Cuidar a hora, ligar o computador, abrir o Meet, pegar o caderno, assistir à aula, olhar vídeos no YouTube… essa é a realidade dos estudantes desde o último ano, quando começou a pandemia de coronavírus. O ano letivo de 2021 começou da mesma forma, há alguns dias.
A rotina que costumava começar com o caminho da escola, agora inicia, muitas vezes, no próprio quarto. Os amigos que dividiam lápis e canetas, agora só dividem a tela do computador. A hora do recreio pode ser na sala de casa. O professor não folheia mais os cadernos, agora tudo é enviado por e-mail, WhatsApp ou plataformas que são a sala de aula digital. Mais do que nunca: o estudante ‘tá on’.
Arthur Ferreira, 14 anos, é um deles. Assim como a maioria dos alunos, achou que ficaria apenas 15 dias sem aulas presenciais, no ano passado. O estudante do 9º ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Alfredo Scherer, se adaptou bem ao estudo on-line, mas sente falta da socialização.
Arthur tenta manter uma rotina parecida com a que tinha quando ia à escola. Ele acorda pelas 8 horas, toma café, se arruma e senta em frente ao computador para fazer as atividades. Sempre com o caderno ao lado. Assim foi durante quase todo ano letivo de 2020 e está sendo no início deste ano.
Em 2021, seria diferente para o guri, já que é o último ano no colégio que estuda desde o pré. “Queria aproveitar o ano com meus colegas, muitos que estão comigo desde o começo da escola. Seria um ano mais especial estando todos os dias com eles, isso é bom e faz falta”, diz.
Ele acredita que, ao longo do ano, as aulas voltem ao normal, por isso, sonha em estar com os colegas no último dia de aula. “É uma escola ótima, tenho muito vínculos, quero me despedir com chave de ouro”, projeta.
A saudade dos colegas e da escola – que está grande – pode ser minimamente amenizada com as videochamadas. É o jeito para que todos consigam se ver e conversar um pouco. “Temos grupos no WhatsApp e tentamos manter sempre o convívio, mas não é a mesma coisa. É tanta saudade que, às vezes, acabamos falando mais durante a aula virtual do que a professora”, brinca.
COTIDIANO ON-LINE
Quando as aulas eram presenciais, a turma de Arthur não usava meios digitais para realizar tarefas, até porque, segundo ele, a escola tem um pequeno laboratório de informática, ainda precário. Mesmo assim para o guri, foi fácil se adaptar, pois tinha um computador e arrumou um espaço no quarto. “Acho importante organizar um ambiente para estudar, um espaço com boa luz, com uma mesa e mais silencioso. Mas nem todos conseguem”, avalia.
Ele acredita que, quando for possível ter aula presencial, algumas disciplinas poderão usufruir de aulas on-line, assim como tarefas e trabalhos de casa podem ser comunicados pelo meio virtual. “Antes era tudo presencial, agora tudo virtual, acho que depois podemos intercalar um pouco. Para continuar dominando o on-line e não perder os vínculos de conviver juntos.”
“Não é um momento fácil para ninguém, mas nós alunos devemos insistir e dar o máximo de si aos estudos. Não podemos desanimar.”
ARTHUR FERREIRA
Estudante
Uma nova fase virtual
Há 2 anos, Jordana Luft, 18 anos, não imaginava que terminaria o Ensino Médio e começaria a graduação de forma virtual. A guria cursa Administração na Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), campus Venâncio Aires. Ela iniciou neste semestre e optou pelo módulo presencial, mas ainda não foi possível estar no campus.
Jordana conta que sempre sonhou em entrar na faculdade, pois acredita que é um mundo diferente da escola. Mas quando se formou no Ensino Médio, no ano passado, já havia a pandemia de coronavírus e sabia das impossibilidades de ir até a Unisc todos os dias ter aula. “Não queria esperar para começar e como sempre aprendi melhor presencial preferi optar por essa forma. Assim, quando voltar ao normal, vou para a sala de aula”, planeja.
Ela acredita que, para se enturmar e fazer disciplinas de cálculos, seria melhor estar na sala, perto do professor, já que por Meet é mais envergonhada para perguntar. “Já o lado bom é estar no conforto de casa”, reconhece.
Mesmo preferindo aulas de forma presencial, a universitária está conseguindo se organizar. Ela tem um cantinho de estudos com caderno, calendários, computador e silêncio para assistir às aulas nas segundas, terças e quintas-feiras, à noite. “Me arrumo como se fosse para o campus e me alimento antes. Assim me dá mais ânimo e presto atenção”, compartilha Jordana.
“Para mim, aula presencial é melhor, tem mais entusiasmo, ainda mais quando é algo novo. Por isso, quero logo poder estar na sala de aula e conhecer todo campus.”
JORDANA LUFT
Universitária