O ano de 2022 será importante para a comunidade de Linha Marechal Floriano, no interior de Venâncio Aires, já que marca os 150 anos do início da formação da localidade. Boa parte dessa história se formou no entorno da Igreja Evangélica Luterana, construída em 1929.
Com mais de 90 anos, as paredes do templo testemunharam batizados, reuniões, confirmações, casamentos, cultos e outros eventos. Mas a estrutura também pode guardar outra coisa. Algo desconhecido, incerto e que a única pista aponta para uma pedra entalhada na fachada da igreja.
“Vamos quebrá-la para descobrir”, revelou o presidente da comunidade, Jairo Bencke. Sem maiores informações, Bencke diz que tem apenas indicativos de que há algo guardado e registros disso estão nos livros ata do templo. Mas, como estes documentos também estão incompletos (não há nada antes de 1949), é arriscado afirmar algo, embora existam pistas. “Parentes de Hilda Bencke [uma das mais longevas da localidade] contam que ela leu um verso no dia da fundação, em 1929, e isso foi guardado dentro”, destacou Bencke. Hilda nasceu em 1907 viveu até os 102 anos.
Para tirar a dúvida, no próximo 1º de maio a pedra será quebrada. A escolha é porque o dia e mês coincidem com a data entalhada (embora não se saiba se ela marca a fundação do templo ou o término da construção).
Espera
Em 2012, nos 140 anos de Linha Marechal Floriano, se pensou na possibilidade de quebrar a pedra. No entanto, o pastor Lair Hessel (responsável pelo trabalho de resgate histórico da localidade) e o músico Elemar Müller (nascido lá e nome atuante em Marechal), entenderam que a ‘curiosidade’ poderia esperar mais um pouco e ser revelada apenas no sesquicentenário.
“Infelizmente, ambos faleceram nesse meio tempo”, lamenta Nilsa Müller Mohr, 57 anos. Membro da comunidade, Nilsa é irmã de Elemar e guarda em casa uma composição dele: o hino em homenagem aos 140 anos de Marechal. A cabeleireira revela que o irmão sempre disse que gostaria que a música fosse guardada dentro da pedra. “Se for possível, quando ela for novamente fechada, quem sabe guardamos a música lá dentro para ficar guardada para o futuro.”
História
- Em 1872, a localidade recebeu seus primeiros moradores, entre eles Karl Bencke, filho do imigrante Christian Henrich Bencke, que chegou à região em 1860. O nome dele, aportuguesado, denomina a escola de Centro Linha Brasil.
- Durante muito tempo, Marechal Floriano era conhecida como ‘Grüner Jäger’, que traduzido do alemão quer dizer ‘caçador verde’. A referência é porque o imigrante Bencke seria soldado na Europa e costumava usar vestes militares, andando camuflado entre os matos ainda fechados.
- Já a comunidade evangélica luterana foi fundada em 1884 por Heinrich Bencke, Karl Bencke, Peter Bencke, Fhilipp Peiter, Friedrich Peiter, Karl Meurer, Heinrich Muller, Karl Stamm, Augusth Arnemann e Gustav Dreissig.
Preparativos para os 150 anos
Ainda que haja muitas incertezas devido à pandemia, é desejo da comunidade em fazer um grande evento para marcar os 150 anos de Marechal Floriano. A expectativa é que a festa aconteça no primeiro domingo de agosto de 2022. “Eu tenho um sonho de reunir um grande público, fazer um teatro e um desfile com carros temáticos. Além de fazer todo um trabalho de resgate histórico e dar seguimento ao que o pastor Lair fez anos atrás”, adiantou Jairo Bencke.
Sobre Lair Hessel, aliás, Bencke revela o desejo de fazer uma homenagem ao pastor, que faleceu no fim de 2019. “Gostaria de colocar uma foto dele na igreja, para lembrar de quem sempre foi atuante na nossa comunidade e ajudou na preservação da história das famílias.”
Bencke também destaca o orgulho de ser o presidente da comunidade em uma data especial. “Isso é motivo de orgulho para mim e uma honra. Sou daqui, da mesma linha dos primeiros moradores, então quero ajudar a fazer um evento inesquecível para todos. É história que fica.”
Jairo é trisneto de Karl Bencke, um dos primeiros moradores do então Grüner Jäger e um dos fundadores da comunidade evangélica.