Silvano, ao lado da filha Daniela, está com 76 anos e já presidiu a Caciva (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)
Silvano, ao lado da filha Daniela, está com 76 anos e já presidiu a Caciva (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)

A família do empresário Silvano Hansel, 76 anos, vive dias mais tranquilos depois que um acordo tirou o risco de ele perder a casa onde mora, em Venâncio Aires. Isso porque, desde a metade de julho, foi cancelada a penhora do único imóvel de Hansel.

Nome conhecido na cidade, o empresário, que gerenciou por anos a Hansel & Jaeger – Cachoeira de Tintas, e presidiu a Câmara do Comércio, Indústria e Serviços de Venâncio Aires (Caciva), corria o risco de literalmente ficar sem um teto depois que o Supremo Tribunal Federal (STF), em março, permitiu a penhora daquele bem de família que é dado em garantia pelo fiador (em contrato de locação de imóvel comercial) para quitar a dívida deixada pelo inquilino.

Ou seja, mesmo que às vezes um fiador tenha apenas um único imóvel, ele poderá sim ser usado como forma de pagamento pelo que é devido. Como Hansel foi fiador de um imóvel comercial em Porto Alegre, em 1989, e o locatário ficou meses sem pagar o aluguel, a decisão do STF abrangia o caso dele. O que agravou a situação foi que processo correu à revelia, sem defesa, já que nos últimos anos os esforços da família se concentraram em outro ponto: Hansel sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) em 2010 e, desde então, está com a saúde comprometida.

Acordo

Nos últimos meses, o advogado da família defendeu judicialmente a ‘impenhorabilidade de bem’, mas, mesmo após recorrer, acabou negado. A situação veio a público, tanto nas redes sociais como pela Folha do Mate, o que alcançou muitas pessoas. “Amigos, conhecidos, familiares. Gente de Venâncio e de fora também. Todos sensibilizados com a situação do pai e se oferecendo para ajudar de alguma forma. É imensurável o que chegou de contatos com sugestões de como resolver esse impasse, ou pessoas se solidarizando com a gente”, destaca a filha, Daniela Hansel.

Motivados por familiares, ela revela que começaram os contatos com a parte cobradora, para tentar um acordo. Na prática, a proposta era que não houvesse cobrança de juros, multas e uma redução também nos honorários de sucumbência (valores que a parte vencida em um processo precisa pagar ao advogado da vencedora). “A advogada e os proprietários do imóvel, de Porto Alegre, se sensibilizaram demais. Entenderam e conseguimos chegar a um valor muito próximo disso.”

A filha de Silvano Hansel conta que também foi realizado um acordo com os demais envolvidos no processo, onde cada um se responsabilizou pelo pagamento de uma porcentagem da dívida, o que colaborou para um desfecho positivo à questão. Com isso, a dívida que já havia sido negociada com os cobradores, ainda foi dividida com as outras partes do processo, para que o acordo fosse homologado. “A dívida está quitada e a parte que coube ao pai pagar, meu primo, Carlos Maurício Hansel, acertou. Agora, a questão está em família e cabe a mim devolver esse valor para ele.”

Agradecimento

Para Daniela, a condição de vulnerabilidade vivida pelo pai teve peso no acordo. Com o AVC, Silvano Hansel precisa de ajuda para caminhar, comer e realizar qualquer tarefa simples do dia a dia. Também não enxerga com o olho esquerdo e precisa de vários tipos de medicações.

“Foi muito cruel ver o pai, a pessoa de princípios que sempre foi, na iminência da perder a casa, sem condições de se defender. Por isso, quando saiu a homologação do acordo, nos emocionamos muito. Temos que agradecer às partes envolvidas, que aceitaram a proposta, e a todos que nos procuraram para ajudar.”

“O povo de Venâncio é muito solidário, não temos como agradecer a todos, é imensurável o que fizeram por nós. Porque mesmo quem não ajudou diretamente, só o fato de nos contatar, foi fundamental para nos manter motivados e não desistir. Felizmente conseguimos uma solução.”

DANIELA HANSEL – Filha de Silvano Hansel