
Venâncio Aires - O Município de Venâncio Aires passa a contar com um Plano de Ação para o Controle da Esporotricose, uma doença que afeta humanos e animais, principalmente gatos, que são transmissores e os mais afetados com as lesões cutâneas. Nos últimos meses, o município registra aumento de casos suspeitos e confirmados, especialmente nos bairros Morsch, Brígida e Battisti, com expansão para o Centro e para o bairro Macedo, este último associado ao abandono de animal infectado; o que motivou a ação especial.
Com apoio de ONGs protetoras de animais e dos vereadores Alessandra Ludwig (PDT) e Nilson Lehmen (MDB), que trouxeram o caso à Administração Municipal e solicitaram Plano Conjunto de Combate à Doença, muitos animais foram diagnosticados em estágio avançado da doença nos últimos meses, reforçando a importância da detecção precoce e do acesso rápido ao tratamento veterinário.
Reunindo as Secretarias do Meio Ambiente, Sustentabilidade e Bem-Estar Animal e da Saúde, por meio dos setores de Vigilância Sanitária, Ambiental e Epidemiológica, o Plano define ações de trabalho e um fluxograma de tratamento para casos suspeitos. O prefeito Jarbas da Rosa destaca que o município já vem intensificando as ações para o controle da doença, porém passa a ampliar também a divulgação para um tratamento uniforme. “A esporotricose é uma doença que está aparecendo em várias partes do Brasil, mas precisamos atacá-la de forma adequada para a proteção dos nossos animais e também de humanos”, ressalta.
No Plano, o município definiu um fluxograma oficial de atendimento dos casos de esporotricose, que orienta profissionais de saúde animal, tutores e a população sobre os procedimentos de identificação, diagnóstico, notificação e tratamento. Este estabelece que, diante da suspeita clínica, o animal deve ser avaliado por médico veterinário. O diagnóstico é realizado por meio de exames laboratoriais, como citopatologia e cultura fúngica. Todos os casos suspeitos ou confirmados devem ser notificados à Vigilância, permitindo o mapeamento epidemiológico e a adoção de medidas de controle nos focos. Uma vez identificado o caso suspeito, devem ser adotadas medidas imediatas de segurança, com isolamento do animal e uso de equipamentos de proteção individual durante o manejo.
Notificações
Conforme o médico veterinário da Vigilância Ambiental, Alexandre Costa Dotto, ao longo de um ano foram notificados 97 casos de esporotricose no município. Do total, apenas três ocorreram em cães, sendo os demais em gatos. Destes, 79 casos foram confirmados por avaliação veterinária e exames laboratoriais, enquanto outros 15 são considerados suspeitos, e três casos descartados. Os animais diagnosticados estão em tratamento, e alguns evoluíram para óbito.
Em relação a esporotricose em humanos, em um ano, 32 casos foram notificados, sendo que três foram por critério laboratorial e 29 casos por critério clínico-epidemiológico. Todos os pacientes notificados receberam tratamento. Conforme explica a enfermeira da Vigilância Epidemiológica, Carla Lili Muller, “os casos são notificados por critério clínico-epidemiológico quando se tem a clínica compatível associada à presença de gato doente na residência ou nas proximidades. Muitas vezes a lesão está fechada, sem presença de secreção, o que impede a coleta do material”, explica. Ela acrescenta que o início do tratamento também pode interferir no resultado dos exames. “Quando a pessoa começa a medicação, se a coleta for feita cerca de sete dias depois, o resultado pode dar falso negativo”, complementa.
A enfermeira alerta ainda para a possibilidade de falta de notificação. “A gente sabe que existem mais pessoas com lesões que não cicatrizam e que não estão sabendo como conduzir corretamente a situação. A primeira coisa a se fazer é procurar um profissional médico para avaliação do caso, após, será encaminhado para coleta de material na Vigilância Epidemiológica e tratamento”, destaca.
Tratamento e acompanhamento
O tratamento da esporotricose em animais segue os protocolos, tendo o itraconazol como medicamento de primeira linha, dispensado pela Vigilância Ambiental mediante prescrição veterinária. O tratamento deve ser mantido até a cura clínica completa, podendo se estender por seis meses, especialmente em casos disseminados ou com comprometimento respiratório.
Em situações graves, sem resposta ao tratamento ou que representem risco à saúde pública, a eutanásia pode ser indicada, sempre com laudo técnico do responsável e autorização do tutor, conforme a legislação vigente.
O fluxograma também reforça o manejo adequado de resíduos, determinando que animais mortos ou eutanasiados com diagnóstico de esporotricose tenham destinação correta, por meio de incineração ou cremação, sendo proibido o enterro ou descarte no lixo comum. Vale destacar que, cada caso será analisado e diagnosticado pela equipe de trabalho.
Prevenção e Cuidados
O plano municipal prevê ações contínuas de educação em saúde, orientando sobre sinais da doença, formas de transmissão, cuidados no manejo de animais doentes e medidas de prevenção.
Também estão previstas ações de guarda responsável e controle populacional ético de gatos, com castrações em áreas com focos da doença. Além disso, está em fase de implementação um espaço adequado que servirá de abrigo temporário para animais em situação de rua e sem tutor, junto ao Centro Transitório Animal – CT Animal, com previsão de conclusão em fevereiro de 2026. “Entendemos que o trabalho desenvolvido de forma integrada pela equipe de trabalho será ampliado para garantir um local adequado aos animais em tratamento, especialmente os animais em situação de rua. Já para as famílias inscritas no Cadastro Único, o município fornece gratuitamente a medicação por meio da Vigilância Sanitária. Vamos ampliar esse trabalho, porque entendemos a importância da causa animal e, principalmente, do cuidado com nossos animais”, completa o prefeito.
Em caso de suspeita de esporotricose, o contato pode ser realizado por meio do WhatsApp (51) 99910-9500, pelo telefone da Vigilância Sanitária no (51) 2183-0757, e telefone da Vigilância Ambiental no (51) 2183-0754.
(Fonte: Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Venâncio Aires)