Imagens de bovinos em situação de maus-tratos circularam em grupos de WhatsApp e foram parar nas redes sociais da ONG Amigo Bicho, que denunciou o caso às autoridades competentes (Foto: Reprodução/Facebook)
Imagens de bovinos em situação de maus-tratos circularam em grupos de WhatsApp e foram parar nas redes sociais da ONG Amigo Bicho, que denunciou o caso às autoridades competentes (Foto: Reprodução/Facebook)

Por Carlos Dickow e Marina Mayer

O Conselho Municipal de Proteção Animal (Compa) espera ter encerrado o episódio da denúncia de maus-tratos, no rodeio do CTG Lenço Branco, promovido no fim de semana passado, em Cerro dos Bois, no interior de Venâncio Aires. Nesta sexta-feira, 8, em reunião realizada na Secretaria de Meio Ambiente – da qual participaram, além de integrantes do Compa, fiscais do Município e o patrão do CTG, Jonas Heinen -, o conselho decidiu pedir a responsabilização do proprietário do gado – que foi contratado pela entidade – e do veterinário que acompanhava o manejo de animais no dia em que as imagens e vídeos que mostram bovinos em situação de maus-tratos foram captadas e divulgadas nas redes sociais.

“Após os depoimentos dos envolvidos nesta situação, tomamos as providências cabíveis para o caso em questão”, afirmou a presidente do Compa, Kátia Diedrich. As providências às quais ela se refere são envio de ofícios ao Conselho Regional de Medicina Veterinária, solicitando que apure a conduta do profissional durante as atividades, e ao Ministério Público (MP) e à Patrulha Ambiental (Patram) para que analisem as sanções em relação ao proprietário do gado. “No âmbito do conselho e órgãos municipais, entendemos que as medidas necessárias foram observadas. A análise das informações a respeito deste caso nos mostrou que foi um fato isolado, pois isso não acontece com frequência nos rodeios”, disse.

ONG Amigo Bicho

A denúncia de maus-tratos foi feita pela ONG Amigo Bicho, que procurou as autoridades depois de receber fotos e vídeos de bovinos em condições de sofrimento. Uma pessoa que estava no rodeio foi quem captou as imagens, segundo a tesoureira da entidade, Nais de Andrade. A ONG publicou em sua página no Facebook o material recebido e informou que era possível ver uma pessoa usando um equipamento para dar choques nos animais, método considerado extremamente cruel. Nais afirmou que sabe que os rodeios são importantes para a cultura do Rio Grande do Sul e que eventos assim evidenciam o tradicionalismo, entretanto defendeu que os exageros devem ser prevenidos e, caso constatados, punidos.

CTG Lenço Branco divulga nota

Após a ONG Amigo Bicho encaminhar denúncia de maus-tratos a animais à Secretaria de Meio Ambiente, o CTG Lenço Branco, promotor do rodeio no qual aconteceu o episódio, se manifestou sobre o caso, ainda na noite de quarta-feira, 6, por meio das redes sociais, através de nota oficial assinada pelo patrão da entidade, Jonas Heinen.

Na nota, a entidade esclareceu que não compactua com as atitudes tomadas no manejo do gado durante o evento e que as devidas medidas já estavam sendo tomadas junto aos órgãos públicos. “A entidade também vem a público esclarecer que o aluguel do gado, bem como os serviços de mangueira (manejo do gado) são terceirizados. Portanto, o CTG Lenço Branco não se responsabiliza pelos vídeos que circulam nas redes sociais, uma vez que a comissão organizadora, juntamente com o veterinário responsável, avisou o proprietário do gado para que parasse de usar choques durante o manejo do gado assim que ficaram sabendo do uso”, afirma a publicação do CTG.

Ainda de acordo com a nota, a entidade “sempre se comprometeu em realizar eventos que promovam a cultura, respeitando as legislações e atendendo ao bem-estar dos animais”.
Na tarde de quinta-feira, 7, a ONG Amigo Bicho compartilhou nas suas redes sociais a nota emitida pelo Lenço Branco, agradecendo o esclarecimento sobre os fatos ocorridos. A ONG ainda mencionou que “o CTG, assim como nós, da ONG Amigo Bicho, zela pelo bem-estar animal e estaremos sempre ao lado daqueles que não têm voz!”.

Mais sobre o caso

• Além das informações oficiais repassadas pelo Conselho Municipal de Proteção Animal (Compa), a reportagem da Folha do Mate apurou outras medidas encaminhadas em relação ao episódio de maus-tratos.

• A Inspetoria Veterinária de Venâncio Aires também será oficiada e, no documento, o pedido é para que apoie as autoridades na fiscalização durante os eventos, além da já tradicional vistoria para emissão da Guia de Transporte Animal (GTA).

• O gado utilizado no rodeio é de propriedade de duas pessoas, mas somente uma delas foi apontada durante as investigações, pois foi quem manejou o gado no dia do evento e aplicou os choques.

• Um contratado para auxiliar no manejo do gado no rodeio mantinha uma pista de laço clandestina, em Linha Tangerinas, que foi interditada pela fiscalização da Prefeitura durante a semana.