Natural de Venâncio Aires, a jornalista Ana Flávia Hantt, está desde o fim de fevereiro na Bélgica, país localizado no noroeste da Europa. Em relato enviado para a Folha do Mate nesta quinta-feira, 26, ela conta que chegou no local para passar uma temporada de 25 dias. Segundo ela, foi nesse fim de semana em que a Itália começou a anunciar dados mais alarmantes sobre o coronavírus.
“Em retrospecto, é surreal pensar que apenas um mês atrás eu pude pegar um ônibus que saiu de Milão, passou pela Suíça (onde eu estava), fez uma baldeação na França, e chegou a Bruxelas. Hoje, é impossível viajar entre qualquer um destes países”, conta. Segundo Ana Flávia, com o número de casos dobrando a cada dois dias, em média, a Bélgica decretou regras severas para a quarentena em 18 de março.
“Atualmente, a população está autorizada a sair de casa apenas para situações essenciais, como ir ao mercado e à farmácia, mas, ainda assim, apenas com um número limitado de clientes dentro das lojas, e respeitando o distanciamento físico de 1,5 metro.” Ela também compartilha que é permitido fazer pagamentos apenas com cartão de crédito ou débito – dinheiro é proibido. Além disso, quem sai de casa sem um motivo legítimo, pode ser multado em 350 euros, e até ir preso.
PLANEJAMENTO
A jornalista explica que pelo seu planejamento inicial, teria seguido viagem para o Reino Unido no dia 20 de março. Contudo, neste mesmo dia, a Bélgica fechou as fronteiras para sair e entrar do país. “Ninguém está autorizado, a não ser que seja um motivo essencial, como entrada de profissionais da saúde ou transporte de alimentos. Por isso, estou ‘presa’ na Bélgica aguardando o fim da quarentena, para ver o que será possível fazer”, observa.
A venâncio-airense está hospedada em Ronse, uma cidade de 25 mil habitantes da região de Flanders, que conforme ela é a mais atingida pelos casos de coronavírus. “Passados dez dias desde o início da quarentena, os ânimos têm estado tranquilos por aqui, dadas as circunstâncias”, avalia.
De acordo com Ana Flávia, o governo tem agido para minimizar o impacto da crise, aumentando em 40% o número de leitos de UTI no país, e também subsidiando contas de luz, água, gás e calefação para todos os desempregados. “Há também medidas para o subsídio de alimentação e ajuda às empresas. O pacote anunciado pelo governo é de 10 bilhões de euros”, acrescenta.
LEIA MAIS: Coronavírus, o assunto inevitável: um depoimento da jornalista Ana Flávia Hantt direto da Bélgica