Dois dias decisivos para a acreditação do HSSM

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Esta quinta, 2, e sexta, 3, serão dias ‘D’ para o Hospital São Sebastião Mártir (HSSM). Isso porque a instituição vive a expectativa de conseguir a chamada acreditação, ou, em outras palavras, um certificado que ateste a qualidade e a segurança da assistência no setor de saúde.

Serão apenas dois dias de avaliação de um processo que começou ainda em 2018. Nos últimos três anos, a instituição tem buscado padronizar diversos requisitos importantes, principalmente no que diz respeito aos processos internos de comunicação relativos ao paciente. Ou seja, a maior mudança não acontece na estrutura física (embora houve adequações), mas nas informações de todas as atividades que precisam estar devidamente descritas. “Fazemos as práticas, mas precisa estar escrito. Tudo é revisado nos protocolos, para estar de acordo com as normativas e aí se tem condição de rastrear as informações”, explicou a gerente de Qualidade, Susan Artus Dettenborn.

Susan, aliás, faz parte de uma mudança importante no processo da acreditação. Há cerca de um ano, ela passou de gerente Assistencial e de Qualidade, para ser exclusivamente de Qualidade. Quanto à parte assistencial, esta também virou uma gerência com outros setores dentro dela. Na prática, cada uma das gerências do HSSM faz seu próprio trabalho de Qualidade, mas todas estão sob o ‘guarda-chuva’ da Gerência de Qualidade.

Toda a reestruturação interna foi necessária para elevar e padronizar o atendimento que visa a segurança do paciente. O hospital precisará comprovar padrões definidos pela Organização Nacional de Acreditação (ONA), que tem empresas credenciadas para avaliar as instituições. No caso de Venâncio, é o Instituto Brasileiro para Excelência em Saúde (IBES), de São Paulo, a acreditadora responsável pela aplicação da metodologia.

Nas escadas do HSSM, palavras e frases para mobilizar os funcionários. (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)

Hoje e amanhã, das 8h às 18h, entre quatro e seis avaliadores farão questionamentos e pedir documentos. A avaliação será on-line, mas, caso peçam para ver a prática acontecendo, os setores poderão ser visualizados através de chamadas de vídeo. “O hospital respira, pensa e fala em acreditação. Estamos com os processos para avaliação prontos, mas depois tudo continua. Porque se conseguirmos a acreditação, não é algo que ficará numa prateleira. Os processos são contínuos, porque tudo precisa continuar sendo revisado e adequado”, destacou o administrador do HSSM, Luís Fernando Siqueira.

Entre as melhorias físicas, banheiros foram adaptados em quartos para acessibilidade. (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)

Prática

  1. Para garantir a segurança do paciente na prática, ponto central dessa acreditação, vários requisitos são importantes. Entre eles, a aplicação correta da medicação (verificar doses certas e se existe alergia a algum componente, por exemplo).
  2. A comunicação também é fundamental, para garantir a organização da conduta terapêutica do paciente, ou seja, fazer com que o prontuário médico, que passa pelas mãos de vários profissionais diferentes, tenha notas completas.
  3. “Precisamos garantir que todas as informações do paciente estejam completas. Quanto mais padronizado e mais formalizado, menor a margem de erro, repetição ou demora”, explicou o administrador do HSSM.
  4. Ainda conforme Luís Fernando Siqueira, os processos ficarão cada vez mais multidisciplinares. “A assistência ao paciente ficará cada vez menos sob responsabilidade de apenas um profissional. Por isso a implementação da farmácia clínica e da nutrição clínica, onde profissionais especializados vão interagir com os médicos.”
  5. A grande mudança diz respeito aos processos, mas houve alterações físicas também. Entre elas, a adaptação em alguns banheiros que garantiu quartos com a acessibilidade e a sala de Engenharia Clínica, um setor novo e que será destinado à manutenção preventiva e corretiva de equipamentos.

Se aprovado, HSSM será o quarto na região dos Vales a ter certificação

Com a acreditação, o hospital vive a expectativa de conseguir algo que apenas 8% dos hospitais gaúchos já conseguiram. De um total de 312 instituições, apenas 25 têm alguma certificação.

O certificado buscado pela instituição de Venâncio Aires é o de nível 1, quando a organização de saúde cumpre ou supera, em 70% ou mais, os padrões de qualidade e segurança definidos pela ONA. São avaliadas todas as áreas de atividades, incluindo aspectos estruturais e assistenciais, e o certificado é válido por dois anos.

Se conseguir a aprovação, o HSSM será o quarto nos Vales do Rio Pardo e Taquari a ter a acreditação. Na região, o Hospital Santa Cruz é nível 1, o Hospital Estrela é acreditado nível 2 (pleno) e o Hospital Bruno Born, de Lajeado, já tem a certificação de excelência, que é o nível 3.

Além da qualidade e segurança do paciente, a aprovação deve garantir um incremento de recursos por parte de operadoras de saúde. “Mesmo sem estimativa, as operadoras devem passar a aumentar as remunerações ao hospital, o que ajudaria nas receitas”, explicou Luís Fernando Siqueira.

Questionado sobre as chances do hospital, o administrador se mostrou otimista. “Considerando toda evolução que tivemos nos últimos meses e o envolvimento de todos, a confiança é grande. E é preciso considerar que o hospital passou por esse processo entre uma crise financeira e uma pandemia, então é um passo arriscado, mas grandioso.”

Se não houver aprovação (o resultado será divulgado em até 30 dias), o trabalho segue. Seja para corrigir pontos ainda pendentes, seja para tentar uma nova acreditação em alguns meses.

Compreensão

Com a reorganização dos processos, informações serão cada vez mais necessárias e, como tudo precisa ser documentado, o movimento de um paciente dentro do hospital ficará mais burocrático.

Por exemplo: a religião da pessoa é algo que precisa estar discriminado, já que algumas crenças não permitem determinados procedimentos. Além disso, se tem espaço para o nome social da pessoa e essa informação também vai na pulseira de identificação. “Algumas pessoas se sentem ofendidas com certas perguntas, mas elas precisam ser feitas. É para segurança do paciente. Acho que o processo de acreditação vai tocar, e muito, na questão cultural do hospital e da comunidade”, avaliou a gerente de Qualidade, Susan Artus Dettenborn.

Ainda conforme Susan, tudo que for urgência e emergência, continuará sendo priorizado. “Embora se tenham protocolos desde a entrada do paciente, a urgência é prioridade. A comunidade pode ficar tranquila, porque o risco à vida não se espera.”

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são as áreas de gestão que serão avaliadas, entre elas de liderança organizacional, suprimentos e logística, de pessoas e acesso ao cuidado.



Débora Kist

Débora Kist

Formada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) em 2013. Trabalhou como produtora executiva e jornalista na Rádio Terra FM entre 2008 e 2017. Jornalista no jornal Folha do Mate desde 2018 e atualmente também integra a equipe do programa jornalístico Terra em Uma Hora, veiculado de segunda a sexta, das 12h às 13h, na Terra FM.

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