As polêmicas paradas inteligentes que, a princípio, surgiram como inovação e para oferecer conforto e segurança aos usuários do transporte coletivo, agora se tornaram sinônimo de descuido e vandalismo. A reportagem da Folha do Mate visitou as cinco paradas para conferir o atual estado das estruturas.
Elas estão na rua Tiradentes, na Praça Coronel Thomaz Pereira; rua General Osório, proximidades do Super Dobom; rua Getúlio Vargas, perto do Super Lenz; avenida Ruperti Filho, quase na esquina com a rua Jacob Becker; e rua José Arnoldo Kist, no bairro Bela Vista. A quinta parada não está finalizada, apenas a estrutura inicial está no local.
As estruturas devem contar com ar-condicionado, cortina de ar, iluminação, internet sem fio, bancos, bebedouro, televisão, tomadas para carregar celular e câmeras de videomonitoramento, além de acesso para cadeirantes. Durante a ronda pelas paradas, poucas dessas funcionalidades estavam em prática. As quatro paradas têm ar-condicionado e iluminação, contudo, por estarem desligados, não era possível comprovar o funcionamento. Entre os pontos prometidos para as paradas inteligentes, cortinas de ar, tomadas e acesso para cadeirantes estão em todas elas.
Vandalismo e sujeira
O problema mais perceptível é o vandalismo nos locais. Pichações e fios cortados são os principais destaques, em especial na parada da rua General Osório. Nela, há no teto de PVC, fios cortados e diversas pichações. Inclusive, os cabos de internet e televisão estavam cortados.
Nas paradas da rua Getúlio Vargas e avenida Ruperti Filho, os furos no teto também chamam atenção. Na Ruperti Filho, os fios foram cortados, em claro crime de furto. As pichações também são percebidas na estrutura instalada na Praça Coronel Thomaz Pereira.
Nas paradas da rua General Osório, avenida Ruperti Filho e Praça Coronel Thomaz Pereira, latas, maços de cigarro, papel e garrafas estão jogados no chão. Já na parada da rua Getúlio Vargas, a situação é menos problemática. Todas as paradas têm bancos e bebedouros, contudo, o estado de ambos varia e a sujeira predomina na maior parte.
Novamente, na rua General Osório, está o maior problema, com um bebedouro que não funciona e está muito sujo, além de bancos com poeira. Nos demais, o bebedouro funciona e a água é potável, ainda que o equipamento esteja bem sujo, principalmente com poeira.
Usuária lamenta
Moradora de Linha Brasil, no interior de Venâncio Aires, Jussara Santos da Silva, de 73 anos, utiliza a parada da avenida Ruperti Filho semanalmente, pois se desloca para o perímetro urbano para treinar na academia. Segundo ela, infelizmente, a limpeza e manutenção deixam a desejar. “E não vemos quem é que vandaliza, pois fazem à noite, o que dificulta ainda mais”, diz.
A aposentada ainda lembra que esteve presente na inauguração de uma das paradas inteligentes em Santa Cruz do Sul, há cerca de três anos, e considera um desperdício o que está sendo registrado na Capital do Chimarrão. “O ambiente é bonito e agora, com a avenida reformada, seria ainda mais legal”, frisa.
Prefeitura reconhece condições precárias
A Administração de Venâncio Aires, por meio da assessoria de imprensa, reconheceu as condições precárias de conservação das paradas inteligentes e justificou que ainda não aconteceu a finalização do convênio, pois a empresa não entregou a última parada, prevista para o bairro Bela Vista. De acordo com contrato firmado pelo governo anterior, após a entrega das paradas, caberá à Prefeitura a instalação de água, luz e funcionamento dos equipamentos previstos.
A assessoria informou que não há interesse imediato em renovação do convênio ou instalação de novas unidades, tendo em vista que o modelo é considerado de alto custo e difícil manutenção. Para melhorar os pontos de abrigos públicos, há processo aberto para registro de preços de até 100 unidades de paradas de ônibus modulares. Os modelos terão dois tamanhos diferentes e as estruturas poderão ser instaladas conforme a necessidade e cronograma estabelecido pelo Município, na cidade e no interior.
Saiba mais
• Em 2019, no governo Giovane Wickert, a Prefeitura optou pelos projetos como uma forma de compensar o incentivo industrial que uma empresa local recebeu em 2012. Com a contrapartida, a empresa do ramo de fabricação e manutenção de máquinas e equipamentos para indústrias não precisou devolver um terreno repassado pela Administração. Inicialmente, a quinta parada estava projetada para a rua 15 de Novembro, contudo, posteriormente foi decidido que era melhor a instalação no bairro Bela Vista, só que até hoje ainda não foi finalizada.