Separados a uma distância de mais de 4 mil quilômetros, Glaucia Lopes da Silva Tavares, 38 anos, e Fabiano do Prado Puglia, 32 anos, se conheceram através de um jogo virtual, há sete anos. A posição geográfica, de Uruguaiana (Rio Grande do Sul) e Terezina (Piauí) não impediu de aproximar o casal, que logo, trocaram contatos e começaram a se falar com mais frequência, pelo WhatsApp.
A conexão entre ambos foi ficando cada vez mais forte, depois que eles perceberam que tinham dores, anseios e desafios em comum. “Durante as ligações, nós desabafávamos os nossos problemas pessoais, um com o outro”, afirma Glaucia, natural de Terezina.
Ambos, tiveram uma infância e adolescência conturbada, Glaucia enfrenta problemas físicos e Fabiano, psicológicos. Em meio a esta situação, eles encontraram suporte um no outro e decidiram viver juntos, em Venâncio Aires.
Glaucia, portadora de artrite reumatóide e fibromiaugia, foi abandonada pela família após o falecimento do pai, em decorrência de um câncer, há 4 anos. “Minha mãe saiu de casa e foi morar no Maranhão desde cedo, deixando para trás o meu pai, eu e minhas duas irmãs”, recorda. A jovem teve uma vida normal até os 7 anos. Mas, após o diagnóstico de uma artrite reumatóide e fibromiaugia, ela se tornou dependende de outras pessoas, para realizar a sua rotina habitual e, começou a fazer uso de cadeira de rodas. “Depois da morte do meu pai eu fui abandonada pela minha família. Eram os meus vizinhos que me davam banho, comida e cuidavam de mim. O abandono é algo muito triste, uma coisa que não se faz nem com cachorro”, recorda Glaucia, que encontrou forças para vencer a situação, quando percebeu que outras pessoas também passavam por uma situação de vida difícil, assim como, o confidente Fabiano Puglia, de Uruguaiana, que também não tinha um bom relacionamento em família.
O encontro
O contato virtual começou a ficar cada vez mais frequente entre Glaucia e Fabiano. A semelhança de vida aproximou os dois, que com o passar do tempo, decidiram morar juntos, em Venâncio Aires. Em outubro de 2020, Glaucia saiu de Terezina com destino a Venâncio Aires, ao encontro do atual companheiro. “Eu fui na rodoviária para buscar ela e estava ansioso por este dia”, recorda Puglia, que na época, já morava em uma pensão em Venâncio Aires.
Desde que começaram a viver juntos, Gláucia e Fabiano encontram suporte um no outro. Há um ano, para complementar a renda, eles vendem balas e pirulitos na esquina da rua Osvaldo Aranha com a Jacob Becker. Todos os dias, eles se deslocam, com dificuldade até o Centro de Venâncio para realizar este trabalho.“Ele é a minha motivação para levantar todos os dias para sair para trabalhar”, afirma Glaucia, que é cadeirante e que vive com um auxílio do governo.
O casal afirma que foi muito bem recebido na Capital Nacional do Chimarrão. “Já fui abandonada pela minha família e não queremos abandonar um ao outro. Só queremos ter uma vida mais tranquila, depois de tudo que já enfrentamos”, projeta Glaucia.
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