“Precisamos de um sistema mais robusto de acompanhamento do nível do rio”, defende pesquisadora

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Engenheira ambiental, doutoranda em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental pelo Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e professora na Universidade do Vale do Taquari (Univates), a venâncio-airense Sofia Royer Moraes explica que a incidência do fenômeno climático El Niño, que aumenta a frequência e magnitude das chuvas, contribuiu para o grande volume de chuva que inundou Vila Mariante. Junto a isso, a pesquisadora também cita o aumento populacional das últimas décadas e aterros e cortes em áreas de risco.

“As inundações na região da bacia hidrográfica Taquari-Antas fazem parte de um contexto natural, no entanto, se desenvolveram mais rápido que os outros, em dois dias de chuva e um dia de vasão, com pico do escoamento, o que levou ao caos instalado”, analisa, ao citar que o tempo de resposta do rio Taquari foi muito rápido, enquanto as pessoas não esperavam a cheia.

A pesquisadora, que tem mestrado em Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento, defende a necessidade de melhorias no sistema de monitoramento do nível do rio Taquari, que atingiu 29,62 metros no Porto de Estrela, na terça-feira. São 30 centímetros a menos do que os 29,92 metros registrados em 1941 e mais do que o dobro dos 13 metros que é o nível normal do rio.

Ela lamenta que os sistemas tenham parado de operar justamente no período mais crítico da enchente. Em Mariante, a régua de 15 metros foi ultrapassada pela água na tarde de terça-feira. “Precisamos de um sistema mais robusto de acompanhamento do nível do rio, em vários pontos, no mínimo de Veranópolis a Taquari, que permita conhecer a bacia e que se possa desenvolver ações preventivas de resposta”, ressalta Sofia, que tem estudado as inundações no rio Taquari ao longo dos últimos anos. Atualmente, no doutorado, o foco da pesquisa é na reconstrução de eventos extremos históricos na bacia hidrográfica Taquari-Antas.

Maiores enchentes do rio Taquari

  • 1941 29,92 metros
  • 1946 27,40 metros
  • 1954 27,35 metros
  • 1956 28,86 metros
  • 1959 26,63 metros
  • 1990 26,64 metros
  • 2001 26,95 metros
  • 2008 26,65 metros
  • 2011 26,85 metros
  • 2020 27,39 metros
  • 2023 29,62 metros

*Dados da medição do Porto de Estrela, conforme pesquisa de Sofia Royer Moraes.



Juliana Bencke

Juliana Bencke

Editora de Cadernos, responsável pela coordenação de cadernos especiais, revistas e demais conteúdos publicitários da Folha do Mate

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