Cada vez mais, o envelhecimento saudável da população é um assunto preocupante para a maioria das cidades brasileiras. Em um momento em que os índices de mortalidade e natalidade diminuem, a população mundial tende a viver mais tempo. Nesta sexta-feira, 1º, foi o Dia do Idoso e, em alusão à data, Patricia Morsch, 37 anos, que atua no Programa de Envelhecimento Saudável da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), na sede em Washington, nos Estados Unidos, traz dicas e explanações sobre o tema.
Patricia, que é natural de Venâncio Aires, comenta que existem muitos movimentos relacionados com cidades mais amigáveis e ambiente saudáveis para idosos. O movimento global, do qual faz parte, orienta que ambientes físicos, sociais e econômicos, tanto rurais quanto urbanos, são determinantes no envelhecimento saudável, pois influenciem de forma direta as oportunidades que as pessoas têm para manter e desenvolver suas capacidades e atividades. “Os ambientes amigáveis às pessoas idosas são lugares melhores para todas as pessoas e idades”, afirma.
Municípios e comunidades podem seguir políticas públicas que ofereçam melhores condições aos idosos, mas segundo Patrícia, o mais importante é ter em mente que as necessidades das pessoas idosas são únicas e aquilo que os municípios devem realizar para melhorar sua atuação com a população idosa também é. “A realidade local, os próprios desejos e necessidades desta população são muito individuais, por isso, é fundamental escutar e envolver as pessoas idosas nesses processos”, reforça. Como dica, Patricia destaca os conselhos e as conferências municipais que garantem uma boa participação popular.
- Nesse ano, iniciou a Década do Envelhecimento Saudável das Nações Unidas. Se espera que até 2030 se tenham melhores estratégias para atender a população idosa mundial.
Critérios estabelecidos
• Patricia explana que geralmente adaptações para idosos acontecem somente no ambiente construído, mas no movimento global os principais critérios relacionados são elencados em mais itens: o ambiente construído, os transportes, a habitação, as oportunidades de participação social, o respeito e a inclusão social, a participação cívica, o trabalho e a ocupação, a comunicação, o acesso ao apoio comunitário e aos serviços de saúde.
Currículo
• Patricia Morsch é fisioterapeuta e participa atualmente do programa da OPAS, que é a agência internacional especializada em saúde pública das Américas. Ela é formada pela Unisc, com pós-graduação em Saúde Pública na UFRGS e mestrado e doutorado na área do envelhecimento.
• O mestrado foi realizado nos Estados Unidos, na área de Gerontologia Social, e o doutorado na PUCRS, em Gerontologia Biomédica. É também especialista em Fisioterapia em Gerontologia pela Associação Brasileira de Fisioterapia em Gerontologia (ABRAFIGE-COFFITO) e faz parte da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia do Brasil.
• Patricia mora atualmente em Washington, nos Estados Unidos. “Estou fora de Venâncio desde 2018 mais ou menos, mas entre uma mudança e outra sempre permaneci alguns meses em Venâncio na casa dos meus pais, Luiz Carlos e Verena Morsch”, comenta ela.

No Rio Grande do Sul, três cidades participam do movimento
No dia 22 de setembro, Patrícia participou de uma atividade que falava de cidades da América Latina que fossem ideais para a moradia dos idosos. Ela comenta que este movimento é uma estratégia global bastante conhecida e nos últimos anos vem ganhando maior notoriedade. Na América Latina, o número de cidades e comunidades que fazem parte da Rede Global da Organização Mundial da Saúde (OMS) de Cidades e Comunidades Amigáveis aumenta cada vez mais.
No mundo, são aproximadamente 1,4 mil cidades e/ou comunidades que integram a rede. O seminário virtual, conforme Patricia, buscou demonstrar na região as boas práticas das cidades e trazer os principais desafios relacionados ao movimento nos países Latino Americanos. No Brasil, 18 cidades integram o movimento, a maioria da Região Sul e Sudeste. No Rio Grande do Sul, participam Esteio, Porto Alegre e Veranópolis.
Números
1 Patricia explica que, em 2020, a população mundial de pessoas idosas, com mais de 60 anos, representava um pouco mais de 1 bilhão de pessoas, 13,5% da população mundial que é de 7,8 bilhões. Esse número é 2,5 vezes maior do que em 1980, que era de 382 milhões, e projeta-se que alcance quase 2,1 bilhões em 2050 (uma em cada cinco pessoas será idosa).
2 Até 2030 se espera que uma em cada seis pessoas do mundo tenha mais de 60 anos. O Brasil tem atualmente mais de 30 milhões de pessoas idosas, 13% da população total do país, o RS é um dos estados mais envelhecidos (mais de 15% da população).
3 Para o ano de 2030 serão quase 50 milhões. O Brasil está entre os 10 países mais envelhecidos das Américas. Em 2030, haverá mais pessoas com mais de 60 anos do que crianças de 0 a 14 anos.
4 Essa transição demográfica no Brasil levará duas décadas, enquanto nos países europeus levou mais de um século, por isso Patricia enfatiza a importância das políticas públicas. A esperança de vida aumentou consideravelmente na última parte do século XX; hoje é de 76,3 anos no Brasil. Uma criança nascida no Brasil em 2015 viverá 20 anos mais do que uma nascida em 1965.
5 Também aumentou a “esperança de vida geriátrica”. Um brasileiro aos 60 anos pode viver mais 22,6 anos, e aos 80 anos, poderá viver mais 9,6 anos. Porém, existe uma lacuna de quase 10 anos entre a expectativa de vida e a expectativa de vida saudável. Isso quer dizer que em média uma pessoa no Brasil começa a viver sem saúde aos 65,4 anos.
Venâncio terá Centro Dia para idosos
Em setembro, o prefeito Jarbas da Rosa assinou contrato com a empresa Invicta Construtora para construção do Centro Dia. O local será destinado à integração do público idoso e estará localizado ao lado da da sede da União das Associações de Moradores de Venâncio Aires (Uamva), no bairro Cidade Alta. O Centro Dia atende a um programa federal do Desenvolvimento Social e visa proporcionar aos idosos do município um local adequado para atividades de recreação, assistência social e atividades físicas.
O centro terá salas de atividades individuais e coletivas, salas para repouso, administrativo, ambulatório, espaço de convivência, refeitório, cozinha, sanitários e almoxarifado. A expectativa é que a obra seja entregue em até dez meses.
A integrante do programa de Envelhecimento Saudável da Organização Pan Americana da Saúde (OPAS), Patricia Morsch, confirma que este modelo é uma tendência mundial para favorecer atividades e serviços específicos aos idosos. “Como um todo, no município é fundamental políticas de inclusão, de combate ao idadismo (preconceito em relação a idade) e maior apoio e interação inter geracional em todos os âmbitos”, considera.
- R$ 599.364,77 é o valor total da obra, que será paga com emenda parlamentar e contrapartida municipal.
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