde sejam reduzidos em até 90%.”

Wickert também destaca a qualidade do tabaco brasileiro. Para ele, apesar destes produtos utilizarem menos tabaco, o país não corre o risco de registrar uma grande redução não produção. “A tendência é que a redução ocorra em outros países, onde o tabaco é de menor qualidade, e não no Brasil”, opina.

TEMA SEM VOLTA
O Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco) também levanta a ‘bandeira’ da liberação e regulamentação. “Estaremos apoiando não só a discussão, mas principalmente a liberação e regulamentação desses novos produtos de tabaco. Eles já estão sendo usados em vários países e, no Brasil, serão mais uma opção à disposição do consumidor”, afirmou o presidente Iro Schünke.

Para ele, com a produção dos novos produtos que usam tabaco, o Brasil certamente será um dos fornecedores. “Pela qualidade que a gente produz aqui. E como este é um tema que não tem volta, é importante que o Brasil entre o quanto antes com essa liberação, pois isso poderá trazer ainda outros benefícios para o país.”



Letícia Wacholz

Letícia Wacholz

Atua há 15 anos na Folha do Mate e desde 2015 é editora da Folha do Mate. Coordena a produção jornalística multiplataforma do grupo de comunicação. Assina a coluna Mateando, a página 2 do jornal impresso.

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