Pelo segundo ano, a pré-inspeção do tabaco, uma das exigências do protocolo bilateral de comércio entre Brasil-China, ocorreu sem a presença dos técnicos da Administração Geral das Alfândegas da República da China (GACC) devido à pandemia. Em acordo com o GACC, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) ficou encarregado da coleta das amostras do produto processado e envio à Central Analítica da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC) para testes laboratoriais que comprovem a fitossanidade do tabaco brasileiro antes do embarque.
O encerramento oficial das atividades ocorreu na terça-feira, 17 de agosto, por videoconferência, e reuniu representantes do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco) e empresas exportadoras, do MAPA, dos órgãos estaduais de Defesa e Sanidade Vegetal, da China Tabaco Internacional do Brasil (CTIB) e da Unisc.
O presidente do SindiTabaco, Iro Schünke, falou sobre o cenário do mercado brasileiro. “O Brasil tem conseguido manter uma exportação anual em torno de 500 mil toneladas, o que demonstra uma estabilidade no mercado mundial mesmo diante do cenário de pandemia e todos os seus desdobramentos sociais e econômicos. Neste contexto, a China é um dos mais importantes parceiros comerciais”, disse Schünke.
O executivo do SindiTabaco também comentou que o mapa tem prestado um serviço extremamente importante e sempre com muita rapidez nos assuntos que envolvem a cadeia produtiva. Avaliou também a importância de o setor ter se mantido ativo durante a pandemia. “O produtor vendeu o seu produto, as empresas seguiram suas atividades contratando milhares de pessoas, e isso fez com que a economia continuasse girando em centenas de municípios da região Sul”, comentou.
A responsável técnica do laboratório da Central Analítica da Unisc, professora Adriana Dupont Schneider, destacou que foram 21 dias de intenso trabalho. “Analisamos 53 lotes, de oito empresas, com o objetivo de atestar a qualidade física do tabaco em relação a nove pragas que fazem parte do acordo entre Brasil e China, sendo dois tipos de ervas-daninhas, seis tipos insetos e um tipo de fungo. Não foram encontradas estruturas viáveis destas pragas quarentenárias, resultado que assegura a qualidade do tabaco a ser exportado para a China”, analisou.
Helena Pan Rugeri, superintendente federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Rio Grande do Sul, comemorou os bons resultados. “Conseguimos atingir as exigências da China e neste ano temos o maior volume certificado desde que a missão iniciou. É um trabalho muito forte em um período difícil para todos e ainda mais relevante para o Rio Grande do Sul que concentra importantes divisas com a exportação do tabaco”, disse Rugeri, destacando ainda o trabalho e dedicação permanentes dos auditores fiscais do MAPA.
Roque Danieli, auditor fiscal federal agropecuário da Superintendência do MAPA no RS, avaliou a constante evolução da qualidade do tabaco brasileiro analisado. “Durante as inspeções não houve qualquer constatação que pudesse comprometer a qualidade do tabaco, ficando comprovado que os aspectos qualitativos e fitossanitários estão evoluindo a cada ano. Além disso, nas propriedades que temos auditado, não encontramos uso de defensivos que não sejam recomendados para a lavoura do tabaco, o que também é uma conquista da cadeia produtiva e dos treinamentos realizados pelas empresas. Recomendamos a continuidade do trabalho de orientação para a manutenção destes patamares da qualidade física e química do tabaco e de prevenção das pragas quarentenárias”, comentou Danieli.
Xinghua Zhou, presidente da China Tabaco Internacional do Brasil (CTIB), agradeceu a colaboração por parte do SindiTabaco, bem como a seriedade do Mapa e UNISC na condução dos trabalhos, e o suporte dos oito fornecedores brasileiros para a China. “Ficamos felizes com a informação de que as inspeções trouxeram resultados positivos. Acredito que a GACC vai gostar dos nossos resultados e esperamos que em 2022 possamos contar novamente com vocês”, disse o executivo.
Débora Maria Rodrigues Cruz, chefe da Divisão de Fiscalização do Tratamento Quarentenário do Ministério da Agricultura em Brasília, falou da constante evolução da qualidade e de padrões técnicos e de produção do tabaco brasileiro. “O setor produtivo está de parabéns por ter alcançado esse patamar e continuar buscando uma maior qualidade, especialmente no caso do monitoramento e controle de pragas quarentenárias. O trabalho do SindiTabaco também é importante por aglutinar os atores que participam desta importante etapa. Em nome do departamento de sanidade vegetal parabenizo pelas possibilidades futuras de incrementar esse negócio e de manter esse mercado aberto”, falou no encerramento da atividade.