A safra nas indústrias de tabaco de Venâncio Aires começou, na maioria, em fevereiro. E, embora as contratações ainda estejam acontecendo, a expectativa é de que os números não superem os de 2020. “Na melhor estimativa, deve ficar igual. Mas é provável que o número seja até 10% menor que o ano passado”, projeta o presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores das Indústrias do Fumo e Afins (Fentifumo), Gualter Baptista Júnior.
Se essa queda se confirmar, a quantidade de contratos não chegará a 10 mil, considerando a região de Santa Cruz do Sul e Venâncio Aires, os maiores contratadores. Por outro lado, com menos pessoas nas tabacaleiras, a tendência é de uma safra mais longa para dar conta do processamento. “Já ouvi de algumas empresas que a extensão pode chegar a novembro”, revelou Baptista.
Costumeiramente, o ‘grosso’ da temporada é de março a agosto. Mas, como a pandemia segue em 2021, esse movimento diferente pode acontecer. No ano passado, por exemplo, muitos dos safreiros (e mesmo efetivos) acabaram dispensados porque integravam o grupo de risco – mais de 60 anos ou que tomam medicação contínua, por exemplo.
Segundo o presidente da Fentifumo, ainda em 2020, a federação procurou as indústrias para tentar assegurar as contratações de maneira global, sem excluir a de mão de obra dos chamados grupos de risco. “Mas, infelizmente, temos recebido muitas ligações de pessoas não estão sendo chamadas. Então tem havido alguma escolha, devido aos grupos de risco.”
Normalidade
Embora as empresas tiveram que adaptar atividades da safra em função dos protocolos Covid, de forma geral os relatos são de que os trabalhos seguem dentro do planejado. Na Alliance One, por exemplo, a assessoria de Comunicação informou que a expectativa é de que a atividades se estendam de acordo com os períodos das últimas safras. A comercialização deve encerrar na metade de julho e o processamento em setembro.
Comercialização
Segundo informações da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), até o momento 63% do tabaco cultivado na região de Venâncio Aires já foi comercializado.
A 10ª safra da Cleni
Iniciando em fevereiro e com um contrato de cinco meses, Cleni Schoeniger Vaz, 46 anos, sabe que trabalhará, pelo menos, até julho. Ela é ‘alimentadora de manoca’ na CTA.

Em 2020, por tomar medicação contínua para pressão arterial, Cleni também acabou dispensada com poucas semanas de trabalho. Agora, ela comemora mais uma oportunidade e está na 10ª safra. “Estou feliz de poder trabalhar de novo”, resume.
Na volta à empresa, em plena pandemia, Cleni cita que, além do uso da máscara, os funcionários precisam sempre higienizar as mãos em álcool gel e manter o distanciamento, como na formação de filas e para o almoço no refeitório.