A elevação do preço da carne, principalmente bovina, já é percebida no bolso do consumidor. A possibilidade de que esse aumento permaneça no início de 2020 preocupa também produtores e comerciantes. Cresceu muito a demanda da China por carne de frango e bovinos, uma vez que seu rebanho suíno foi atingido pela peste africana, que avança pelo Vietnã e outros países asiáticos e chega às fronteiras da Rússia, outro gigante no consumo de carne suína.
Além disso, existe o período de entressafra, que ajuda a reduzir a oferta de gado nos campos. Alguns cortes já tiveram reajustes nos valores, aponta pesquisa da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas). Nas primeiras semanas de novembro se confirma a tendência de alta nos preços das carnes, com destaque para a costela suína e o coxão de dentro bovino.
EXPECTATIVA
O diretor comercial da rede Super Lenz, Roderlei Lenz, informa que a tendência é de que o aumento no preço chegue em dezembro a pelo menos 35%. “A elevação no preço das carnes atinge todas as variedades, mas principalmente rês”, diz. Ele destaca também que a carne suína teve elevação, mas com menos intensidade se comparado com outubro. A média de elevação está em torno dos 25%, enquanto que a carne de frango tem aumento de 20%. “Apesar da época de fim de ano ser um período com maior consumo de carne, pode ocorrer uma diminuição por cortes diversos na carne bovina e suína”, destaca.
Reflexo imediato e tendência de mais aumento
Diretor do Frigorífico Kroth, Fábio Kroth confirma a majoração no preço da carne em função da disparada das exportações para a China. “É uma grande demanda, de uma hora para a outra, daí temos este reflexo imediato”, esclarece. De acordo com ele, o mercado externo é mais lucrativo para as plantas autorizadas a realizar as operações. “O abate para exportação cresceu muito. E, como o produtor identifica esse aumento de demanda, passa a cobrar mais pelo produto. Aí todos repassam adiante”, explica.
Segundo Kroth, a tendência é de que o preço continue subindo. “Não tem teto. Quem vai dizer até quanto pode pagar é o consumidor. Aos poucos, teremos uma redução do consumo, que é o que vai determinar a estabilização do valor”, comenta. O diretor ressalta que “o mercado está agitado e os percentuais de aumento ainda devem ser repassados nos próximos dias”. Kroth não descarta que falte carne nos estabelecimentos comerciais. “O chinês, quando diz que quer alguma coisa, não brincam. É a lei do mercado, quanto mais procura, maior o preço. E a exportação é realmente um negócio da China”, afirma. O Frigorífico Kroth não exporta carne, mas planeja buscar autorização para realizar as operações no futuro.
EXPORTAÇÕES
• O Departamento de Economia e Estatística (DEE) do Rio Grande do Sul observa que houve um crescimento nas exportações gaúchas no terceiro trimestre para a China. Os embarques de carne de frango dispararam 201,1% frente a igual período de 2018. As exportações de carne bovina tiveram alta de 142,4% e a suína alcançou um incremento 111,7%.
ELEVAÇÃO
• Coxão de dentro bovino: 5,8%
• Costela minga bovina: 1,5%
• Paleta bovina: 3%
• Frango: 4,7%
• Costela suína: 6,9%
• Lombo suíno: 3,9%
• Paleta suína: 4,8%
• Pernil suíno: -0,4%
Fonte: Pesquisa realizada pela Agas entre as primeiras semanas de outubro e novembro.
*Colaborou Cristiano Wildner