O ano de 2020 foi atípico para toda a população. A famosa reinvenção, na qual tanto se fala, é presente na vida da maioria dos brasileiros, que se viu obrigado a vislumbrar novos mercados de trabalho ou formas de atuação junto às suas profissões. O home office ganhou força, as crianças seguem sem aulas presenciais, e o apartamento ou a casa, que até então era funcional, tornaram-se pequenos para encaixar as rotinas de trabalho e lazer em um só lugar.
Com isso, a tendência é que cada vez mais as famílias troquem os imóveis por lugares maiores ou, então, por aquela chácara no interior para passar o fim de semana. A corretora de imóveis Caroline Konzen, afirma que as medidas de isolamento social, cada vez mais rígidas, fizeram com que as pessoas ficassem mais tempo em casa e valorizassem algumas características específicas nos imóveis, que passavam, muitas vezes, desapercebidas antes da pandemia. “A procura por imóveis com o tamanho maior, a existência de espaço aberto como área de varanda e chácaras são algumas exigências feitas por quem vai adquirir um imóvel hoje em dia”, comenta.
Caroline ressalta que outra coisa que pode mudar o mercado imobiliário é a tendência do aumento de trabalho em regime home office, que faz com que as pessoas não sintam mais a necessidade de morar perto dos locais de trabalho e possam comprar imóveis mais afastados dos centros urbanos.
A profissional destaca que os conceitos de moradia estão passando por mudanças, com maior interesse da troca de apartamento por casa ou apartamento/casa na cidade por propriedade no interior. “É fundamental consultar corretores de imóveis profissionais, que conheçam a região pretendida para a aquisição do imóvel e que serão capazes de assegurar que o processo de compra será com segurança jurídica, garantindo assim que a escolha seja boa em curto, médio e longo prazo”, complementa.
Retomada econômica
Caroline observa que fatores como linhas favoráveis de crédito, bons preços e taxas baixas de juros são vistos como os principais impulsionadores da retomada econômica. “O fato de a taxa Selic alcançar um dos níveis mais baixos da história, caindo de 2,25% para 2% ao ano, mostra que o momento é bom para investir em imóveis, já que o investimento na poupança rende pouco”, enfatiza. Ela acrescenta que, no primeiro trimestre do ano, os financiamentos de imóveis com recursos da poupança cresceram quase 30%. Com a queda nos juros, houve um aumento de mais de 20% dos financiamentos imobiliários feitos por meio da Caixa Econômica Federal.
A corretora de imóveis lembra que é importante considerar, também, neste momento, a segurança dos investimentos. “Com empresas falindo e enfraquecendo, fica mais arriscado investir na bolsa de valores, e a compra de um imóvel pode ser a melhor forma de preservar o dinheiro e garantir rentabilidade.”
Um recanto para chamar de lar
A zona rural foi a escolha da dona de casa Cláudia Pfeifer, 52 anos, para a construção de uma casa ampla, acessível e em um lugar tranquilo. Em 2013, ela procurou a equipe da Konzen Imóveis e comprou uma propriedade de 0,8 hectare em Linha Travessa. Na época, o local que fica distante sete quilômetros da cidade, tinha apenas uma casa antiga, um açude e algumas mudas de árvores.
Cláudia pensou em cada detalhe da obra e, em 2015, se mudou para a nova casa com os filhos Ana Luisa, 20 anos, e Lucas, 24, que são estudantes. Ela conta que as mudanças e melhorias foram feitas aos poucos. Hoje, acredita que tem perto de 100 árvores frutíferas. Cláudia também mantém uma horta na qual cultiva hortaliças para consumo da família. “No início eu fazia todo o serviço sozinha, hoje tenho ajuda para cortar a grama”, afirma.
A matriarca foi criada em Vila Santa Emília, interior de Venâncio Aires, onde ficou até os 14 anos.
A família morava no bairro Cruzeiro, próximo à rodoviária, mas Cláudia sempre manteve a vontade de voltar para o meio rural. Queria um lugar novo que pudesse fazer tudo do seu jeito. A principal vontade era construir uma casa ampla e acessível, com portas largas e poucos degraus. “Eu tinha receio dos meus filhos não se adaptarem, mas foi tranquilo”, conta.
Ana, a filha de Cláudia que estava no auge da adolescência quando se mudaram, diz que a principal diferença que sentiu foi, por antes, ter tudo mais perto. “Como não somos muito de sair, acostumamos bem, temos mais privacidade aqui”, relata. A família diz que não estranha a questão da distância, pois tem vizinhos por perto, posto de saúde e minimercado, onde é possível ir a pé buscar os produtos que faltam.
“Eu sabia que ia ter trabalho para cuidar do pátio, mas compensa. É muito tranquilo aqui e de fácil acesso.”
CLÁUDIA PFEIFER – Dona de casa