Reforma do prédio ou construção de um novo espaço? São essas questões que devem ser clareadas com um laudo técnico para se saber o que acontecerá com a Capela Mortuária Paul Harris, o chamado ‘necrotério’ de Venâncio Aires.
As três salas usadas para velório estão interditadas desde o dia 19 de janeiro, devido a rachaduras nos ambientes internos. O Hospital São Sebastião Mártir (HSSM), que administra o local, manteve em funcionamento apenas o espaço que acondiciona os corpos, já que se trata de uma área de uso restrito ao hospital e às funerárias.
Por enquanto, a busca ainda é pelo recurso para contratar um engenheiro que faça o laudo. “Nós já temos um orçamento deficitário e em nenhum momento consideramos incluir essa reforma no orçamento. Tendo um laudo, vamos sentar e discutir como se dará a condução do problema. Se será a reforma ou o término por completo e construção em outro local”, informa o administrador do HSSM, Luís Fernando Siqueira.
Para ele, o ideal seria construir um novo prédio, em outro lugar. “Minha opinião técnica é que seja em outro lugar. O hospital durante todo esse tempo cedeu o espaço [esquina das ruas Jacob Becker e Visconde do Rio Branco] e hoje se discute que ele poderia ser usado para outros serviços, como expansão do Pronto Atendimento (PA), por exemplo.”
Rotary
A capela mortuária é administrada pelo HSSM, que há mais de 40 anos cedeu o terreno. Para erguer o prédio, inaugurado em 1976, a comunidade ajudou com doações, numa campanha encabeçada pelo Rotary Club Venâncio Aires. É por isso, aliás, que o nome do local é Paul Harris, uma homenagem ao norte-americano que fundou o movimento rotariano.
Além de ser determinante para construir o necrotério, o clube de serviço vem contribuindo com ações de melhorias e manutenção ao longo dos anos. Vale lembrar das rampas de acesso para cadeirantes e a climatização, por exemplo.
Sobre o futuro, o presidente do Rotary, Marcelo Schuck, comenta que, primeiro, é preciso esperar pelo laudo técnico para detalhar a real situação do local. “Em 2019 ainda se fez uma reforma, mas o que se sabe é que existe um problema estrutural mais grave.”
Ainda, conforme Schuck, considerando o engajamento histórico que o Rotary sempre teve, a ajuda continuará acontecendo. “Vamos colocar isso em pauta. Se dá para ajudar, vamos ajudar sim, seja com reforma, seja para um outro local. Mas, nesse caso, dependerá também do Município.”
Quanto à Prefeitura, a prefeita em exercício, Izaura Landim, diz que não há definição sobre o assunto. “É um problema que não se tinha até então, portanto algo que nem tem orçamento previsto. Fomos comunicados há poucos dias. Estamos vendo alternativas, mas por enquanto isso está tramitando de forma interna”, explica Izaura.
Funerárias
Até então, o aluguel cobrado pelo hospital para cada velório custava R$ 250. Muitas famílias optavam pela capela Paul Harris por ter um valor mais barato em comparação com os espaços particulares das três funerárias de Venâncio Aires.
A reportagem contatou os proprietários das funerárias para ouvi-los sobre os serviços em futuros velórios. Segundo Jair Mello, da Venâncio, ele não deve alterar os preços já aplicados para os serviços oferecidos na própria capela. “Vou manter”, afirmou.
Já a proprietária da Funerária São Sebastião, Fabiane Henke, destacou que, devido à estrutura oferecida nos espaços particulares, o valor acaba sendo maior. “Pelo o que oferecemos, com condições completamente diferentes, naturalmente o valor é mais alto. Isso é normal”, mencionou.
A empresária também questionou a aplicação dos recursos no Paul Harris. “Se tem uma média de 20 velórios por mês, são R$ 5 mil mensais. O que é feito com esses valores?” Ainda, para ela, independente do que for feito com o necrotério, é preciso considerar a localização. “Está perto de tudo e nunca teve problemas com segurança, por exemplo.”
José Luiz Kist, da Organizações Kist, tem uma capela particular no Centro e duas para cerimônias rápidas no Parque Jardim Bela Vista. Ele revelou que quer construir mais três salas velatórias, embora o projeto não foi motivado pela interdição do Paul Harris. “Já está previsto há mais tempo.”
Quanto ao recurso arrecadado com o aluguel, o administrador do HSSM, Luís Fernando Siqueira, disse que os valores entravam direto nas receitas da instituição, que mantinha os serviços de agenda, limpeza e manutenções.