Uma das maiores demandas regionais deste momento, a pavimentação da ERS-244, entre Venâncio Aires e Vale Verde, segue em pauta. E a última informação sobre a estrada é de que os valores para asfaltamento dos cerca de 16 quilômetros foram atualizados, passando de uma estimativa de R$ 30 milhões para uma cifra específica: R$ 48 milhões. Mesmo assim, as lideranças da região continuam confiantes de que é possível obter os recursos necessários para a obra. As opções são uma permuta de área do Estado com a Construtora Pelotense, que detém o contrato da ERS-244, e a destinação de valores referente à venda de estatais.
Prefeito de Vale Verde, Carlos Gustavo Schuch afirma que a mobilização pela obra não pode parar, mesmo que o montante para a pavimentação tenha sido atualizado e seja vultoso. “A pavimentação da 244 vai trazer muitos benefícios para a região. Não só para Venâncio Aires e Vale Verde, que são as cidades ligadas pela rodovia, mas também para todos os municípios que têm produções escoadas entre si e para outros destinos do Rio Grande do Sul”, sustenta. Ele diz que, além disso, o turismo é uma das áreas que mais serão estimuladas a partir da obra. “Com este asfalto, certamente teremos a confirmação de outros investimentos”, aposta.
Para Schuch, “o momento da 244 é agora”. Para concretizar o “sonho regional”, o prefeito de Vale Verde destaca a necessidade de trabalho em conjunto entre os prefeitos municipais. “Estamos perto de, finalmente, consolidar a ligação entre os vales do Rio Pardo e Taquari. Venâncio Aires e Vale Verde serão referências com a obra, mas Mato Leitão, General Câmara, Santa Cruz do Sul e Passo do Sobrado também vão colher frutos”, observa.
“Ou nos juntamos e fazemos acontecer, ou enterramos de vez o sonho do asfaltamento da ERS-244. A pavimentação desta rodovia é a chave do progresso para a nossa região, em especial para cidades menores, que terão possibilidade de atrair novos investimentos.”
CARLOS GUSTAVO SCHUCH – Prefeito de Vale Verde
Procedimento administrativo
• Atual secretário adjunto de Obras e Habitação do Estado, o ex-prefeito de Venâncio Aires, Giovane Wickert, segue atento aos movimentos relacionados à ERS-244. Conforme ele, um procedimento administrativo já foi aberto para validar a possibilidade de permuta de uma área de horto florestal, em São Jerônimo, na Região Carbonífera, por parte da pavimentação da rodovia que liga Venâncio Aires e Vale Verde.
• De acordo com Wickert, a área, de 17 hectares, que interessa à Construtora Pelotense, está avaliada em cerca de R$ 17 milhões. Embora o valor seja suficiente para custear pouco mais de um terço da obra na estrada da região, o secretário adjunto defende que o importante é buscar uma forma de dar início aos trabalhos. “Com a ordem do Governo do Estado, estaremos garantindo um bom tempo de trabalhos na 244. Depois, as forças regionais podem ir em busca de mais recursos para a conclusão do projeto”, argumenta.
• Wickert informa que a atualização da obra para R$ 48 milhões se deu em razão da necessidade de execução de aterros e galerias no trecho de aproximadamente 16 quilômetros, onde estão as pontes que ficaram famosas por ligar o nada a lugar nenhum.
• “Vamos ter que buscar outros R$ 30 milhões, mas não podemos perder esta oportunidade. Tivemos, recentemente, o anúncio de ágio de cerca de R$ 1 bilhão na venda da CEEE, que saiu de R$ 1,7 bilhão para R$ 2,7 bilhões, além outras vendas de ativos do Estado que permitirão novos investimentos, especialmente em projetos estruturantes”, diz o ex-prefeito da Capital do Chimarrão.
General Câmara reforça grupo pró-pavimentação
General Câmara é mais um município a fazer parte do grupo que trabalha pelo asfaltamento da 244. O prefeito Helton Holz Barreto destaca que a pavimentação do trecho entre Venâncio Aires e Vale Verde é essencial para o fortalecimento do projeto do parque multimodal que a cidade pretende ver se tornar realidade, às margens do rio Taquari. “Hoje, temos a ferrovia em pleno funcionamento, o que nos permite facilitar a logística para várias regiões do Rio Grande do Sul. Queremos adicionar os transportes fluvial e rodoviário, para que possamos reduzir ainda mais os custos e potencializar as operações na região”, comenta.
De acordo com Barreto, já existem tratativas com o Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco) para que a produção regional seja embarcada em General Câmara, a partir de quando o parque logístico estiver em operação. “Por ano, são cerca de 28 mil contêineres de tabaco que vão para exportação aqui da nossa região. Estamos falando de pelo menos 2,5 mil contêineres mensais do produto. Isso sem contar outras várias indústrias, dos mais diversos municípios, que têm todo o interesse na concretização deste projeto”, analisa. O prefeito de General Câmara destaca ainda que uma empresa paulista já protocolou carta de intenções para viabilizar a infraestrutura necessária ao funcionamento do parque logístico.
“Nos anos 80 e 90, os governos priorizaram totalmente os investimentos em rodovias, mas hoje em dia sabemos que elas estão saturadas. Agora, o momento é da hidrovia, especialmente, pois estudos apontam que os custos de escoamento podem reduzir em 32%. O que queremos é tornar realidade o projeto multimodal, oferecendo o transporte rodoviário, hidroviário e ferroviário na região. E, nesse sentido, a pavimentação da ERS-244 é fundamental.”
HELTON HOLZ BARRETO – Prefeito de General Câmara
Condomínio alfandegário
O deputado federal Marcelo Moraes (PTB) é um dos entusiastas da pavimentação da ERS-244 e da implementação do parque logístico em General Câmara. De acordo com ele, os investimentos, uma vez confirmados, podem garantir à região “uma espécie de condomínio alfandegário, que vai ter à disposição os três modais logísticos”. O parlamentar destaca que, inicialmente, a estimativa prevê 150 hectares para a implementação da estrutura, mas a área pode chegar a 300 hectares a partir da consolidação do terminal.
“É um projeto audacioso, que pode se tornar uma referência não apenas para a região, mas também para o Rio Grande do Sul. Ficará perto de Santa Cruz do Sul e também de Porto Alegre. Levando em conta que 91% do tabaco da região é exportado, só para citar um exemplo, não resta dúvida da importância do parque multimodal”, reforça.
O asfaltamento da ERS-244, bem como de trecho da ERS-405, conforme o deputado, é essencial para que o fluxo de veículos pesados, principalmente, deixe a RSC-287, entre Venâncio Aires e a BR-471, em Santa Cruz do Sul, e tenha caminho direto para General Câmara. “Teremos o tabaco, a carne e uma série de outros produtos, como os do polo metalmecânico, passando pela 244. Sem contar os grãos, que vêm de outras regiões do estado, pela BR-386 e se destinam à exportação. Vai ser um golaço”, afirma o parlamentar.
