Lunna e o táxi do Fernando: conheça detalhes de um parto inusitado em Venâncio

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Os noveleiros de plantão talvez vão associar a uma história parecida, que foi contada pela Rede Globo, no fim dos anos 1980, época de exibição de Bebê a Bordo, novela que começava com uma mãe dando à luz uma criança dentro de um carro em movimento. Pois, nesta semana, Venâncio Aires também foi palco de caso semelhante, já que também registrou um nascimento dentro um automóvel. Mas aqui, a ‘aventura’ foi real e muito emocionante para quem presenciou.

A industriária Ketlyn Moraes Aires, 23 anos, contava 40 semanas de gestação e entrou em trabalho de parto no fim da madrugada da última quarta-feira, 3. Começou a sentir contrações leves por volta de 5h30min, decidiu tomar um banho e aí o desconforto ficou mais forte. Moradora do condomínio Altos da Aviação, chamou a mãe, Michele Moraes, 42 anos, que mora no bloco ao lado. Ao ver a barriga ‘caída’ da filha, trataram logo de chamar um táxi.

“Mãe, vai nascer!” O aviso de Ketlyn não era exagero, ainda que fosse apenas a primeira contração mais forte, sentida já dentro do carro, na saída do portão do condomínio. “Não vai, não. Segura aí”, foi a resposta de Michele, sentada no banco da frente. Sentindo que a menina estava em vias de nascer, Ketlyn, que estava deitada atrás, tirou a calça. Poucas quadras depois, exatamente na esquina das ruas Carlos Wagner com a Duque de Caixas, ainda no bairro Aviação, a jovem teve uma segunda contração, ainda mais forte, e dessa vez suficiente para ver a filha ‘escapar’ entre as pernas. No instinto, ela conseguiu segurar a pequena.

A avó, então, revirou uma bolsa e pegou o primeiro ‘pano’ que encontrou, um casaco de lã, rosa, que envolveu de forma improvisada a recém-nascida. “Ela não chorou e dei umas palmadinhas nela. Daí foi chorando até o hospital”, relatou Ketlyn, que também é mãe de Enzo, de 5 anos. O táxi só parou quando chegou na porta do Pronto Atendimento do Hospital São Sebastião Mártir (HSSM). Ainda dentro do veículo, foi cortado o cordão umbilical e receberam os primeiros atendimentos dos profissionais de saúde. A menina recebeu o nome de Lunna, nasceu saudável, com 2,86 quilos e 48,5 centímetros. Ela e a mãe estão bem e receberam alta hospitalar nesta sexta-feira, 5.

Lunna nasceu com 2,86 quilos e 48,5 centímetros (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)

Corrida especial

Luís Fernando dos Santos, 43 anos, ou o Fernando Taxista, como é conhecido, está nesta profissão desde 2018. Ele já conhecia Ketlyn e Michele de corridas anteriores e, no início da manhã de quarta, foi chamado novamente. Ele até tinha outra corrida marcada, mas optou pela gestante porque ‘era caso de hospital’. Fernando conta que, quando Lunna nasceu, apesar do susto, conseguiu manter a concentração no volante. “Andei um pouco mais rápido, mas no limite.”

No fim da manhã de ontem, quando mãe e filha receberam alta hospitalar, ele foi novamente o encarregado de conduzir as duas, junto com Michele. Mas, dessa vez, a corrida foi feita com o carro particular do profissional, porque o Onix, modelo do táxi do Fernando, não estava pronto da higienização, necessária após o parto no banco traseiro. “Sou um privilegiado por participar desse momento”, resumiu o taxista, que é pai de três filhos.

No caminho para o hospital, durante a internação e na volta para casa, Ketlyn esteve acompanhada da mãe, Michele (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)

Parto natural

Segundo a enfermeira supervisora da Maternidade, Centro Obstétrico e Berçário do HSSM, Camila de Moura Scheibler, o fato também chamou atenção de toda equipe no hospital. “Já tivemos partos em casa ou no carro próprio, durante o trajeto até o hospital. Mas em táxi é a primeira vez.” Camila ainda comentou da experiência vivida. “É uma situação diferenciada, a de não acompanhar todo trabalho de parto. A grande maioria chega com pouca dilatação, na fase inicial. Então, nesse caso, é uma história muito bonita, porque a gente presa muito pelo parto mais natural, com menos intervenções. A Ketlyn teve um parto lindo. Tudo que a gente presa na humanização.”

“Foi um susto, mas está tudo bem com ela, que decidiu vir nesse mês abençoado, no mês das mães.”

KETLYN MORAES AIRES – Industriária e mãe da Lunna

“Estou muito feliz, principalmente por elas estarem bem. Deus me escolheu para participar desse momento, então para mim é uma bênção, um milagre.”

LUÍS FERNANDO DOS SANTOS – Taxista

Declaração de nascimento

• Como Lunna nasceu a caminho do Hospital São Sebastião Mártir, o registro não consta como nascimento na casa de saúde. Segundo a enfermeira Camila de Moura Scheibler, se coloca na declaração de nascimento que foi em ‘via pública’ e se descreve a localização, conforme informações de familiares. O mesmo vale para a hora que, para situações assim, se registra um tempo aproximado. No caso de Lunna, teria acontecido às 7h.



Débora Kist

Débora Kist

Formada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) em 2013. Trabalhou como produtora executiva e jornalista na Rádio Terra FM entre 2008 e 2017. Jornalista no jornal Folha do Mate desde 2018 e atualmente também integra a equipe do programa jornalístico Terra em Uma Hora, veiculado de segunda a sexta, das 12h às 13h, na Terra FM.

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