Faltando menos de um mês para o Natal, as decorações já fazem parte das casas e da cidade, as crianças esperam ansiosas e escrevem suas cartinhas com os pedidos e deixam nas árvores de Natal, para aguardar a tão esperada visita do Bom Velhinho na véspera do dia 25. Em Venâncio Aires, temos um Papai Noel um pouco diferente. Há chances de você, leitor, encontrar ele por aí dirigindo um táxi.
Márcio Aurino Guterres, 50 anos, é taxista há quatro anos e, há três, tem uma profissão pra lá de especial: é também Papai Noel. Ele explica que a ideia de ser a figura natalina surgiu em uma conversa em família, quando a filha, Franciele, 24 anos, falou da vontade em ter uma festa de formatura, mas que sabia das condições limitadas da família. Foi aí que Guterres teve a ideia de fazer este pedido ao Papai Noel, e neste momento decidiu jogar fora o aparelho de barbear e começar a ‘cultivar’ uma linda e cheia barba para se transformar no próprio e atender o pedido da filha.
Aproveitando a situação, Guterres pensou que seria um ótimo marketing para seu táxi se fosse se vestir de Noel nos meses e dias próximos ao Natal, todos os anos. “É uma forma divertida e descontraída de atrair os clientes. As crianças querem andar no táxi do Papai Noel. É como dizem, na crise, tiramos o ‘s’ e fica crie, foi o que fiz”, afirma.
Nos primeiros anos trabalhando como Papai Noel em creches, escolas e empresas, Guterres conta já ter passado por situações engraçadas, como sair do evento e ter famílias esperando por ele junto ao táxi. Quando chega ele, vestido de vermelho, todos ficam surpresos em saber que o veículo pertence ao Papai Noel.
Interação com as crianças
Guterres comenta que desde os 14 anos atua no comércio e, por isso, tem facilidade de interagir com as pessoas, principalmente com as crianças. “Tudo vai fluindo com muita naturalidade, procuro conquistar a confiança dos pequenos”.
O Noel observa que é importante que os pais não forcem a relação das crianças com a figura natalina, já que isso pode desenvolver traumas sérios. “Quando a criança chora, me distancio, deixo ela se acalmar e, caso a família queira uma recordação, apareço atrás da criança sem ela me ver e conseguimos uma foto”.
A parte mais difícil, segundo Guterres, é quando visita comunidades carentes ou recebe pedidos simples como uma muda de roupa, alimentos e materiais escolares. “Faço esse papel de coração aberto, com carinho e tento levar este momento de descontração e felicidade para todas as crianças”.
Cuidados
1 Para ser a figura do Papai Noel é preciso estar atento a características fundamentais, como a barba. Ele explica que praticamente todos os cuidados com a barba tem em casa mesmo, quando passa um creme especial para deixá-la macia e sedosa.
2 Ao cortar o cabelo, aproveita e apara as pontas mais secas da barba, mas aproximadamente 40 dias antes do Natal, não corta mais nada, para tê-la cheia na data especial. Depois do dia 25, é hora de cortar um pedaço dela para que cresça até o próximo Natal.
3 A roupa vermelha e enfeitada, Guterres recebeu em troca de uma parceria de trabalho. “Eu tenho uma roupa, mas é mais simples, então quando me pediram uma mais elaborada, disse que poderia fazer o trabalho em troca dela se mandassem fazer para mim”, afirma.
“Desejo muito amor neste Natal. Que as famílias e todas as pessoas possam se amar mais e ter mais empatia. O desejo especial do Papai Noel é que todos sejam unidos, que se respeitem e tenham saúde e paz no coração.”
MÁRCIO AURINO GUTERRES
Taxista e Papai Noel
- 40 é o número aproximado de pacotes de balas gastos em todo Natal. Guterres como Papai Noel sempre carrega consigo um saco cheio de balas para fazer a alegria de crianças e adultos.
Processo educacional
• Guterres, além de fazer visitas, também grava vídeos aos pais que querem levar um recado do Papai Noel aos filhos mais arteiros e levados. “O Papai Noel também ajuda na educação das crianças, uso o lado lúdico das que ainda acreditam nesta figura em troca do tão desejado presente”.
• Nos vídeos, Guterres, interpretando o Noel, faz pedidos para que obedeçam mais os pais, ou que passem a fazer demandas, como dormir em suas próprias camas, por exemplo. “Esse recado transforma. Já recebi relatos de crianças que ao terminar o vídeo já queriam fazer aquela atividade que se negavam”, menciona.
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