Na última semana, o Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) emitiu comunicado de análise das ações propostas por governos nas fases de resposta e recuperação ao desastre climático que atingiu o estado. Segundo professores, técnicos e discentes do instituto, uma das propostas apresentadas para redução dos efeitos é a dragagem dos rios e lagos. No entanto, este tipo de ação não pode ser iniciada sem que um estudo aprofundado seja executado.
Entre os pontos a serem considerados está a necessidade de medições ao longo do leito dos rios, o elevado valor de contratos para serviços de dragagem e as possíveis mudanças no assoreamento natural dos cursos de água em curtos intervalos de tempo – que podem ocasionar a necessidade de novos serviços de dragagem em pouco tempo.
De acordo com o IPH, antes de realizar o serviço, é recomendado que algumas questões sejam analisadas. Se houve assoreamento, a medida é boa do ponto de vista econômico e ambiental comparada com outras alternativas. E ainda, em uma análise de longo prazo, é preciso responder sobre necessidade de dragagens periódicas no futuro.
A dragagem é uma medida reconhecidamente positiva para pequenos rios e córregos, principalmente em bacia com significativa urbanização, como o caso do arroio Dilúvio, em Porto Alegre. Já para trechos de grandes rios, como o rio Taquari, eventualmente, também pode ser uma medida nos casos em que houve um processo de assoreamento significativo.
Medidas a serem analisadas para dragagem do rio Taquari
- Levantamento batimétrico (medição da profundidade dos oceanos, lagos e rios) completo de toda a área de interesse com disponibilização pública, para verificação e comprovação de possíveis locais de assoreamento e erosão do corpo hídrico. A batimetria deve incluir toda a extensão a jusante (sentido da correnteza) que promova efeitos de remanso (suspensão de movimento) significativos sobre as áreas em que se pretende reduzir os níveis de cheias.
- Estudos de modelagem hidrodinâmica através de simulações físicas ou computacionais que integrem dados da batimetria da área e que permitam a verificação da influência do leito e de outras feições do sistema natural sobre os níveis máximos e duração das cheias. O modelo hidrodinâmico deve ser devidamente validado com observações de níveis d’água de eventos passados, com avaliação de sua incerteza.
- Avaliação dos benefícios e custos destas propostas de intervenção e comparação com outras ações de prevenção de riscos de desastres, em um planejamento de longo prazo, que leve em conta a necessidade de refazer a dragagem periodicamente, caso seja demonstrada necessária e eficaz.