Com ventos que chegaram a cerca de 100 quilômetros por hora (conforme estimativa da Defesa Civil), o temporal de terça-feira, 16, praticamente ‘varreu’ Venâncio Aires, derrubando postes, árvores e causando centenas de destelhamentos. O estrago foi tamanho que a quarta-feira amanheceu em meio a um cenário de guerra, considerado como algo nunca visto no município, além dos problemas consequentes de falta de água e energia elétrica – o que ainda segue em muitas localidades. Não foram apenas galhos quebrados ou algumas telhas soltas. A força do vento foi capaz de levar embora telhados inteiros e arrancar grandes árvores pela raiz, tanto na cidade, quanto no interior. Felizmente, ninguém se feriu, mas os prejuízos materiais ainda são contabilizados e o trabalho de limpeza das casas, ruas e estradas não tem dia para terminar.
Chamou muito atenção a quantidade de árvores quebradas (número ainda não contabilizado), de tipos e tamanhos variados. Embora existam espécies mais suscetíveis, independente de serem grandes, médias ou pequenas, dessa vez o vento não poupou. “Com a força do temporal de terça, mesmo as mais jovens ou com boa condição fitossanitária, acabaram quebradas”, observa a bióloga da Secretaria de Meio Ambiente de Venâncio Aires (Semma), Katiucia Rodrigues. O impacto do clima nessa semana foi atípico, mas, em situações de ventania mais branda, ainda assim algumas árvores são mais frágeis que outras. Segundo Katiucia, é o caso das muito grandes e mais velhas, como ingazeiros e tipuanas, estas ainda encontradas em alguns pontos da cidade, como nas praças centrais e no Acesso Dona Leopoldina, onde muitas acabaram arrancadas nesta semana.
Corte pós-temporal
Para o destino das árvores quebradas ou arrancadas com o temporal dessa semana, há algumas orientações excepcionais: árvore caída, no pátio ou calçada, o proprietário pode cortar o resto e aproveitar a lenha, por exemplo. Se alguma estiver apenas pendida, o cidadão também está autorizado a removê-la, mas neste caso a sugestão é fotografar primeiro, para evitar denúncias. E no caso de apenas estar receoso de que a planta possa cair, a orientação é procurar a Secretaria de Meio Ambiente. Se houver fios de energia soltos ou próximos, deve acionar a RGE.
Plantio pós-temporal
Devido à condição extraordinária deste temporal, a Semma vai disponibilizar mudas para quem deseja repor em casa, nas calçadas. Segundo Katiucia Rodrigues, serão oferecidos, a partir de abril, pés de pitanga, araçá e, principalmente, quaresmeira, a espécie mais indicada para as calçadas. É o mesmo tipo já plantado em parte da rua Osvaldo Aranha e a qual existe uma parceria com a RGE, o programa ‘Arborização mais segura’. “Ela é nativa, fica num porte menor, é ornamental e não agride com raízes. Por isso a quaresmeira é a mais indicada”, explica a bióloga.
Posso cortar árvores na minha casa?
• Uma das dúvidas mais comuns é sobre a autonomia do venâncio-airense quanto ao corte de árvores, seja na calçada, seja dentro do pátio. Katiucia Rodrigues explica que, assim como o cidadão é responsável pelo passeio público na frente de casa, também é pelas árvores do espaço.
• Do que está na calçada, independente de ser uma planta nativa ou exótica, a remoção vai precisar de autorização da Semma.
• Do que está dentro do pátio, caso forem exóticas, o cidadão pode remover livremente as árvores, sem licença. Entre as exóticas mais comuns nas casas venâncio-airenses estão a tipuana, palmeira-real, jacarandá, flamboyant, palmeira-fênix, canela, goiabeira e frutíferas, especialmente as cítricas.
• Já para as nativas dentro dos pátios, precisa de autorização para cortá-las. No município, as mais tradicionais são pitangueiras, araucárias, cerejeiras, jabuticabeiras, coqueiros e ipês.
• Qualquer dúvida, os contatos da Semma são o telefone 2183-0738 ou WhatsApp 99791-1840.
Podas inadequadas podem contribuir para a queda das árvores
Segundo a bióloga da Semma, para realizar a poda dentro do pátio ou na calçada, o cidadão não precisa de licença. No entanto, é orientado que não se retire mais de 30% da copa e que a poda ocorra entre os meses de maio e agosto.
Remover todos os galhos é considerado poda drástica e pode trazer riscos. “Vimos muito no inverno, de ficar só o tronco. Isso deixa a árvore suscetível à entrada de fungos e pode comprometer a sanidade da planta. Sabemos que uma árvore ‘doente’ fica mais fraca ou mesmo oca, como era a situação de algumas das árvores que caíram com o vento”, destaca Katiucia Rodrigues.
Plantio proibido
• O decreto municipal 4.326/2008 proíbe o plantio na arborização pública de algumas espécies, entre elas a tipuana, ligustro, jambolão, figueira-de-jardim, plátano, tuia, álamo e cipreste.
“A instalação adequada do telhado pode ajudar a evitar prejuízos”, orienta arquiteto
O temporal também levou telhas de barro, aluzinco e fibrocimento de centenas de casas e até de empresas. Em casos mais graves, chegou a arrancar toda a estrutura, como aconteceu na residência do autônomo Paulo Milton Guth, 60 anos, morador do bairro Morsch.O teto de Brasilit foi completamente arrancado e parou a uns 10 metros da casa.
O vendaval de terça foi atípico, mas, mesmo em situações de ventos mais fracos, algumas casas também sofrem com destelhamentos. Nesse sentido, o arquiteto e engenheiro de segurança Alexandre Bock entende que na instalação de um telhado é importante observar a técnica. “Quando temos um destelhamento, salvo grandes catástrofes, aquelas que atingem a grande maioria das construções, o motivo sempre é uma pequena falha que inicia o processo e desfaz a resistência do conjunto. A instalação adequada pode ajudar a evitar prejuízos.”
Bock, que também integra o Conselho Municipal de Habitação de Interesse Social como representante da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Venâncio Aires (Asseava), reforça que uma manutenção nos telhados, de tempos em tempos, é recomendada, com o reaperto dos parafusos de fixação. “Quando tiverem que instalar equipamentos no telhado, chamem a atenção das pessoas que vão trabalhar. Telhas quebradas devem ser substituídas e os parafusos devem ser recolocados e bem apertados. Outro fator de segurança é evitar ter grandes árvores nas proximidades das construções e, quando tiver, é preciso observar bem a sanidade delas.”
Dicas para construção do telhado
• Estrutura: Segundo Alexandre Bock, o dimensionamento da estrutura de ferro ou madeira deve ser feito por um profissional e atendendo às especificações de cada tipo de telha; é importante pregar de forma uniforme as tesouras ou suportes de madeira, evitando partes soltas. Nas estruturas metálicas, o princípio é o mesmo com parafusos e solda.
• Ancoragem: Bock destaca que é extremamente importante ajustar a fixação da estrutura do telhado em pontos seguros da construção, pois com a utilização de telhas cada vez mais leves, é grande a tendência do telhado ‘voar’. “Amarração uniforme na construção evita esse efeito.”
• Fixação de telhas: O profissional comenta ainda que as telhas de fibrocimento e aluzinco podem variar de tamanho, mas o que não pode é aumentar demais o espaçamento entre as terças (que sustentam as telhas) e não economizar em parafusos, aplicando em todas as terças. Já nos telhados com telha cerâmica, o cuidado deve ser a fixação das telhas do beiral, para evitar que a primeira levante e siga o efeito sobre as outras.
Vidros
• O temporal desta semana ainda destruiu grandes vidraças, como em fachadas de lojas. Nesse caso, o arquiteto Alexandre Bock explica que se deve atender à especificação do fabricante, pois economizar na espessura do vidro ou no tipo (laminado, temperado ou vidro comum), depende também da dimensão que vai ocupar.