Primeira Infância Melhor: estímulo para crescer e aprender

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Samuel Geremias Pinto era só um bebê de sete meses quando começou a ser atendido por um programa que também ainda engatinhava em Venâncio Aires. Foi em julho de 2010, que um grupo de representantes das áreas de Saúde, Educação e Assistência Social começou a visitar gestantes e crianças de famílias carentes.

Hoje, Samuel já tem 11 anos (completados no Natal) e acompanha o desenvolvimento do irmão, Daniel Elias Pinto, 4 anos. O caçula é uma das atuais 124 crianças atendidas pelo programa Primeira Infância Melhor (PIM)/Criança Feliz. “Ele sempre espera e quando ela chega, diz, todo feliz: mãe, é a profe!”, relata Andressa Carvalho, 33 anos. A safreira é mãe dos meninos e a família, uma das primeiras atendidas pelo PIM em Venâncio Aires, mora no bairro Cidade Nova.

Em 2010, Samuel começou a ser atendido porque era ‘muito doentinho’. Nascido prematuro, com apenas seis meses, ele não frequentou imediatamente uma escolinha e Andressa ficou em casa para cuidar do menino. “Minha tia Maria de Fátima comentou do programa novo que tinha”, lembra.

Assim, o bebê começou a receber visitas com o objetivo de desenvolver vínculos afetivos, a comunicação e linguagem, a área motora, socioafetiva e cognitiva. Com essa atenção, Samuel ficou no PIM até os 3 anos, quando a família conseguiu uma vaga na Emei Bela Vista. Atualmente, o já pré-adolescente está na ‘porta’ do 5º ano do Ensino Fundamental da escola Cidade Nova.

“É muito bom. Foi ótimo para o Samuel e agora está sendo pro Dani. A gente vê pelo aprendizado deles e nós, os pais, também temos orientações. É bom para todo mundo”, destaca Andressa.

Samuel, no centro, hoje acompanha o desenvolvimento do irmão, Daniel (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)

Atividades

As atividades desenvolvidas pelo PIM/CF são planejadas conforme a faixa etária das crianças e são para estimular o desenvolvimento, como através de contações de histórias, brincadeiras e jogos. “Os primeiros 6 anos são muito importantes no crescimento e desenvolvimento da criança. Por isso é importante e necessário o estímulo, quanto mais estimulada a criança for, mais vai se desenvolver. E os estímulos já começam desde a gestação”, destacou a coordenadora do PIM, Andréa de Oliveira.

Bebês

Geralmente, as crianças começam a ser visitadas logo cedo, quando ainda são bem pequenas. Antonella Vitória Faleiro, 5 meses, tinha poucas semanas quando passou a ser atendida. A menina mora com a mãe, Maria Claudete Rodrigues, 34 anos, e mais três irmãos, na Vila Rica.

“As visitadoras trazem atividades e brinquedos, para ela ir se desenvolvendo. Assim foi com a Dhjulia”, conta Maria, que trabalha como safreira em uma indústria de tabaco.

Dhjulia Gabrielle Tica hoje tem 8 anos e estuda na escola José Duarte de Macedo. Mas, dos primeiros meses até os 4 anos, teve acompanhamento do PIM. “Foi muito bom, porque depois que foi para a escola, já tinha noção de muita coisa.”

Para os bebês como a Antonella, é elaborado um plano de atenção e cuidados às famílias. “Fizemos a busca ativa de famílias com gestantes e crianças e são dadas orientações que incentivem o aleitamento materno e a nutrição saudável”, explica Andréa de Oliveira.

Antonella tem cinco meses e recebe atendimento do PIM (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)

669 – é o número de crianças venâncio-airenses já atendidas desde 2010.

Formatação

No Rio Grande do Sul o PIM é desenvolvido desde 2003 e tornou-se Lei Estadual em 2006. Tem como referência a metodologia do projeto cubano ‘Educa a tu Hijo’, do Centro de Referencia Latinoamerica para la Educación Preescolar (Celep).

Em Venâncio Aires, o programa atua nos bairros Gressler, Cidade Nova, Xangrilá, Vila Táta, Loteamento Tirelli, Aviação, Macedo, Battisti, Coronel Brito, Brands. Todas as famílias que moram nesses locais, que têm gestantes ou crianças até 6 anos, podem procurar atendimento. A prioridade são famílias que recebem o Bolsa Família e crianças não estão matriculadas em escolas.

O programa conta com as seguintes visitadoras: Taiana Elisa Godoy (estudante de Pedagogia), Simone Beatris Kist e Daiane Iara Teixeira (estudantes de Psicologia), Rafaela da Silva Sá e Cauana Silveira Prestes (estudantes do curso técnico em Enfermagem).

A coordenadora do PIM é a pedagoga Andréa de Oliveira. O Grupo Técnico Municipal é formado pelas representantes da secretarias de Saúde, Rosângela Menzel Ellert, e da Habitação e Desenvolvimento Social, Daiane Führ. Representando o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) pelo Criança Feliz, é a assistente social Cilene Reis.

As principais atividades desenvolvidas são visitas domiciliares realizadas semanalmente às famílias, visando o fortalecimento de vínculos e cuidados com suas crianças; realização de atividades lúdicas, que qualificam as relações familiares e comunitárias e contribuem para o desenvolvimento pleno das capacidades físicas, intelectuais, sociais e emocionais do ser humano.

Devido à pandemia, nos últimos meses o atendimento foi remoto, onde as famílias recebiam pelo WhatsApp informações e orientações. As visitas presenciais voltaram recentemente, com os devidos cuidados e seguindo protocolos de segurança. Na rede de apoio, ainda há o trabalho do Centro de Referência de Assistência Social (Cras).

“É muito gratificante observarmos a evolução no desenvolvimento das crianças, a partir dos atendimentos. Estamos muito felizes com o carinho, atenção e dedicação das famílias, pois elas sabem da importância do trabalho que está sendo realizado.”

ANDRÉA DE OLIVEIRA – Coordenadora do PIM

Política pública

Embora não esteja atrelado à Secretaria de Educação, o PIM é peça fundamental para a área. Nesse sentido, a secretária, Alice Theis, destaca que o programa ultrapassa a dimensão da assistência social, devido ao acompanhamento pedagógico. “Independente de governo, é uma política pública que se mantém. É a fase mais importante da vida, pois na primeira infância está o desenvolvimento físico e intelectual. Com esse acompanhamento sadio, se previnem diversas situações.”



Débora Kist

Débora Kist

Formada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) em 2013. Trabalhou como produtora executiva e jornalista na Rádio Terra FM entre 2008 e 2017. Jornalista no jornal Folha do Mate desde 2018 e atualmente também integra a equipe do programa jornalístico Terra em Uma Hora, veiculado de segunda a sexta, das 12h às 13h, na Terra FM.

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