
Há pouco mais de duas semanas, Luiza Lazzaretti, de 35 anos, passou por um grande susto, quando soube que o filho Davi, de apenas 3 anos, tinha se engasgado com um pedaço de melão, durante um lanche, na Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Osmar Armindo Puthin. De acordo com o relato da mãe, o pequeno foi salvo pela rápida execução, por parte de uma professora, de manobra de desobstrução das vias aéreas.
Se a situação não passou de um susto é por que diversos professores da rede pública de ensino da Capital Nacional do Chimarrão passam por treinamento para situações emergenciais como a que o pequeno viveu. A medida ocorre a partir de uma lei federal, a Lei Lucas.
A legislação prevê que estabelecimentos de ensino de educação básica da rede pública, por meio dos respectivos sistemas de ensino, e os estabelecimentos de ensino de educação básica e de recreação infantil da rede privada, devem capacitar professores e funcionários em noções de primeiros socorros.
“A pergunta que a gente fica fazendo é: e se a professora não tivesse percebido ou se não soubesse fazer a manobra? Elas salvaram a vida do Davi. A gente não sabe para o que evoluiria se não tivesse essa intervenção delas”, observa a mãe.
Treinamento da Lei Lucas
Em Venâncio Aires, o treinamento relacionado à Lei Lucas foi ministrado por profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), em 2023, para professores das redes municipal e estadual. “Através dos ensinamentos dessa formação, já foi possível intervir em casos de engasgo em escolas municipais, prestando primeiro socorro e, em seguida, procedendo à remoção atendimento médico especializado, preservando vidas”, avalia o secretário de Educação, Émerson Eloi Henrique.
Conforme a coordenadora do Samu em Venâncio Aires, Patrícia Mello da Silveira, na oportunidade, o evento reuniu mais de 800 pessoas. Além de abordar engasgo, também foram apresentadas as formas de agir em caso de parada cardíaca, quedas, acidentes com animais peçonhentos, corpo estranho no nariz e no ouvido, entre outros.
Para ela, o resultado prático é muito positivo para a equipe: “É gratificante saber que a nossa capacitação foi usada, foi colocada em prática pelos professores e salvou vidas. A gente sempre falava que queria ensinar e não precisar, mas que, se precisasse, os professores estariam prontos e capacitados para agir naquele momento do primeiro socorro. Então, nós ficamos muito felizes, sabemos que é uma educação que tem que ser contínua.”
Lei Lucas
- O nome é uma alusão ao menino Lucas Begalli, de 10 anos, que morreu em decorrência de uma asfixia durante uma excursão da escola, localizada em Campinas, em São Paulo. Ele se engasgou com a salsicha de um cachorro quente e não recebeu os primeiros socorros adequados, em 2017.
- A lei foi sancionada em 2018, resultado do esforço da mãe de Lucas, Alessandra, que passou a lutar para que mais profissionais estejam capacitados para socorrer crianças em situação de emergência.