Saída ocorreu em frente à Prefeitura (Foto: Júnior Posselt/Folha do Mate)
Saída ocorreu em frente à Prefeitura (Foto: Júnior Posselt/Folha do Mate)

Venâncio Aires - A manhã deste domingo, 9, foi marcada pela união entre esporte e conscientização em Venâncio Aires. Cerca de 170 pessoas participaram de mais uma edição do Pedal Azul e Rosa, evento focado na saúde de homens e mulheres.

A pedalada saiu de frente da Prefeitura com destino ao Refúgio Rafah, em Linha 17 de Junho. O percurso, de aproximadamente quatro quilômetros, durou cerca de meia hora e integrou as ações das campanhas Outubro Rosa e Novembro Azul, incentivando a prevenção.

Histórias compartilhadas

Na chegada ao ponto final do passeio, foram compartilhadas histórias para inspirar os participantes a se dedicarem à prevenção da saúde. Entre elas, Ângela Ribeiro falou sobre o diagnóstico de leucemia (LMA) da filha mais velha, Andressa, hoje com 12 anos.

“No dia 6 de setembro de 2023, foi diagnosticada com leucemia, quando tinha 9 anos. Ela ficou internada no Hospital Santo Antônio, em Porto Alegre, dentro da Santa Casa, por 7 meses, e eu junto com ela. A Andressa fez 35 quimioterapias. Graças a Deus, hoje a gente se encontra em remissão”, contou.

Ângela desabafou sobre o sentimento ao receber a notícia. “Foi um desespero total. Foi como se dissessem que eu não era uma boa mãe por não ter conseguido me antecipar e descobrir que a minha filha estava doente.”

Ela relata que Andressa, sempre muito ativa, não apresentava sintomas. “Foi depois do aniversário das minhas filhas de 3 anos, que ela correu muito, que surgiram as primeiras manchas roxas. Quando mandei a imagem para a pediatra, ela logo falou para procurar a UPA [Unidade de Pronto Atendimento]”.

O diagnóstico e o tratamento vieram logo depois. “Eu vi o SUS funcionar e, nessas coisas, realmente o atendimento foi excelente. Chegamos em Porto Alegre numa segunda-feira, na terça eu já tive a confirmação. E na quarta-feira, 7 de setembro, feriado, a Andressa já iniciou a primeira quimioterapia.”

Foram longos períodos de internação, como a primeira, de 44 dias. “A gente não sabia o que era sair na rua, sentir o vento, porque as janelas eram trancadas por causa da imunidade muito baixa. Eu comemorei meu aniversário de 40 anos com ela no hospital”, lembra Ângela, que estava com as outras duas filhas em casa, sendo cuidadas pelo marido.

A menina Andressa também falou sobre o período: “Foi um momento muito difícil, mas a gente tem que aprender a se adaptar. Muitas vezes eu não podia sair do quarto. A família foi muito importante. Amigos, meus colegas, foram muito importantes para mim; quando podiam, eles me ligavam”, afirma a filha. “Meu maior sonho, em 2029, é realmente receber o papel de alta definitiva. Essa sim vai ser a nossa maior vitória.”

Prevenção: “Não deixem para a última hora”

Simone Konrad, 40 anos, que gosta de estar envolvida em pedais e jogos de vôlei, compartilhou a luta contra um câncer de colo do útero descoberto no ano passado. “Foi difícil, foi uma caminhada complicada, mas eu tô aqui graças à minha família e aos amigos que me apoiaram”, disse ela, emocionada.

Entre os sintomas que causaram alerta, estavam sangramentos. Ao realizar exames, descobriu que o câncer estava em estágio avançado. O tratamento incluiu radioterapia e quimioterapia. Como última tentativa, foi realizada a braquiterapia, em Porto Alegre.

Simone Konrad segue em acompanhamento contra um câncer de colo do útero

“Tô acompanhando agora, já faz um ano, graças a Deus tá tudo certo. Eu sempre digo assim: gente, qualquer dorzinha, infecção de bexiga, dor na relação, vão atrás. Não deixem para a última hora. Fé e esperança sempre.”

“As pessoas não acreditam que a gente está doente”

Já Jeferson Moreira, 34 anos, foi diagnosticado com Linfoma de Hodgkin em setembro de 2023. Ele falou sobre a dificuldade do diagnóstico, especialmente para os homens. “É muito difícil, porque muitas pessoas se apoiam na gente por sermos homens. A família, amigos, e até chegar no diagnóstico, muitas vezes as pessoas ao nosso redor não acreditam que a gente está doente, porque a gente mostra a força, mostra que está sempre bem”, relatou.

As dores começaram em fevereiro de 2023, durante o nascimento da filha mais nova. “Foram dores muito agudas, fortes. Por seis meses, médicos e médicos não achavam o que eu tinha, porque não aparecia nos exames, tomografia, ressonância. Eu tinha muita dor nas costas.” O resultado apareceu em uma tomografia do tórax. “Eu já estava com os tumores generalizados por todo o corpo.”

Jeferson Moreira descobriu um linfoma em setembro de 2023

O prazer de pedalar em grupo

O evento também celebrou a paixão pelo ciclismo que move muitos dos participantes. As integrantes do grupo ‘Pedal é legal’ aproveitaram a programação. Lisane Kurz, 50 anos, pedala há cerca de cinco anos. “Começou com meu filho e meu irmão. Comecei aos pouquinhos. Depois eles pararam, e comecei a ir sozinha, com as amigas. Pedalar é muito bom, traz sentimento de liberdade. Vamos para o interior, voltamos para casa com sentimento renovado”, conta.

Sobre o grupo, conta a outra integrante Luciane Schneider, de 46 anos, ele iniciou com 14 integrantes e se reúne todos os sábados para trajetos que incluem Vila Deodoro, Passo do Sobrado e Vale Verde.

Amigas Lisane e Luciane
Júnior Posselt

Repórter

Acompanha assuntos voltados ao interior e à educação.

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