Cerca de 30 moradores do Loteamento Serafim estiveram na Câmara de Vereadores, segunda-feira, 16, para pedir ajuda. Eles estão mobilizados em busca de uma solução para as aglomerações que têm sido registradas próximo às suas casas, geralmente nos fins de semana, no ponto que já ficou conhecido como ‘Pico’. As reuniões de jovens têm sido registradas às sextas-feiras e aos sábados. O último encontro ocorreu no sábado, 14, e, segundo as queixas, tirou o sono de muitos moradores da região.
Apesar do temor em relação a represálias, Miguel Lagemann, residente no Loteamento Serafim, foi à tribuna para relatar as dificuldades que vêm sendo enfrentadas. “Não posso deixar esta situação passar em branco, ainda mais desta vez, pois temos vários moradores que abriram mão do descanso em suas residências para estarem aqui”, argumentou ele, acrescentando que os transtornos não são novidade. No fim de semana, de acordo com ele, pelo menos 300 pessoas teriam se aglomerado no local.
Os reclamações têm como alvo principal o volume de som automotivo registrado no ‘Pico’, contudo os moradores também afirmam que o local é palco para consumo de bebidas alcoólicas e drogas. A reivindicação é para que as aglomerações sejam coibidas, com a intervenção da Brigada Militar e da Prefeitura, por meio da Secretaria de Segurança Pública. “Vamos conversar e tentar achar a solução. Às vezes a gente quer o imediatismo, mas peço paciência aos moradores, porque não vai ser fácil”, disse Lagemann.
Consciência
O representante dos moradores do Loteamento Serafim afirmou que o momento não é de “botar a culpa nos órgãos públicos”, mas buscar, conjuntamente, uma saída para o problema. Ele também destacou que tem consciência em relação à falta de efetivo da Brigada Militar em Venâncio Aires, no entanto pediu auxílio da corporação no sentido de maior circulação pelo ‘Pico’, pelo menos nos fins de semana.
“A gente sabe que o brigadiano não é super-herói. No exemplo deste último fim de semana, o que dois policiais fariam com 300 pessoas lá?”, questionou. Lagemann destacou que é a favor de os jovens terem um local para poderem se encontrar, mas reforçou que o ponto atual não é adequado. “Também já fui jovem, já gostei de som automotivo e de fazer festa. Sei que eles têm o direito deles de terem um espaço, mas o nosso limite acaba no limite do outro. Quando ultrapassa e incomoda, acabou minha liberdade”, concluiu.
“Para um bairro evoluir precisa dessa união que estamos mostrando aqui. A gente não pode ficar sentado no sofá esperando que alguém faça por nós. Não adianta ficar reclamando em rede social ou grupo de WhatsApp. Vamos cobrar o direito ao sossego junto aos nossos representantes.”
MIGUEL LAGEMANN – Morador do Loteamento Serafim
Autoridades buscam solução
Na tarde de ontem, representantes da Brigada Militar e da Secretaria de Segurança Púbica estiveram reunidos para tratar do assunto. As conversas terão sequência, mas está definido que BM e agentes da pasta darão atenção ao Loteamento Serafim.
O que disseram os vereadores
• Tiago Quintana (PDT): “A Câmara é pautada por formalidades, mas quando os vereadores fazem acordo, não tem problema. Mesmo sem ter uma associação de moradores constituída, entendemos que a reivindicação é justa. Sei que é difícil, mas façam o registro. Liguem pra a BM, reúnam os dados dos moradores e façam denúncias conjuntas, aí não foca em uma pessoa só. Não vão poder retaliar ou ameaçar. Não temos uma espécie de mar internacional, onde tem barulho, drogas e rock’n roll sem prejudicar ninguém. Ficamos sabendo que a Brigada perdeu mais três policiais do efetivo. Vamos todos trabalhar para garantir os direitos do povo. Entre o barulho e o sossego, fico com o sossego”.
• André Kaufmann (PTB): “Esta demanda tinha mesmo que ser trazida para a Casa do Povo. Não pode ser silenciosa, em grupo de Facebook e WhatsApp. Não fui contatado anteriormente, mas fomos eleitos para atender a comunidade. Há muito receio dos moradores, pois aqui se falou em beberagem e drogas. Temos que buscar fotos e filmagem. A comunidade unida tem força, e os vereadores trabalham com os órgãos públicos, Brigada Militar e Polícia Civil. É um caso de invasão de privacidade, com muito barulho. Precisamos dar um basta, senão vai chegar num ponto que não vai ter mais como segurar”.
• Renato Golmann (PTB): “Entendo o lado de vocês e também me preocupo com quem gosta do som automotivo. Também já gostei, o pessoal quer curtir a juventude. Na gestão passada já se tentou fazer alguma coisa, mas não evoluiu. Estão no lugar errado, onde há muitos trabalhadores que precisam do descanso. O prefeito Jarbas da Rosa se reuniu com o pessoal do som automotivo na época da campanha e prometeu a eles que resolveria a situação. Quem sabe esteja estudando alguma coisa já para ajudar vocês”.
• Elígio Weschenfelder, o Muchila (PSB): “Parabéns pela coragem vocês. É bom que se faça uma retrospectiva, porque este problema não é de hoje. Lembrem que eles se reuniam no Centro, no posto, e foi barrado. Foram lá pro Guarani, pro Parque, pro Mocva. Agora estão usando o tal de ‘Pico’. Fico feliz quando pedem uma força-tarefa e também paciência, porque o momento requer isso mesmo. Esta gurizada vai, sim, continuar curtindo o som. Vai continuar usando o seu produto onde quer que seja. Temos que encontrar um meio termo. O cidadão de bem precisa descansar e a gurizada vai pro fervo. Vamos de peito aberto para resolver este problema, porque a comunidade merece”.
• Diego Wolschick (PTB): “É uma reivindicação justa e necessária. Já aconteceu na Santa Tecla um caso semelhante. Os órgão públicos já estão sabendo. Venham sempre apresentar suas demandas”.
• Ezequiel Stahl (PTB): “Estamos do lado da ordem e do que é correto. Precisamos buscar mecanismos para estabelecer isso efetivamente. Os jovens acabam ‘explodindo’ em algum lugar. É uma forma itinerante de fazer as festas. Querendo ou não, as forças de segurança do município precisam atuar. Tem a Secretaria de Segurança e acredito de deverá haver uma fiscalização mais efetiva, porque existe lei, normas, horários e índices de poluição sonora estabelecidos e aceitáveis. Precisamos, neste momento, de denúncias e fiscalização efetiva. Que os jovens também tenham espaço, tem que haver um equilíbrio. Também já fui jovem e gostava de som automotivo, mas no nosso tempo a gente respeitava mais”.
• Sandra Wagner (PSB): “Morava no Acesso Leopoldina e vivi a experiência de não dormir uma noite, fora o lixo que fica no outro dia. O ex-prefeito Giovane Wickert tentou criar um ponto em Linha Estrela, mas também não deu certo. Precisamos sentar para conversar e resolver, para dar fim a estes rastros de lixo, sujeira e barulho”.
• César Garcia (PDT): “O problema do Loteamento Serafim é reincidente, não é de agora, não é a primeira vez. Que bom que se mobilizaram logo. A Casa do Povo é o lugar certo para estas discussões, pois os vereadores são representantes da comunidade e, juntos, vamos buscar uma solução. Talvez obstruir a entrada? Ouvi relatos de furto de peças de hidrante e lâmpadas. Houve danos e avarias. Não adianta só mudar o problema de local. Precisamos implementar uma fiscalização mais rígida no fim de semana para coibir uma nova aglomeração”.