Janeiro começou em queda de 37,7% nas exportações gaúchas em comparação ao mesmo mês no ano anterior. Segundo os dados divulgados pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), também foi o pior resultado para o mês nos últimos quatro anos.
O cenário já vinha desde 2019, uma vez que o ano fechou com recuo de 11% nas exportações industriais, mostrando que outros países são essenciais nesse processo. Uma das explicações para o resultado do ano anterior é a crise na Argentina. O país é o terceiro maior comprador do Brasil.
O quadro apresentado em janeiro também tem como razão a diminuição das exportações para a China e Estados Unidos. Os pedidos do país asiático reduziram em 64,2%, com destaque para a celulose e papel que tiveram 91,7% de diminuição.
Já nos Estados Unidos, a venda de celulose e papel também diminuiu consideravelmente, marcando 71,1%. A compra de produtos químicos teve redução de 16,1% e de metal 24%.
No cenário geral das exportações do Rio Grande do Sul em janeiro, sem considerar o país de destino, celulose e papel tiveram redução de 88,1% e de tabaco 50,2%. Outros setores que se destacam são os veículos automotores, reboques e carrocerias com 30,3% e os químicos com 21,4%.
A retração do tabaco pode ser explicada pela antecipação do embarque, enquanto o resultado dos veículos se deve ao recuo nas exportações para a Argentina. Quem registrou crescimento foi o setor de alimentos, com 22,9% de alta. Os resultados se devem a maior demanda para frango e suíno in natura.
Impacto do coronavírus
Os resultados do mês de janeiro saíram no início de fevereiro, quando os impactos do novo coronavírus na economia ainda não eram perceptíveis. No entanto, os dados referentes a fevereiro mostram outro cenário.
Com a interrupção das cadeias de suprimento, não foram só as exportações que foram afetadas, mas as importações para o Rio Grande do Sul. Os insumos e produtos comprados do país asiáticos diminuíram em 17,7% em fevereiro, na comparação com o mesmo mês em 2019, segundo a Fierg.
Os setores mais afetados foram os rolamentos e engrenagens, que registraram diminuição de 35%, e peças para veículos automotores, com 23,5%. A falta dos produtos pode diminuir, ou até mesmo paralisar, as linhas de produção.
As exportações gaúchas caíram 29% no primeiro bimestre, enquanto as exportações para a maior comprador, a China, caiu 57,9%. Segundo a Fierg, o resultado ainda não está relacionado com o novo coronavírus, mas com os embarques antecipados do tabaco.
A longo prazo, ainda não se sabe quais serão os efeitos da pandemia na economia global. A queda das bolsas é um reflexo da diminuição das atividades econômicas e da desaceleração da economia. Sem projeções futuras concretas, o cenário se torna incerto, o que gera uma ansiedade no mercado mundial.
Recuperação parcial do setor avícola
Nem tudo são notícias negativas, 2020 também marcou a recuperação parcial do setor avícola no Rio Grande do Sul. Foram 53,4 mil toneladas exportadas no mês de janeiro, um salto de 98,7% se comparado ao mesmo mês no ano anterior.
A expectativa da Associação Gaúcha de Avicultura é de que os os números tenham patamares mais realistas nos próximos meses. Isso, porque os números registrados em janeiro de 2019 marcaram uma grande retração no mercado, por isso a comparação com 2020 mostra um grande aumento.
Vale lembrar que em 2019 houve embargo por parte da União Europeia, por causa da operação Carne Fria. A recuperação em 2020 é positiva e deve seguir para compensar os resultados dos anos anteriores.
No cenário nacional, a avicultura exportou 323,8 mil toneladas em janeiro de 2020. O avanço em relação ao ano anterior é de 14,9%.