A rotina de Rosana Stange, 48 anos, é dividida entre cultivar alimentos orgânicos e pintar telas, profissões que a fazem feliz. Desde a infância, a venâncio-airense, que reside há 14 anos em Mato Leitão, gosta das duas áreas.
Quando criança, os pais e avós, já plantavam, época que Rosana aprendeu os primeiro passos na roça. “Acredito que eles já praticavam a agricultura orgânica, porém não era conhecida.” O ideal de querer continuar com essa cultura esteve sempre com ela. “É importante que os jovens não saiam do interior, pois temos que produzir alimentos mais saudáveis e isso eu sempre tive em mente”, reforça a moradora de Linha Boa Esperança Alta.
Junto com o marido, Antônio José Oss e o filho Luiz Gustavo Lincke, ela começou a plantar para o sustento da família, mas, aos poucos, as pessoas começaram a pedir e eles precisaram aumentar a produção. “Levei um pouco para umas conhecidas, elas pediram mais e assim foi crescendo.” Em 2018, a família conseguiu o certificado de produção orgânica. “Toda semana, montamos a cesta com os produtos da ápoca e entregamos as encomendas”, conta sobre a rotina.
Para a produtora, que também é consumidora de orgânicos, o gosto do alimento sem veneno e com uma terra preparada é muito melhor. “Depois que começa a usar esses alimentos não tem como ir no mercado e pegar um fruta que nem sabemos de onde veio e como foi produzida, até porque dá para perceber a diferença de gosto”, salienta.
Pintura
O gosto pela arte Rosana herdou da mãe, que estudou em escola de freira e “tinha um dom artístico.” A pintora lembra que na infância vivia desenhando, mas a mãe sempre dava dicas de como melhorar. “Ela não elogiava. Olhava e dizia: ‘aqui precisa ter mais luz ou sombra’ e, assim, ela faz até hoje se preciso”, recorda.
Mesmo trabalhando na agricultura, a arte sempre esteve presente na sua vida, porém, aos poucos, virou um trabalho. “Dei aulas de pintura em uma escola de Venâncio, depois uma aluna pediu para a gente tentar pintar telas, comecei e deu certo”, conta Rosana.
A comercialização das telas começaram sem ela divulgar, mas, com o tempo, começou a produzir para esse fim. “Lembro da primeira tela que vendi, acho que a minha amiga comprou para me incentivar, mas foi um sentimento maravilhoso, porque cada tela que faço é única, tenho vontade de ficar com todas.”
Nesses anos dedicados à pintura, as obras de Rosana já foram enviadas para diversos estados do Brasil, além de terem sido exportadas. “Tinha uma época que os chineses vinham negociar fumo e compravam várias telas, acredito até que ele revendiam”, comenta ela, que também já vendeu para México, Índia, Estados Unidos, África e outros locais.
Orgânico
Para produzir os alimentos orgânicos, a família não usa máquinas pesadas, cuida o solo sem usar agrotóxicos, mas usa, se necessário, caldas bioativas, para tornar o solo saudável. Além disso, a maioria das sementes são crioulas – com origem dos próprios alimentos produzidos.
Pintura: um trabalho e uma terapia
Atualmente, Rosana tem um atelier em Venâncio Aires. “Fiz cursos e aos poucos aprimorei os conhecimentos.” Mas, mesmo assim, para ela, cada tela é um desafio. “Sempre que vou fazer algo diferente, tenho que passar algo bom pela tela, pois quem comprar vai ver todos os dias e precisa se sentir bem com essa pintura. Por isso, me concentro para fazer um objeto de alegria”, diz.
Para ela, pintar é um momento especial, que traz paz. “No início, precisava estar em silêncio para produzir. Hoje posso estar dando aula, com mais pessoas e rádio ligado, que no momento que vou fazer me abstraio do mundo, viajo no meu tempo, é uma terapia para mim”, afirma.