Cristiano Zluhan Pereira é coordenador do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Univates (Foto: Arquivo pessoal)
Cristiano Zluhan Pereira é coordenador do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Univates (Foto: Arquivo pessoal)

Nesta segunda-feira, 15, comemora-se o Dia do Arquiteto e Urbanista no Brasil, data que homenageia o aniversário de Oscar Niemeyer e celebra a importância desses profissionais na criação de cidades e espaços mais humanos e funcionais. Para entender as transformações que envolvem a profissão e o que é tendência na área, a Folha do Mate entrevistou o coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade do Vale do Taquari (Univates), Cristiano Zluhan Pereira.

Ele destaca a necessidade cada vez maior de que os arquitetos desenvolvam um olhar amplo sobre a sociedade. “As demandas atuais exigem um profissional com amplo conhecimento em diversas áreas, o que torna mais restrito o trabalho direcionado a uma única especificidade”, explica. Confira a entrevista completa:

Folha do Mate: O que define o trabalho de um arquiteto hoje?

Cristiano Zluhan Pereira: O trabalho do arquiteto sempre foi muito amplo, abrangendo desde a escala de um projeto de interiores até o planejamento de uma cidade inteira. Entretanto, essa atividade foi sendo demandada com mais ênfase em algumas especificidades ao longo da história. Isso ocorreu, por exemplo, na criação de edificações institucionais em períodos de maior crescimento econômico, na construção de conjuntos habitacionais durante a implementação de diversos programas de moradia, ou por ocasião do crescimento e planejamento de cidades, para citar alguns exemplos. Mais recentemente, o profissional de arquitetura e urbanismo tem sido solicitado para atuar na reconstrução de cidades, na mitigação de danos decorrentes dos efeitos climáticos e na reflexão sobre as novas formas de morar, que englobam desde outras organizações familiares, o trabalho remoto e a ocupação e a mobilidade urbana.

Quais habilidades um arquiteto precisa ter?

Cada vez mais, o profissional de arquitetura precisa considerar diversos conhecimentos simultaneamente para garantir a qualidade da edificação ou do espaço aberto. Dimensões adequadas, boa iluminação, ventilação correta, climatização, eficiência energética, elementos naturais, materiais utilizados, ergonomia, reaproveitamento e mitigação são, entre tantos outros, os conhecimentos que precisam ser integrados ao projeto ou planejamento. As demandas atuais exigem um profissional com amplo conhecimento em diversas áreas, o que torna mais restrito o trabalho direcionado a uma única especificidade. A necessidade e a importância do trabalho do arquiteto têm sido evidenciadas e reconhecidas ainda mais atualmente.

Quais mudanças recentes mais impactaram a profissão?

Sem dúvida alguma, o desafio de trabalhar com as mudanças climáticas é o maior impacto na profissão. Mesmo possuindo esta habilidade em sua formação, a constante atualização profissional é exigida, sendo extremamente necessária nesta área. As cidades, o transporte público, as empresas, as casas e as atividades de lazer estão em processo de adaptação às condições climáticas mais adversas. Cada vez mais, a capacidade de projetar e construir ambientes com conforto térmico, baixo consumo de energia, redução de resíduos e otimização dos deslocamentos tem sido um diferencial para os profissionais arquitetos e urbanistas. As ferramentas de trabalho caminham no mesmo sentido: na adaptação e criação de softwares que realizem essas análises e apoiem as decisões projetuais.

Quais tendências estão guiando a arquitetura em 2025 e o que se projeta para os próximos anos?

Vivemos em um país de grande diversidade cultural e climática. Em uma escala mais regional, também observamos grandes diferenças de costumes e modos de viver. De qualquer forma, uma tendência geral, na minha opinião, tem sido a reconexão com elementos da natureza. Os espaços, sempre que possível, estão sendo projetados para considerar a integração do espaço aberto ao edifício. Os ambientes internos apresentam mais ornamentos vegetais, maior utilização de luz natural e melhor qualidade na ventilação. Mesmo nos espaços corporativos, o uso de estratégias bioclimáticas passivas têm sido mais frequentes. Tais estratégias são técnicas de projeto arquitetônico que utilizam o clima local e recursos naturais (sol, vento, vegetação) para climatizar, iluminar e ventilar edifícios. A tendência para os próximos anos é a ampliação desta forma de projetar e construir, considerando os recursos naturais e diminuindo o gasto energético.

Alan Faleiro

Com foco na produção de notícias sobre negócios, contribui para divulgar o que é relevante no mundo corporativo e tudo o que mais impacta a comunidade local.

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