proibido soltar fogos
Fogos coloridos e sem rojões estão liberados (Foto: Alvaro Pegoraro)

O final do ano se aproxima e, com ele, uma tradição que precisa ser deixada de lado pelos gaúchos: a soltura de fogos de artifício que produzem estampidos. Decreto sancionado no ano passado pelo governador Eduardo Leite – e que virou lei estadual – define que os infratores podem ser multados com valores que variam de R$ 2 mil a R$ 10 mil. O mesmo decreto estabelece que a fiscalização ficará sob responsabilidade da Polícia Civil. Segundo o delegado Felipe Staub Cano, haverá policiais de plantão para atender estas e qualquer outro tipo de ocorrência que venha a se registrar.

Além de perigosos, os fogos de artifício com estampidos, por possuírem uma carga de explosivos por vezes bastante elevada, geram desconforto às pessoas idosas, com necessidades especiais ou que estejam hospitalizadas. O barulho dos rojões também assusta os animais, devido a sensibilidade dos seus ouvidos. Há relatos de animais morrem em virtude do estresse.

De acordo com a deputada Luciana Genro (PSOL), autora do decreto, “a poluição sonora gerada por esse tipo de artefato causa graves perturbações, tanto para pessoas como para animais. São afetados bebês, crianças e idosos, especialmente crianças autistas e idosos com Alzheimer”, destaca.

Perigosos

O manuseio inadequado de fogos de artifício levou à internação hospitalar mais de 5 mil pessoas entre 2008 e 2017, segundo levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM), feito em parceria com a Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão e Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia.

Os dados divulgados pela Agência Brasil mostram que, nos últimos 21 anos, o Brasil registrou 218 mortes por acidentes com fogos de artifício, sendo 84 na Região Sudeste, 75 no Nordeste, 33 no Sul e 26 no Centro-Oeste e no Norte. Além dos cerca de dez óbitos contabilizados todos os anos, a brincadeira pode provocar queimaduras, lesões com lacerações e cortes, amputações de membros, lesões de córnea ou perda da visão e lesões auditivas.

De acordo com a enfermeira Patrícia Mello da Silveira, responsável técnica pela unidade do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) da Capital do Chimarrão, felizmente não foi registrado nenhum acidente grave com fogos na última virada do ano. “Mas com certeza já devem ter acontecido acidentes de menor gravidade que não chegaram ao nosso conhecimento”, ressalta.

Da mesma forma, o tenente Luciano Machado Morais informa que o Corpo de Bombeiros Militar (CBM) não prestou nenhum socorro a pessoas feridas em virtude da soltura de fogos de artifício, neste último ano. No entanto, o comandante da guarnição do município alerta para os perigos de se soltar fogos de artifício.

O tenente ressalta que crianças e pessoas que ingeriram bebidas alcoólicas não devem manusear fogos de artifício. “É muito fácil uma pessoa sofrer algum tipo de ferimento”, alerta.

Só luzes

Mesmo com a lei que proíbe a soltura de fogos com estampidos que ultrapassem cem decibéis, a uma distância de cem metros de onde foi estourado, algumas pessoas ainda procuram pelos artefatos. Em um tradicional comércio que vende fogos de artifício na cidade, a procura é grande. “Mas dou preferência para a venda de fogos coloridos, sem os estampidos”, explica uma das vendedoras.

Consciente da proibição, ela fez um grande estoque de fogos somente com luzes, sem os rojões. “As pessoas vêm em busca dos foguetes, pois é uma tradição, e então indico a compra destes, coloridos”, explica.

Mas apesar da Lei em vigor, algumas pessoas querem levar os foguetes tradicionais, com rojões. Se denunciados e flagrados pelos agentes da Polícia Civil soltando os artefatos, responderão pelo delito e poderão ser multados.