Natural de Estrela, no Vale do Taquari, Ervino Leopoldo Kuhn constituiu a vida familiar e os negócios no distrito onde hoje é Mato Leitão. Depois de viver por um tempo em Cruzeiro do Sul com os pais, cidade onde aprendeu o ofício de alfaiate, mudou-se para o distrito de Venâncio Aires, onde hoje é a Cidade das Orquídeas, após o casamento.
Segundo uma das filhas, Nívia Barden, 70 anos, o pai costurou fatiotas até se aposentar, mesmo que durante esse tempo também trabalhou como comerciante. Ela recorda que a família tinha uma casa, onde hoje é a rua Ervino Leopoldo Kuhn, e mais tarde eles passaram a viver na rua Cônego Pedro Henrique Vier, terreno onde ela mora hoje. No local, além da residência, funcionava a alfaiataria do pai.
Mais tarde, em parceria com a filha mais velha Olanda Henkes e o genro, se aventurou na abertura de um comércio onde hoje funciona a agência da Sicredi, denominado de Henkes e Kuhn. “Naquele tempo, os comércios do interior vendiam de tudo, como produtos para alimentação e roupas”, comenta.
Mesmo com uma nova profissão, Ervino não deixou para trás o ofício de alfaiate. “Naquela época, os homens não iam à missa sem a fatiota. Então, sempre tinha muito trabalho e ele gostava muito da profissão dele. Os ternos dos noivos da época praticamente todos foi ele quem fez”, relata Nívia.
A filha também conta que ele amava muito Mato Leitão e acreditava no crescimento da cidade. “Ele sempre dizia: Mato Leitão vai ficar grande ainda, vocês vão ver”, lembra. Por isso, para a família, ele ter sido homenageado com a indicação do seu nome para a rua foi algo muito importante. “Para nós, foi muito bom a rua receber o nome dele, porque ela atravessa as terras que ele tinha e amava”, ressalta.
Nívia também compartilha que, após o falecimento do pai, há 24 anos, quando ele tinha 85 anos, a família construiu um loteamento nas áreas de terra dele. Os terrenos estão compreendidos em parte do trajeto da rua Ervino Leopoldo Kuhn. Além disso, os descendentes fizeram a doação para a abertura das ruas nesse loteamento, uma delas a via que recebeu o nome do alfaiate.
DEDICAÇÃO
Além de confeccionar fatiotas, Ervino, que teve seis filhos, se dedicava a ensinar a outros jovens o ofício de alfaiate. “Os aprendizes ficavam em nossa casa, aprendiam com ele e depois iam para as suas localidades trabalhar. Ele gostava de ensinar”, relembra a filha. Nívia também cita que, por meio do comércio, o pai colaborou com a construção da igreja Matriz Santa Inês, através de doações.
Como ele e a esposa, que era costureira, trabalhavam com a confecção de peças de vestuário, Ervino primava pelo capricho com as roupas usadas pela família. Ele também ensinou aos filhos a importância do trabalho e de nunca gastar mais do que se ganha.
Apesar de ter falecido poucos anos depois da emancipação de Mato Leitão, Ervino teve o orgulho de ver o neto Décio Henkes ser eleito o primeiro vice-prefeito da Cidade das Orquídeas. A filha relembra que os pais sempre tiveram muito envolvimento com a comunidade também. Além disso, ela cita como uma peculiaridade que o pai foi o primeiro morador do distrito a ter um rádio e que, por causa do comércio, foi uma das primeiras pessoas a ter carros, auxiliando outros integrantes da comunidade nos deslocamentos.