Reforma final do Calçadão muda cenário da área central de Venâncio

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Aquele que foi o cenário característico do centro de Venâncio Aires nos últimos 28 anos está prestes a mudar completamente. Isso porque começaram as obras de revitalização da parte final do Calçadão – aproximadamente 182 metros do lado direito de quem desce a rua Osvaldo Aranha.

Tipuanas foram cortadas ainda durante o domingo (Foto: Alvaro Pegoraro/Folha do Mate)

Ao longo do domingo e durante esta segunda-feira, 11, máquinas e funcionários da Invicta (empresa que venceu a licitação) ocuparam o trecho para o corte das tipuanas, remoção dos canteiros e do calçamento. Ontem pela manhã, a movimentação chamou atenção de muita gente, que ainda não sabia da notícia. Entre os surpreendidos, a técnica em Enfermagem Mara Oliveira, 51 anos, que lamentou o corte das tipuanas. “Achei uma maldade o que fizeram com as árvores. Sempre vínhamos finais de semana para aproveitar a sombra, mas agora fica difícil”, comentou.

Elemar Pinheiro dos Santos, 38 anos, comerciante em Linha Canto do Cedro, também falou sobre as árvores. “A gente sabe que é para melhorar, mas acabaram com a sombra. Acho que poderiam ter reformado a calçada, mas sem diminuir o espaço, porque agora ‘calçadão’ não tem mais, né?”.

A opinião dos dois vai ao encontro de muitos venâncio-airenses que se queixaram nas redes sociais já no fim de semana e mesmo das reclamações que aconteceram em julho de 2020, quando foram cortadas as tipuanas do lado oposto e cuja maior parte da revitalização foi custeada por empresários.

“O trânsito já estava fluindo bem, não sei se era necessário mexer tanto. Achei uma maldade o que fizeram com as árvores, porque acabaram com a sombra.”
MARA OLIVEIRA Técnica em Enfermagem
(Foto: Débora Kist/Folha do Mate)

A polêmica em torno do assunto, aliás, não é de agora, já que as árvores em questão são apontadas como as principais culpadas por estragos no passeio público e mesmo na estrutura de prédios. Por isso, em substituição às tipuanas, serão plantadas quaresmeiras. “Por uma indicação da Secretaria de Meio Ambiente serão plantadas quaresmeiras, que são mais adequadas para o espaço, assim como já tem do outro lado”, explicou o secretário de Planejamento e Urbanismo, Gustavo Von Helden.

O secretário destacou que as obras buscam beneficiar toda a população. “Do jeito que estava, essa é uma obra necessária e urgente. O trecho está muito danificado e, com certeza, haverá melhora. Impactará positivamente para o comércio, terá mais vagas de estacionamento, mais segurança para caminhar no passeio público e vai alinhar a via. Vamos espelhar ao máximo o que foi feito do lado esquerdo, buscando uma harmonização.”

Necessário

Para o empresário Luis Carlos Stein, proprietário da Katucha, a sequência das reformas são necessárias. “Vai ficar mais bonito, mais seguro para caminhar, mais organizado. Vão corrigir o traçado da rua que está torto e terá nova arborização.”

“A reforma será boa para toda população, porque o Centro vai ficar mais bonito, mais organizado, mais seguro para os pedestres nas calçadas e com uma arborização adequada. Essa obra era necessária.”
LUIS CARLOS STEIN
Empresário
(Foto: Débora Kist/Folha do Mate)

Stein comanda a loja iniciada em 1993 pela tia, Liria, e pela mãe, Noilli. Ou seja, quando a Katucha iniciou as atividades, o Calçadão ainda não existia. “Da mesma forma como foi em 94 que se pensou um projeto para ampliar os espaços, adequado para a época, agora uma reforma precisa se adequar às novas necessidades. Todo mundo gosta de natureza, mas com plantas e árvores adequadas e as tipuanas danificaram muita coisa nos últimos anos.”

Quem também citou os prejuízos estruturais das antigas árvores foi o comerciante Junior Vian, cuja família é proprietária da sorveteria Kaskita, situada no mesmo endereço há 26 anos. “Desde que reformou do lado esquerdo, já melhorou muito o movimento para os lojistas. Mas na verdade vai melhorar para todo mundo. O Centro vai ficar mais aconchegante, mais atrativo, mais bonito e com árvores plantadas com planejamento.”

Obras devem levar seis meses

Os recursos para iniciar as obras foram liberados dia 30 de junho, no último prazo permitido pela legislação eleitoral. São R$ 507,8 mil e a maior parte (R$ 486 mil) são de emenda do deputado federal Marcelo Moraes (PL).

A empresa venâncio-airense Invicta Construtora venceu a licitação e terá seis meses para finalizar os trabalhos. O contrato prevê substituição da calçada, troca de mobiliário, nova iluminação, rampas de acesso para pedestres, alargamento da rua com asfalto e embelezamento com jardinagem.

A sequência de obras no Calçadão é mais uma etapa que busca concluir o projeto de reformulação total da Praça Coronel Thomaz Pereira, a Praça da Matriz. Mas, para isso, o caminho não é tão simples e ainda falta o principal: dinheiro. Segundo o secretário de Planejamento e Urbanismo, Gustavo Von Helden, já existe um projeto, mas o recurso precisa ser buscado para garantir a revitalização da praça por completo, com nova iluminação, novas plantas e calçadas internas. Vale lembrar que o chafariz já foi reformado e as obras de melhorias na Praça da Matriz começaram ainda no governo Giovane Wickert, com a construção de novos banheiros.

Projeto prevê uma faixa de segurança elevada na Travessa São Sebastião Mártir (Foto: Divulgação)

34 – será o número de vagas de estacionamento disponibilizadas em ambos os lados após o término da obra.

Relembre

O Largo do Chimarrão, ou Calçadão como o venâncio-airense se habituou a chamar, foi projetado em 1994 pela arquiteta e urbanista, Sandra Sperb. Na época, do então governo Almedo Dettenborn, além de ampliar a área de bares e lojas, como uma extensão da Praça da Matriz, a sugestão era que se mantivesse o paralelepípedo de granito como uma forma de preservação histórica.

Em junho de 2019, um encontro na Prefeitura solicitado por comerciantes da região, pediu apoio do Executivo para reformar o trecho e ‘recuperar o prestígio que o Calçadão tinha anos atrás’. Os argumentos passavam pela falta de iluminação, lajes soltas, poucas vagas de estacionamento e queda no movimento do comércio. Assim, a primeira confirmação oficial foi que, com o recuo na calçada, o trecho voltaria a comportar a passagem de dois veículos.

A reforma do lado esquerdo foi iniciada em julho de 2020 e a maior parte do custo saiu do bolso dos proprietários de imóveis – R$ 134.116,85. À Prefeitura, coube bancar a mão de obra, assim como o capeamento do trecho (até então o único da Osvaldo Aranha que ainda não tinha asfalto), no fim de 2020. O recurso para isso foi possível após um aditamento no contrato de 2018 que já existia com a Conpasul e que resultou no recapeamento de ruas centrais.

Foto: Alvaro Pegoraro/Folha do Mate

O busto do jornalista Venâncio de Oliveira Aires (1841-1885), que dá nome ao município, foi retirado da esquina das ruas Osvaldo Aranha e General Osório. Conforme a Prefeitura, ele ficará guardado para recolocação posterior à obra.



Débora Kist

Débora Kist

Formada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) em 2013. Trabalhou como produtora executiva e jornalista na Rádio Terra FM entre 2008 e 2017. Jornalista no jornal Folha do Mate desde 2018 e atualmente também integra a equipe do programa jornalístico Terra em Uma Hora, veiculado de segunda a sexta, das 12h às 13h, na Terra FM.

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