O trabalho voluntário, em maio, durante a maior enchente da história do Rio Grande do Sul, foi fundamental em meio ao cenário de destruição e tristeza. Foram muitos exemplos de ajuda, de pessoas que, de uma forma ou de outra, se doaram para tentar amenizar a dificuldade do outro. Entre esses voluntários, muitos motoristas de caminhões, seja para recolher o que a água destruiu ou levar donativos, e até aqueles que cederam barcos de passeio para ajudar nos resgates. Em Venâncio Aires, um deles foi o empresário Gerson Schwingel, que usou a embarcação de lazer da família e amigos para ajudar a resgatar pessoas no rio Taquari, em Vila Mariante.
Schwingel conta que o fato de ter experiência com navegação, inclusive com licença para pilotar barcos e curso na Marinha, lhe ajudou no andamento dos resgates. “Deus nos ilumina para encarar essas situações graves, e que bom que consegui ajudar com minha experiência de navegação. Nessa enchente de maio chegamos a estar a quatro quilômetros longe do leito do rio, navegando com oito metros de profundidade. Foram momentos muito críticos, mas também emocionantes, porque conseguimos salvar muitas pessoas e animais. Sempre fui voluntário, mas tomara que nunca mais aconteça.”
As conquistas que viraram entulhos
Quando a água do arroio Castelhano baixou na parte baixa da cidade, centenas de famílias começaram a difícil tarefa de limpar e descartar o que foi destruído pela enchente. Durante alguns dias, sobre as calçadas e nas ruas, verdadeiras montanhas de entulhos se formaram. Literalmente, as conquistas e os bens das pessoas viraram lixo.
Quem trabalhou nesse recolhimento foi a equipe das Sucatas Seibt e também da empresa de Alcione de Borba, conhecido como Graxa. “O que mais me chocou foi ver o pessoal, chorando, puxando de dentro de casas as coisas. O pessoal ficou sem chão e nós estávamos coletando esses entulhos na frente da casa. A cidade precisava ser limpa, mas eram as conquistas das pessoas ali”, conta Graxa.
A ajuda que veio do litoral catarinense*
Na Alliance One Brasil (AOB), uma das maiores exportadoras de tabaco do país, o transportador é fundamental na operacionalização das atividades da empresa – presente no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e no Paraná. Recentemente, a empresa testemunhou os esforços desses trabalhadores para superar a pior tragédia climática da história dos gaúchos.
Transportador de cargas (como o tabaco) há 35 anos e morador de Araranguá, Santa Catarina, o motorista Martin Viana Cardoso foi um dos responsáveis por ajudar as vítimas das cheias. Ele transportou, de forma voluntária, um caminhão cheio de donativos do município do litoral catarinense – onde fica uma das unidades da Alliance – até Venâncio Aires, onde está localizada a matriz da empresa e que foi ponto de coleta de doações. Cardoso estima ter rodado cerca de 800 quilômetros. “Sou grato por ter ajudado as pessoas que foram vítimas das enchentes, e peço a elas que tenham calma, porque no fim tudo vai dar certo”, destacou.
Assim como em Araranguá, a filial da empresa localizada em Rio Azul, no Paraná, serviu como referência para contribuir com quem mais precisava. Lá, inclusive, a unidade de Alliance se estabeleceu como o principal ponto de coleta da cidade paranaense, onde foi possível angariar duas cargas de donativos.
Ajuda financeira
Como forma de apoiar os empregados impactados, a Alliance One Brasil destinou R$ 770 mil a fim de recuperar os prejuízos causados. Cada colaborador afetado recebeu R$ 5 mil, através de cartões para compra de móveis e utensílios. O Programa de Voluntariado Corporativo Abraço Solidário também se engajou pela causa. Voluntários participaram de mutirões de limpeza e organizaram a doação de cerca de 17 toneladas de alimentos, 4,2 mil litros de água, 1,7 mil itens de higiene e limpeza, 940 refeições e 13 mil agasalhos, cobertores e roupas, 300 brinquedos, 165 quilos de ração e 3 mil pares de sapato.
Além das unidades de Araranguá e Rio Azul, a Associação de Funcionários de Venâncio Aires também foi parceira da causa, através da promoção de ações de arrecadação de valores e destinação de cestas básicas para os empregados afetados.
* Fonte: AI Alliance One Brasil