Orlando Schonarth e um espaço de fé

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Morador do loteamento Eisermann, no bairro Leopoldina, há 20 anos, o benzedeiro Orlando José Schonarth, 50 anos, é conhecido por todos moradores da redondeza. Católico praticante, ele faz orações e benze as pessoas, em casa, uma prática que, segundo ele, é um dom e também uma missão.

Schonarth foi um dos primeiros moradores do loteamento. Ele recorda que, na época em que se mudou, não havia muitas coisas, não tinha movimento nem a Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Alfredo Scherer era no endereço atual. “Não tinha nem asfalto, mas eu vi futuro no bairro e gosto de morar aqui”, comenta.

Dessas duas décadas residindo no Leopoldina, há cerca de 10 anos, ele trabalha em casa como benzedeiro. Hoje, já é um ponto de referência no bairro e ficou conhecido por muitas pessoas, pelos auxílios que já prestou. “Eu trabalho só com o lado do bem, ajudo as pessoas com doenças, depressão e outros problemas. Tenho um dom e pratico o bem ao próximo.”

Muitas pessoas do bairro o procuram, porém, ainda existem alguns preconceitos, assim como em outras crenças. O benzedeiro conta que não tem renda mensal com esse serviço, pois é voluntário, sem cobrança. No entanto, algumas pessoas doam valores pela benzedura, assim como mantimentos. “É uma missão na minha vida, porém não é fácil, pois preciso lidar com toda sensibilidade espiritual e também com a questão de não ter uma renda fixa”, comenta Schonarth, que é viúvo e mora com o filho pré-adolescente.

AUXÍLIOS DE ORLANDO

Segundo ele, muitas pessoas o procuram por problemas de depressão. Por isso, além de benzer, ele faz questão de conversar com as pessoas e possibilitar que elas desabafem. “Depressão tem cura e as pessoas precisam saber disso. Normalmente, quem tem se sente inferior, perde a vontade de viver, não conversa com a família e se isola. Com isso, vêm as doenças espirituais e isso se melhora com espiritualidade, fé e crença”, frisa.

Além disso, várias pessoas com doenças físicas procuram o benzedeiro. Segundo ele, entre os casos que aparecem muito estão os de mulheres que querem engravidar e não conseguem. “São pessoas saudáveis, para as quais o médico fala que pode ter filhos, nem a mulher nem o homem possuem problemas. Fazem vários exames, tentam de todas as formas e não conseguem. Em muitos casos, não conseguem engravidar porque possuem algum bloqueio espiritual, dessa ou de outra encarnação. Ao benzer, quebramos isso”, explica.

Schonarth afirma que, quando os casais voltam faceiros para contar da gravidez, fica muito feliz, pois assim eles também estão conseguindo cumprir uma das missões. Algumas pessoas continuam indo no local, levam as crianças para benzer a agradecer ao benzedeiro. “Já tem casos que a pessoa não tem a missão de ser mãe, ou pai. Então, acaba não tendo filho mesmo, é complicado explicar e fazer elas aceitarem isso, mas é a realidade. Meus anjos protetores logo me falam se a missão é ou não ter filhos.”

“A benzedura é a benção, purificação da alma. Uma ação do bem.”

ORLANDO JOSÉ SCHONARTH

Benzedeiro

  • Dom de infância
  • O dom de benzer, segundo Schonarth, vem da sua falecida madrinha. Ele lembra que a família não aceitava a crença, portanto, essa tia era proibida de benzer. Eles residiam em Santa Emília e, na infância, ele lembra que via espíritos e até mesmo Cristo. “Eu pensava: ‘por que sou diferente? Por que me perseguem? Por que vejo vultos?’ Ninguém me ajudou, ninguém me explicou que era um dom e eu sofri com isso”, relata.
  • Por conta do preconceito e falta de crença da população, ele teme que a benzedura seja extinta, aos poucos, pois já percebe uma grande diminuição de benzedeiros no município.
  • Para Orlando Schonarth, as pessoas estão sem fé, atualmente. Ele acredita que a pandemia de Covid-19 é um desafio para a sociedade lembrar do amor ao próximo, da fé, de Deus e valorizar as coisas simples. “Devemos orar e, antes de pedir, temos que agradecer. Não adianta conversar com Deus só quando tem uma lista de pedidos”, destaca.
    

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