
Venâncio Aires - Há 15 anos, o espírito natalino ganha um significado ainda mais especial no interior de Venâncio Aires. O que começou como um gesto simples de reunir algumas crianças para uma comemoração de Natal, se transformou em uma tradicional festa beneficente, realizada todos anos. A comemoração leva alegria, esperança e amor a dezenas de crianças. Para muitos dos pequenos presentes, esta é a única grande celebração natalina que participam.
A iniciativa teve início em 2010, quando um grupo de amigos moradores da localidade de Linha Tangerinas, divisa com Linha Sapé, decidiu organizar uma festa de Natal para as crianças da região. Os casais Mário Luiz Hinterholz, o Lui, e Cleni Maria Hinterholz, a Ni, junto de Valmor Dietrich (in memoriam) e Rosinha Dietrich, com o apoio de Delci Seibert, realizaram a primeira festinha no pátio da residência de Lui e Ni.“No começo, as festinhas reuniam entre 15 e 20 crianças. Hoje, passam de 50”, relembra Ni. Segundo ela, tudo era feito de forma simples e caseira. “Eu mesma preparava cuca, bolo e suco. Já naquela época, o Papai Noel sempre se fazia presente”, conta.
Com o passar dos anos, a festa foi crescendo, tanto em estrutura quanto em participação. A partir de 2014, o evento passou a ser realizado na sede da Comunidade Católica Santo Antônio, em Linha Sapé, que cede o espaço sem custo para a festinha. Inicialmente voltada apenas às crianças do interior, a festa passou a abranger também crianças de outras localidades, da cidade e também da Casa de Acolhimento de Venâncio Aires.
Corrente do bem
Uma festa dessa dimensão só é possível graças ao envolvimento coletivo. Familiares, vizinhos, voluntários e parceiros do comércio de Venâncio Aires se unem todos os anos para proporcionar um Natal feliz às crianças. A programação conta com chegada do Papai Noel, brincadeiras, brinquedos infláveis, pintura de rosto, palhaços, um lanche completo e ainda um presente para cada criança, tudo gratuito.“Até os 10 anos, as crianças ganham presentes do Papai Noel. Neste ano, todas receberam bolas”, explica Lui.
Os alimentos são preparados de forma colaborativa: salgados, bolos e outras delícias são feitos por várias mãos, cada um contribuindo um pouco, seja em valores, ou também em forma da preparação dos comes. Neste ano, a festinha ocorreu no dia 14. Tradicionalmente, o evento é realizado sempre no segundo domingo de dezembro, das 14h às 17h.“Não há nenhuma visão de lucro. Tudo é feito pelas crianças e pela alegria delas. Sabemos o quanto essa festa de Natal marca a vida delas, e é isso que nos motiva”, afirma Lui.
Além das doações de parceiros, o casal também arrecada recursos ao longo do ano por meio da coleta e venda de latinhas de alumínio, revertendo o valor integralmente para a realização da festa.





Fé e continuidade
Mário Luiz, de 70 anos, e Cleni, de 67, são atuantes na comunidade. Ele é ministro da Igreja Católica e ela integra a equipe de liturgia. Durante a festa de Natal das crianças, há também um momento especial de bênção das crianças, realizado por Lui. “É um momento muito importante da programação”, destaca.
Com gratidão, Cleni ressalta o apoio recebido ao longo desses 15 anos. “Somos muito gratos a todas as pessoas que ajudam para que a festinha aconteça, tanto antes, como durante e depois. A ideia é continuar. Toda a nossa família conhece o propósito e ajuda a fazer acontecer. Os filhos, o genro, a nora e os netos também auxiliam, e tenho certeza de que eles darão continuidade quando nós não pudermos mais”, destaca.
Pandemia
Mesmo com a pandemia da Covid-19, em 2020, a celebração não deixou de ser realizada. Foi instalado um gazebo em frente à residência de Lui e Ni, onde foram distribuídos presentes e lanches no sistema drive-thru, com a presença do Papai Noel e entrega diretamente nos carros.